A Renault entrou em 2020 como uma das equipes que, mesmo com um novo regulamento batendo à porta, fazia grandes investimentos para melhorar o desempenho. Afinal de contas, a equipe é sempre tida como aquela de quem muito se espera e pouco se cumpre. Não à toa, Daniel Ricciardo, trazido a peso de ouro, optou por não renovar seu contrato e anunciou antes mesmo do início da temporada que se transferiria para a McLaren.
A pressão interna também era grande. Os resultados de vendas não eram tão positivos e os questionamentos sobre o programa F1 aumentavam. Cada vez que alguma coisa acontecia, as câmeras buscavam nos boxes o rosto de Jerome Stoll, presidente da Renault Sport, que cada vez mais fechava a cara….
Mesmo com tudo isso, mais um voto de confiança foi dado e a construção da “nova” Renault prosseguia. O R.S 20 foi concebido sob a batuta de Nick Chester, prata da casa. Mas sua saída foi anunciada no GP dos EUA do ano anterior, quando confirmou que Pat Fry, ex-McLaren e Mercedes, viria para seu lugar. O carro teve pouco de seu antecessor e foi mais um a beber na fonte da Mercedes, com um bico alto e fino e chamou a atenção a grande abertura de ar para alimentar o novo motor Renault.
Nos testes, os pilotos ficaram satisfeitos com a evolução obtida. Ricciardo, mesmo de saída marcada, se animou com o desempenho na pré-temporada e colocava a possibilidade de ser o “melhor do resto”. Tanto que até motivou uma aposta com o chefe da equipe, Cyril Abiteboul, que, caso chegasse ao pódio, o “patrão” teria que fazer uma tatuagem.
Esteban Ocon fazia seu retorno como titular após um ano como “regra três” na Mercedes. A inatividade cobrou seu preço. Embora bem fisicamente, o francês sofreu no início com a falta de ritmo. Tanto que Ricciardo acabou sendo o “comandante do time”, mas as performances se equilibraram ao longo do ano.
A boa forma do R.S 20 se confirmou, embora tenha demorado a destravar o potencial. Os pilotos tinham problemas especialmente em curvas de média velocidade. Mas um novo acerto e peças trazidas na Inglaterra, ajudaram a colocar o carro mais à frente. O motor, inteiramente refeito para esta temporada, facilitou o trabalho. Só que a melhoria veio mais em algumas provas, com Ricciardo obtendo um 4º lugar e a volta mais rápida da prova.
A partir daí, com algumas boas apostas em estratégia, baseadas no bom consumo de pneus, os carros passaram a disputar o posto de “melhor do resto”. E o pódio de Ricciardo veio no GP de Eiffel, com o australiano marcando o 3º lugar. Para desespero de Abiteboul, que teria que cumprir a aposta da tatuagem…A Renault ainda voltaria ao pódio mais duas vezes: uma com Ricciardo (3º no GP da Emilia Romagna) e outra com Ocon (2º lugar no GP de Sakhir).
A consistência demorou a vir, mas permitiu à equipe vir à briga para o posto de “melhor do resto”. Até ajudou a fazer esquecer a cisma que se criou no início do ano com a insistência junto aos comissários da legalidade dos dutos de freio da Racing Point. No final, sua reclamação foi parcialmente atendida, mas não foi o suficiente para mudar o status da situação.
No fim, acabou sendo uma campanha positiva e dá esperança para o futuro. Para 2021, a equipe muda de nome, graças à reestruturação do grupo Renault e assume a identidade de Alpine, com o futuro aparentemente garantido. E para o lugar de Ricciardo, a aposta em um velho conhecido: Fernando Alonso. O foco mais uma vez é ser “melhor do resto” para pensar em voos mais altos com o novo regulamento em 2022.
RENAULT DP WORLD F1 TEAM
Carro : R.S. 20Motor Renault E-Tech 20
Pilotos : Daniel Ricciardo (3) / Esteban Ocon (31)
Posição dos Construtores : 5º lugar (181 pontos)
Diretor Técnico : Nick Chester / Pat Fry
Chefe de Equipe : Cyril Abiteboul