Como uma temporada sem pontos pode ser encarada como positiva? Este é o caso da Williams em 2020. Desde o seu “início” em 1977, esta foi a primeira vez em que o time não marcou pontos no campeonato. Mas ao acompanhar esta jornada, os sinais de otimismo são para ser levados em conta sim.
2019 foi um ano terrível. O FW42 demorou a ficar pronto e a equipe mal pode testar em Barcelona. Posteriormente, foi visto que o carro tinha um problema grave de projeto. Paddy Lowe veio como o portador de boas novas, mas foi chutado no início da temporada.
Claire Williams, como a comandante do barco, se lançou em uma jornada de tentar salvar aquela que era a realização de seu pai, Frank, e uma das principais equipes da F1. Para tanto, chamou Patrick Head para ajudar como uma espécie de interventor na área técnica. E mapear o que poderia ser feito para tornar a Williams minimamente competitiva.
Muita coisa foi revista internamente. E focando no novo regulamento, a opção foi tratar de reorganizar as estruturas internas. 2020 seria um ano de reconstrução. A Williams trouxe profissionais da Renault e da Red Bull para se juntar a Doug McKenzie e trabalhar no FW43. Para otimizar o trabalho, o time técnico decidiu aproveitar o FW42 e trabalhar em seus pontos fracos.
Para o lado organizacional, foi contratado Simon Roberts, ex-McLaren, que veio com a responsabilidade de rever a parte de pista e se reportar diretamente à Diretoria. Não era um “interventor”, mas a intenção era liberar Clarie para reforçar o restante. Para bancar esta reestruturação, foi decidida a venda do controle da divisão de Engenharia, que representava quase 25% do faturamento do grupo e vinha crescendo à olhos vistos nos últimos anos.
Outro movimento neste sentido foi a confirmação de Nicholas Latifi como companheiro de George Russell. O canadense foi piloto de testes do time em 2019 e campeão da F2. Seu pai, Michael Latifi, um empresário do ramo alimentício, ajudou a trazer reforço para o caixa não só através das empresas da família, mas de outros grupos locais.
Mas não foi só por aí. Além de ser dono de 10% do Grupo McLaren, Michael Latifi fez um empréstimo à equipe e obteve parte das instalações da Wiliiams em Grove como garantia. Este acordo foi estimado em US$ 50 milhões de dólares. Outro reforço de caixa era esperado da ampliação do acordo com o grupo Rok, que traria, além da operadora de celulares RokIT, algumas marcas de bebidas (ABK Beer e a marca de tequila Bandero).
Quando foi apresentado em Barcelona, o FW43 era uma versão arrumada de seu antecessor. Embora ainda soasse mais bojudo do que os demais, os detalhes pareciam mais resolvidos. E chamou a atenção o trabalho feito nas laterais, mas estreitas e afiladas. Mais espanto ainda se deu quando Russell e Latifi conseguiram andar sem muitos problemas desde o início e fazendo tempos competitivos.
Logo após os treinos, a Williams anunciou o fim do acordo com a Rok, que havia sido prorrogado até 2023. Se diz que a empresa ainda devia valores do ano anterior e não tinha como cumprir o acertado. Sai o vermelho da RoKIT e o FW43 assume a cor branca com detalhes em azul, com a Sofina (empresa de Latifi) tomando papel mais pronunciado.
A vinda da COVID-19 forçou a segurar parte do desenvolvimento que era previsto e reforçar a buscar por novos parceiros. Neste momento, Claire lançou uma possibilidade que soou preocupante: a família poderia abrir mão do controle do time se isso significasse a continuidade das atividades.
Com o início da temporada efetivamente na Áustria, ficou claro que as atenções ficariam com George Russell. O jovem inglês, partindo para a sua segunda temporada na equipe, teve chance de mostrar o que seria realmente capaz de fazer. Com um carro minimamente competitivo, Russell conseguiu colocar o carro no Q2 e chegou a sonhar com um Q3 em Nürburgring.
Algo que ajudava era a potência do motor Mercedes. Mesmo com o fim do “modo festa” a partir da Itália, Russell conseguiu, pelo menos em treinos, colocar em condições de brigar com a Haas e a Alfa Romeo.
Embora reconheça o FW43 como um passo à frente, bem melhor resolvido especialmente por baixo da carroceria, a equipe reconhecia que ainda faltava trabalhar na geração de mais pressão aerodinâmica e reduzir peso. Estes aspectos acabavam pesando na hora da corrida, onde os carros acabavam não repetindo o bom desempenho dos treinos. Ao longo do ano, algumas atualizações foram colocadas, especialmente na parte dianteira e nas bargeboards. O carro ficou mais consistente, mas novos desenvolvimentos eram restritos pela falta de recursos.
Os resultados de dentro da pista também refletiam o trabalho desenvolvido por Simon Roberts nos boxes e na fábrica. Junto com Steve Nielsen (outro ex-McLaren), muita coisa foi revisada e começou a trabalhar melhor. Com os bons resultados de Russell, o moral aumentou. Não são poucos que dizem que a Williams evoluiu mais onde teria que se prestar mais atenção.
Em agosto, o terremoto veio: logo após o anúncio da adesão da Williams ao novo Acordo de Concórdia, foi anunciada a venda da equipe para o grupo de investimentos americanos Dorilton Capital. Com isso, a família Williams se retiraria do comando do time e da Fórmula 1.
Os novos donos, uma empresa com histórico de recuperar e/ou investir firmas de médio porte, se preocuparam em dizer que o objetivo era manter o nome do time e recolocar em condições de ser vencedor novamente. O negócio ficou na casa de 150 milhões de euros, já contando o pagamento de dívidas.
A entrada da Dorilton permitiu um pouco mais de recursos para a equipe terminar o ano e uma tranquilidade para a continuidade das atividades. A marcação de pontos seria o fecho para esta série de ações positivas. E a possibilidade esteve perto em San Marino, quando George Russell estava em 8º lugar, mas perdeu o controle sozinho e bateu.
Latifi mostrou ser um piloto que fugia de confusões e procurou ao máximo andar próximo de seu companheiro. Tentou, mas não conseguiu (perdeu todas as disputas com Russell). Mas procurou aprender para tentar fazer um 2021 melhor e mostrar que não está na F1 somente pela carteira cheia.
As expectativas para 2021 são melhores: Simon Roberts foi oficializado como chefe de equipe e Jost Capito, alemão com passagem por Sauber, Ford Motorsport, Jordan, VW e McLaren, foi nomeado CEO da equipe. O FW43 deverá receber mais modificações, incluindo aquelas que não foram usadas este ano. O objetivo é voltar aos pontos.
O mundo da F1 espera que 2020 tenha sido o ano que a Williams tenha iniciado seu caminho de saída das profundezas do final do grid.
Williams Grand Prix Engineering
Carro: FW43
Motor: Mercedes M11 EQ Performance 1.6 L
Pilotos: Nicholas Latifi (6) / George Russell (63) / Jack Aitken (89)
Posição nos Construtores: 10ª ( 0 pontos )
Chefe de Equipe: Claire Williams / Simon Roberts
Diretor Técnico: Doug McKiernan
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