Categoria: F1
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8 de setembro de 2020 10:43

‘Ressaca de fim de festa’ na Fórmula 1

Quando a FIA anunciou que iria interferir nos modos de funcionamento de motor a partir do GP da Itália, alguns se animaram, achando que a dominância da Mercedes poderia reduzir. Afinal, segundo alguns dados, a diferença dos motores em ritmo de classificação oscilava entre 25 a 60 cavalos. Vimos Helmut Marko e Mattia Binotto até mesmo esfregando as mãos esperando uma maior competitividade…

A FIA atuou nos mapeamentos. Que nada mais são do que as programações eletrônicas feitas pelos fabricantes para diversos momentos da prova. E o que isso quer dizer? Se você tem uma mistura mais “rica” (mais ar e mais combustível), o motor gera mais potência. Ou também pode ter que entrar em um modo mais de economia de combustível ou do próprio motor (não nos esqueçamos que o fluxo de combustível é controlado), adota-se uma mistura mais “pobre” (menos ar e menos combustível).

O piloto, com o apoio dos engenheiros, acaba fazendo o controle destes modos de mapeamento no volante do carro ao longo do desenvolvimento do andamento dos trabalhos na pista. E o “modo festa” acaba sendo aquele usado por um momento específico a mistura mais “rica” de ar/combustível, libera um pouco mais o limite de funcionamento do motor (o limite é 15.000 RPM, mas as equipes usam normalmente 12/12.500 RPM. O “modo festa” vai um pouco além disso e ainda a dosagem dos 160cv que o sistema de recuperação de energia pode gerar por 32 segundos. Neste momento é que as Unidades de Potência podem até ultrapassar aos 1000 cavalos.

Mas esta ação era a “crônica de uma morte anunciada”. Em uma ação digna de “jogar para a galera” a FIA decidiu que os times teriam que usar o mesmo tipo de modo de motor para treinos e corrida. A intenção seria reduzir os modos extremos e deixar a situação mais “clara”, mais “real”.

Como havia declarado o responsável pelos motores da Renault, Remi Taffin, os fabricantes teriam modos de lidar com o problema, mas o foco seria trabalhar na corrida. Fazer algum acerto visando a classificação poderia ser fatal.

Só que como se esperava, o tiro saiu pela culatra. A reação instintiva da FIA acabou criando um monstro: no intuito de nivelar, acabou criando uma corrida sem muita movimentação. Ainda mais piorado pelo fato da aerodinâmica atual não ajudar os carros a andarem juntos (já foi pior, mas os engenheiros buscam sempre novas formas). Junte isso a um DRS que não fazia tanta diferença por conta da configuração dos aerofólios para alta velocidade….se não fossem os carros de segurança, teríamos uma procissão em Monza.

Alguns dirão até com certa razão que não dá para considerar Monza como parâmetro. Mugello dará o verdadeiro veredicto da situação. Embora seja uma pista nova e até interessante de se pilotar, não tem tantos pontos de ultrapassagem. Mas os itens de diferenciação de desempenho continuarão ali travados. O risco de procissão é grande…

Esta é a ressaca do fim do modo festa. Agora, as fabricantes darão um jeito de fazer motores novos (a parte de combustão, turbo e de recuperação podem ser atualizados para o próximo ano) , acarretando aumento de gastos e a competitividade poderá sofrer distorções maiores ainda. É o preço que se paga por ações açodadas, embora bem intencionadas. Afinal, o regulamento dá à FIA esta prerrogativa para tentar eliminar diferenças grandes entre as unidades…

 

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