Tricampeão mundial, Nelson Piquet comemora 65 anos

Um pequeno resumo da carreira vitoriosa de um dos maiores pilotos de todos os tempos, o tricampeão mundial de F1 Nelson Piquet

Nascido no Rio de Janeiro em 1952, Nelson Piquet Souto Maior, viveu sua infância na recém-inaugurada “capital federal” Brasília. Filho de Estácio Gonçalves Souto Maior, médico e ministro da saúde no governo de “Jango” e de Clotilde Piquet.

Seu pai não aprovava sua carreira no automobilismo, e gostaria que o filho se dedicasse ao tênis, o presenteando inclusive com uma bolsa em Atlanta, EUA. Nelson era considerado um bom tenista, mas não achava o esporte com o nível de adrenalina suficiente para dedicar sua carreira.

Nelson então adotou seu nome de solteiro, “Piket”, na tentativa de manter o anonimato dentro do esporte. Mesmo trocando o tênis pelos motores, o gosto pelo esporte o fez adotar em seu capacete como uma forma de “bola de tênis estilizada”.

Piquet começou sua carreira no kart em 1966, com 14 anos e em 1971 e 1972 foi campeão brasileiro. Em 1976, consagrou-se campeão da Fórmula Vê para no ano seguinte seguir sua carreira na Europa seguindo os caminhos de Emerson Fittipaldi.

Em 1978 sagrou-se campeão da Fórmula 3 Inglesa, quebrando o recorde de vitórias na temporada, até então de Jackie Stewart. Ainda neste ano testou na Fórmula 1 pela primeira vez a bordo de uma McLaren M23  oferecido por Bob Sparshot, da BS Fabrications. Na mesma temporada fez sua estreia oficial em um Grande Prêmio, em Hockenhein na Alemanha, com um carro alugado pela Ensign. E ainda disputaria mais 3 GPs com a McLaren da BS Fabrications.

Apesar dos abandonos e como melhor resultado um nono lugar na Itália – corrida em que morreu o piloto sueco Ronnie Peterson – o brasileiro já era visto como uma promessa, com seu chefe de equipe da BS Fabrications, David Simms profetizando: “Aposto meu dinheiro com quem quiser, que Nelson Piquet será campeão mundial em três anos”. No GP do Canadá de 1978, ele já fazia sua estreia com um terceiro carro da Brabham comandada por Bernie Ecclestone.

Em 1979, Piquet foi confirmado como segundo piloto na Brabham, chefiada por Bernie Ecclestone e com Gordon Murray como projetista, ao lado do já bicampeão Niki Lauda, que abandonaria a Fórmula 1 temporariamente antes do fim da temporada.

Piquet sempre atribuiu a Lauda seu aprendizado sobre negociações de contratos e tratamento com engenheiros e mecânicos da equipe. No seu ano “oficial” como piloto efetivo da F1, Pique não teve muita sorte com 11 abandonos em 15 corridas, marcando apenas 3 pontos – os primeiros da carreira – com um 4o. lugar no GP da Holanda.

Já em 1980, Piquet foi o segundo colocado na Argentina e conquistou sua primeira vitória nos EUA, em um circuito pelas ruas de Long Beach. Com mais duas vitórias no ano, Holanda e Itália, Piquet disputou diretamente o título com o australiano Alan Jones da Williams, até a penúltima prova no Canadá. Porém Piquet e Jones colidiram durante a largada e o brasileiro foi obrigado a abandonar com uma quebra de motor.

Seu primeiro título mundial viria no ano seguinte, 1981. Após uma briga acirrada com o argentino Carlos Reutemann da Williams. O campeonato foi decidido na última etapa no GP de Las Vegas, com Piquet terminando na quinta colocação e marcando dois pontos, enquanto Reutemann não pontuou na 8a. posição. O brasileiro venceu o campeonato por apenas um ponto de diferença – 50 Piquet contra 49 de Reutemann.

O outro título pela Brabham viria em 1983, contra o esquadrão francês formado por Alain Prost (Renault), René Arnoux (Renault) e Patrick Tambay (Ferrari).

Transferiu-se para a Williams em 1986, conseguindo seu terceiro título pela equipe inglesa. Ano marcado pelo acidente de Frank Williams, que o deixaria para sempre em uma cadeira de rodas. Alguns problemas com o carro e erros de estratégia fizeram a dupla da Williams formada por Piquet e Migel Mansell perderem o título para Prost. Foi neste ano também a histórica ultrapassagem de Piquet sobre Ayrton Senna, durante a primeira edição do GP da Hungria, considerada por muitos como a “mais bela ultrapassagem de todos os tempos”. Por fora, Piquet ultrapassou Senna no fim da reta dos boxes, arrancando elogios como o de Stewart: “É como dar um looping com um Boeing 747”.

Em 1987 a Williams dominou o ano e Piquet conquistou seu terceiro campeonato mundial. Logo no início do ano, o brasileiro sofreu um grave acidente em Ímola na mesma curva “Tamburello” que depois se tornaria famosa pela morte de Ayrton Senna. “Depois desse acidente minha visão nunca mais foi a mesma, e eu perdi uma parte da noção de profundidade”, declarou Piquet anos depois.

Piquet e Mansell disputaram o título da temporada corrida a corrida. Na penúltima corrida, no Japão, a vantagem do brasileiro era de 12 pontos. Nos treinos oficiais de sexta-feira, em Suzuka, Mansell sob pressão tendo que superar seu companheiro de equipe a qualquer custo, sofre um grave acidente, apesar de não causar ferimentos sérios, deixou-o sem condições de participar da prova, com Piquet sagrando-se campeão por antecipação.

Com os constantes desentendimentos com Mansell na Williams, Piquet se transfere para a Lotus em 1988 onde permanece por duas temporadas antes de ir para Benetton em 1990. Sua última vitória na Fórmula 1 aconteceria em 1991, durante o Grande Prêmio do Canadá.

Insatisfeito com a perspectiva da equipe para 1992, já que o motor Ford Cosworth não era potente o suficiente, Piquet resolve se aposentar com 39 anos de idade e 204 Gps.

O maior susto da carreira de Piquet aconteceria ainda em 1992, depois de negociações frustradas sob um possível retorno para a F1 a bordo de uma Ferrari, Piquet foi correr as 500 Milhas de Indianápolis da IndyCar, com um Lola-Buick da Mernards. Ele rapidamente se destacou como um dos mais rápidos entre os estreantes. Mas, em um dos treinos, um furo no pneu jogou o carro na mureta da Curva 4 a todo velocidade. Além de traumatismo craniano, e lesão torácica, Piquet sofreu fraturas múltiplas nas pernas e pés. Apesar disso, Piquet voltou para Indianápolis em 1993, pela mesma equipe, mas foi obrigado a abandonar com problemas de motor.