O cenário para o final das férias da F1 não poderia ser mais curioso: o circuito de Zandvoort, que fica na beira-mar em uma cidade conhecida por receber milhares de turistas no verão. Mas hoje não foi dia de praia na Holanda: no chamado “media day”, deu para perceber que os pilotos estavam já com saudades da categoria – nem tanto pelas longas entrevistas que encaram normalmente na quinta-feira, mas sim para poder acelerar novamente na fase final da temporada 2024.
E mesmo que os pilotos estivessem de folga, a praia não seria boa opção: a temperatura caiu e fortes ventos marcaram o primeiro dia da F1 em Zandvoort. Mesmo sem atividades de pista, as rajadas assustaram, ao ultrapassar os 70 km/h. Isso pode ser uma preocupação extra para pilotos e equipes, sobretudo se as condições se mantiverem para amanhã, como indica a previsão do tempo.
“Se continuar a ventar forte desta forma na sexta-feira, acredito que será um dia de pouco treino para os pilotos e equipes”, explicou Charles Leclerc em entrevista concedida no motorhome da Ferrari para os jornalistas em Zandvoort, o F1MANIA.NET está presente cobrindo o GP da Holanda de 2024.
O mais procurado na equipe italiana, no entanto, era Carlos Sainz, que foi logo questionado na primeira pergunta sobre sua ida para a Williams – como ela foi anunciada no intervalo sem corridas, foi a primeira vez que o espanhol pode dar mais detalhes sobre o assunto para a imprensa. “Vejo no time o mesmo potencial que vi na McLaren há alguns anos e vejam onde eles estão”, disse. Sobre o “downgrade” na carreira, em que potencialmente estará numa equipe longe da briga pela vitória, Sainz desconversou. “Em 8 das minhas 10 temporadas eu estive em um carro que não permitia lutar por um lugar no pódio. Eu me motivo em extrair do carro a melhor performance possível”, completou.
Quem também movimentou o mercado de especulações nesta quinta-feira na Holanda foi Fernando Alonso. Não especificamente sobre o seu destino e sim de seu “pupilo”, o jovem talento Gabriel Bortoleto. O brasileiro tem o espanhol como manager e desde então tem chamado a atenção das equipes de F1, após conquistar em 2023 o título da F3 logo em seu ano de estreia na categoria e agora brilhar na F2, também em seu primeiro ano, com pódios, vitórias e um resultado imponente na classificação até aqui (segundo colocado).
Perguntado pelo jornalista Thiago Fagnani, da TV Band, sobre as possibilidades de ter Bortoleto no grid da F1, Alonso não mediu palavras para destacar o potencial do jovem piloto.
“Gabriel tem um talento extraordinário e está pronto para grandes desafios e a F1 é certamente o próximo passo para ele, que está indo muito bem na F2. Mas é necessário ter o momento certo para chegar à F1. Você não pode chegar nem cedo demais, nem tarde demais, você tem que chegar na hora certa. E chegar na hora certa será o maior desafio que Gabriel terá. Mas claro que existem possibilidades, é um piloto que as equipes estão muito atentas a ele, os pilotos o respeitam, as equipes também o respeitam e perguntam sobre ele e não apenas a Audi, então espero que encontremos alguma opção”, disse Alonso.
O espanhol tem vasta experiência no paddock: afinal, são mais de 20 anos como piloto e profissional que frequenta todos os ambientes da categoria. Por isso, ao fugir de uma resposta “padrão”, ou apenas com uma mera formalidade, Alonso mostra que está trabalhando intensamente para emplacar seu jovem pupilo no grid. Afinal, o espanhol também quer mostrar que consegue bons negócios a seus agenciados mesmo estando na ativa – um problema maior do que se pode imaginar para quem gerencia uma agência de marketing esportivo. Afinal, se o próprio Alonso ainda está no grid da F1, ele tem que mostrar força o suficiente para arrumar esta “segunda vaga”. Ainda que, para um futuro próximo, ele saiba que o papel de manager passará a ter o foco central de sua vida.
A vantagem da Audi em ter Bortoleto é assegurar um piloto jovem, talentoso e que está em alta na F1 – hoje mesmo no paddock da F1 recebi algumas perguntas de jornalistas de outros países sobre Gabriel.
E mais do que isso: um piloto vindo da F2 está disposto a ter apenas garantido um ano de contrato, algo que nomes mais experientes certamente recusariam. Essa também é a situação de outra vaga em aberto no grid para 2025, a Alpine. Nela, Jack Doohan aparece como favorito, mas sabendo da volta de Flavio Briatore ao comando da equipe francesa, tudo é possível – Briatore foi quem colocou Alonso na F1.
Embora ainda não tenha sido anunciado, Andrea Kimi Antonelli deve mesmo ser o piloto da Mercedes para 2025, o que mostra também que Sainz estava de olho nesta decisão. Perguntado hoje sobre seu futuro companheiro de equipe, se seria Kimi, George Russell brincou: quem, Kimi Raikkonen? O italiano inclusive fará o treino livre 1 no GP da Itália na próxima semana. Já a Red Bull e Racing Bulls não tem pressa em anunciar, mas tudo indica que as movimentações serão entre seus próprios pilotos – talvez com Liam Lawson herdando a vaga na Racing Bulls.
Pelo visto, as especulações sobre as vagas finais do grid para 2025 vão continuar fortes – assim como o vento neste final de semana em Zandvoort.
O F1MANIA.NET acompanha o GP da Holanda ‘in loco’ com o jornalista Rodrigo França.