Coluna do Rafael Ligeiro: De Sauber ao vestibular

Por Rafael Ligeiro

Após um mês da etapa de encerramento da temporada 2004, em Interlagos, os carros de Fórmula-1 voltaram às pistas. Na semana passada, a FIA autorizou o início da fase de preparação para o próximo campeonato. E, além dos primeiros quilômetros da estreante Red Bull, os desempenhos de Sauber e BAR chamaram a atenção durante as sessões de testes realizadas em Barcelona.

O bom rendimento da Sauber não chega a surpreender. Apesar da evolução da Bridgestone no campeonato deste ano, a Michelin continua com compostos superiores aos produzidos pela rival japonesa, lógica não estendida apenas à Ferrari. Por causa da estrutura gigantesca, o time de Maranello dispõe de um contrato quase exclusivo de parceria com a marca nipônica para o desenvolvimento dos pneus.

Durante os dias de competição na Espanha, ficou claro que os compostos da Michelin conseguiram boa adaptação ao modelo C23. Aliás, a tendência é que não seja diferente com o monoposto de 2005. A equipe que costumava observar as reações aerodinâmicas de seus novos carros em um túnel de vento da Aeronáutica suíça, construiu o seu no início de 2004. E já é considerado um dos melhores da F-1 atual, responsável inclusive pela forte evolução e um bom nível de competitividade na segunda metade do campeonato.

Além disso, Sauber também conta com o competente projetista Willy Rampf, e certamente apostará em um híbrido do C23. Com chassi e pneus bons, a escuderia, entretanto ainda tem de se atentar à questão dos motores.

A relação com a Ferrari continua abalada e a manutenção dos propulsores italianos – intitulados Petronas – nos bólidos suíços é incerta. Sauber até demonstra interesse em prosseguir com a parceria, mas se algo der errado é melhor que aconteça logo. Sendo assim, haverá bastante tempo para a equipe testar o motor de uma nova fabricante e adaptá-lo às suas preferências.

Discreto, porém eficiente

Ao contrário da Sauber, a BAR viveu dias aparentemente discretos durante os testes, em Barcelona. Atual vice-campeã de Construtores, a equipe colocou seus pilotos sempre em colocações modestas. Entretanto há uma explicação para essa aparente queda de produção. A equipe de Brackley utilizou o modelo 006, de 2004, porém com diversas alterações aerodinâmicas no monoposto previstas para o regulamento do próximo ano. Além disso, vale ressaltar que o motor já é a versão 2005, adaptado à regulamentação da FIA que obriga o uso do mesmo propulsor durante dois GPs. Em outras palavras, houve uma queda na potência para atender a necessidade de maior durabilidade.

À espera do vestibular

Além de ter estreado na Fórmula-1, a Red Bull definiu apenas Christian Klien como piloto para 2005. Para a segunda vaga fala-se em Vitantonio Liuzzi, Alexander Wurz e Nick Heidfeld. Aliás, Heidfeld é o predileto, apesar de estar próximo da Williams.

Concorrente de Antônio Pizzonia ao segundo posto na equipe de Frank Williams, em 2005, Nick será avaliado durante testes em Barcelona, antecipados para essa semana. Mesmo se não fechar acordo como titular, a BMW certamente exigirá a presença do piloto de 27 anos na equipe, como test driver. Caso não consiga sua boquinha por lá, o caminho é a Red Bull.

Com Wurz, a equipe teria dois pilotos da Áustria, terra natal da fabricante de bebidas energizantes. Seria legal no quesito publicidade, mas o 1,87m de altura do ex-piloto da Benetton exigiria mudanças no cockpit “padrão-jóquei” do RB01 e no posicionamento de lastros na busca do centro gravitacional “ideal” para o carro. Isso certamente será levado em conta.

Sem Heidfeld e – certamente – Wurz, o caminho estaria aberto para Liuzzi, responsável pelos testes da equipe na semana passada, piloto talentoso e pupilo da marca desde a estréia no Mundial de F-3000, no ano passado.

Papo Ligeiro

McNish na Audi – E o Campeonato Alemão de Turismo (DTM) continua ganhando nomes importantes para 2005. Depois de Mika Hakkinen acertar com a Mercedes, a Audi anunciou a contratação de Alan McNish. O escocês, de 35 anos, disputou 16 corridas na Fórmula-1 em 2002, pela Toyota. Além de ter sido responsável pelos testes do time japonês antes da entrada na categoria, em 2001, McNish tem no currículo o título do American Le Mans Series (2000), além de ter sido piloto de testes de Benetton. Ele será companheiro do atual campeão, Mathias Ekström.

Bela prova, bela categoria – Tive o prazer de receber o convite para comparecer na última etapa da temporada 2004 de nossa Stock Car V8, em Interlagos. Além da festa do público na arquibancada, a corrida foi uma das mais eletrizantes da categoria, repleta de ultrapassagens. No final, o primeiro lugar ficou merecidamente com Tiago Camilo. Aos 20 anos, o piloto se tornou o mais jovem vencedor na história do certame.

Nota 10 – Ao site Leia Livro (www.leialivro.com.br). Além de conteúdo de qualidade inquestionável, o veículo é uma nobre iniciativa da Secretária da Cultura do Estado de São Paulo, que busca incentivar pessoas ao hábito da leitura.

Parabéns também aos colegas Fernanda Fontes e Leandro Meireles, competentes e dedicados editores do Leia Livro.

Dois anos – O fato é antigo, mas não merece passar sem destaque. No último dia 18, completei dois anos como colunista de automobilismo. Até hoje, foram publicados 98 artigos em sete sites especializados, inclusive de países como Portugal e Argentina. Contanto, gostaria de agradecer a vocês. Mais que os cerca de 50 mil page views no período, fico extremamente contente de sempre ter recebido daqueles que realmente são a chave para todo e qualquer sucesso mensagens de apoio, elogios e criticas através do e-mail [email protected]. Valeu mesmo!