Por Leandro Kojima
A Fórmula GP2 começou a virar realidade no dia 23 de Fevereiro, quando começaram os primeiros testes da categoria no circuito de Paul Ricard, na França. E a categoria mostrou a que veio.
Pra começar, que beleza de carro, simplesmente enterrando as más lembranças do último carro de Fórmula 3000, o Lola B2/50, um carro feio, defasado, inguiável e problemático. E de quebra, é muito rápido. O melhor tempo do dia 24, de Ernesto Viso, da BCN, era apenas 10 segundos mais lento que os melhores tempos da Fórmula 1 em 2003, obtidos por Juan Pablo Montoya e David Coulthard, e isso com as equipes ainda apresentando problemas de acerto e nos componentes. Imagine quando os carros estiverem acertados, o que esses Dallara-Renault de 650 cv de potência não irão fazer.
Bom, agora analisemos as 12 equipes inscritas para a temporada 2005. A FIA procurou escolher equipes experientes, bem estruturadas e que já disputavam com competência outras categorias na Europa. A princípio, o resultado foi bom. As duas equipes que aparecem com força para 2005 são a Arden e a Coloni, que já eram duas das mais fortes da Fórmula 3000 em 2004. A Arden, com certeza, é a favorita. Maciçamente patrocinada pela Sonax e pela Red Bull (com seu dono, Christian Horner, inclusive trabalhando como diretor esportivo na Red Bull na Fórmula 1), a equipe investiu uma dinheirama em testes tanto com os Lola de Fórmula 3000 quanto com os Dallara da GP2. De quebra, deu-se ao luxo de fazer um vestibular para escolher o piloto sem levar em conta sua carteira. Acabou ficando com o “campeão dos campeões” Heikki Kovalainen e com o 3° colocado da F3 Européia e vencedor do GP de Macau de 2003, Nicolas Lapierre. Favoritíssima ao título.
A Coloni é outra que está investindo pesado. Pra começar, conseguiu o experiente argentino Sérgio Rinland, que já trabalhou em equipes como Sauber e Arrows, para consultor técnico. De quebra, terá o ex-piloto da Minardi Gianmaria Bruni como primeiro piloto. E ainda pode ter o ex-superstar da Fórmula 3000 e decepção na F1 Giorgio Pantano no segundo carro. Com todo esse investimento, é outra equipe que obrigatoriamente deve andar na frente.
Outra equipe que vem muito forte é a Hitech/Piquet. A equipe vem sendo comandada, com competência, por Felipe Vargas, que trabalha com Nelsinho Piquet desde 2001. A dupla formada por Nelsinho Piquet e Xandinho Negrão conseguiu, respectivamente, os títulos da F3 Inglesa e da F3 Sul-Americana em 2004. Com isso, a princípio, são os mais rápidos da pré-temporada, ao lado da Arden. Com isso, é outra candidata às vitórias.
As outras podem vir fortes, mas ainda não podem ser chamadas de favoritas ao título, a começar pela competente, mas instável BCN. Tudo bem que Enrique Scalabroni é um excelente chefe de equipe e tem um conhecimento técnico vasto e que Ernesto Viso é uma revelação, mas a estrutura da equipe é instável se comparada com as outras. Pode, sim, vencer, mas não deve ser regularmente. A DAMS, que já chegou a ser o bicho-papão da Fórmula 3000, vem para a GP2 com muita força. Só fica a dúvida se José-Maria Lopez aprendeu a domar seus instintos e a guiar com regularidade. Se aprendeu, pode dar trabalho. Fairuz Fauzy só está lá graças àquela palavra escrita no seu carro: Petronas.
Coitada da outrora grande Supernova. A equipe, que era dúvida para a categoria, vai participar, mas é a única que ainda não definiu a dupla, que deve ser Adam Carroll e Hayanari Shimoda. Ainda tem o ex-Jordan Ralph Firman atrás da vaga. A Durango vai arriscar: vai correr com o fraco e experiente Ferdinando Monfardini e o monegasco Clivio Piccione. Aposto mais em Piccione, embora seja mais inexperiente. A ART, de Nicolas Todt, vem com uma dupla temerosa: o 4° colocado na F3 Européia Nico Rosberg e o vencedor do GP de Macau de 2004 e vice da F3 Européia Alexandre Prémat.
O ex-piloto da Minardi Adrian Campos colocou em sua equipe Juan Cruz Álvares, campeão da WS Light em 2003, e Sérgio Hernandez. A David Price vem com o desconhecido Ryan Sharp e Oliver Pla, sem grandes ambições. A iSport vem com o mais novo furacão da Fórmula Renault européia Scott Speed, tendo ao lado o inexpressivo Can Artam, apenas para aumentar o orçamento da equipe. E finalmente, a Racing Engineering, muito bem financiada por empresas espanholas, traz o campeão da F3 Espanhola Borja Garcia, ao lado do protegido da Sauber e 3° colocado na Renault V6 Neel Jani e pode vir a surpreender.
Como se percebe, a categoria conseguiu um nível de pilotos e equipes que não se via na Fórmula 3000 há muito tempo. E combinados com o belíssimo carro, certeza absoluta de que a categoria vai ser emocionante e vai revelar muitos pilotos para as categorias top como nunca foi visto na história da Fórmula 3000.
Então, que venha a Fórmula GP2!