Coluna do Joly: O Sorriso Amarelo do Alemão

Por Luís Joly

O título de pilotos já foi decidido. Para a grande maioria, é uma temporada somente de restos. Duas corridas nada irão mudar na história da Fórmula 1, ou pelo menos, muito pouco.

Mas não foi o que aconteceu. Por enquanto, no GP do Japão, o primeiro após o confirmado título de Fernando Alonso no Brasil, conseguiu nos brindar com mais competições, acidentes, rodadas e surpresas até na última volta.

Claro, para os saudosistas como eu, jamais será igual, ver as imagens de antes e agora. A ultrapassagem de Raikkonen sobre Fisichella, por exemplo, não foi tudo isso. O italiano estava tão lento e, dentro do seu desespero, já entrou na histórica chicane de Suzuka mal, com uma tomada extremamente defensiva. Na retomada para a reta principal, não conseguiu nem pensar em segurar o finlandês. Mas tudo bem. Não vamos exagerar. Afinal, foi uma decisão nos metros finais – talvez não a mais emocionante de todas, mas foi.

O mais curioso da prova mesmo, foi o número de vezes em que Schumacher, o veterano, se deparou com Alonso e Raikkonen, justamente os novos pupilos que eram apenas adolescentes quando o alemão conquistava seu primeiro – e precoce – título. Aliás, não tão precoce assim, já que Alonso mostrou que ele consegue bater até esse recorde. É o piloto mais jovem a conquistar um título, tirando mais um brasileiro da lista de recordes – nosso inesquecível Emerson Fittipaldi.

Por mais de uma vez, Schumacher teve atrás dele Fernando Alonso, o atual campeão. A imagem do passado glorioso, e para alguns duvidoso, com o campeão do novo século, o metrosexual espanhol.

E Schumacher cedeu. Mais de uma vez. Não só para o campeão da Renault, mas também para o vice da McLaren.

Eu pagaria um bom dinheiro para saber como o hepta-campeão Schumacher de fato se sentiu durante as várias voltas em que era pressionado pelas novas estrelas da categoria. Isso me lembra a temporada de 1992, quando Ayrton Senna enfrentava uma situação muito parecida na McLaren. Sua equipe – e todas as outras – simplesmente não era párea para as eletronicamente perfeitas Williams de Mansell e Patrese. Naquela época, Senna cogitava correr de graça na equipe inglesa.

Schumacher não terá a mesma atitude. Claro, ele não tem a mesma ambição depois de sete títulos, por mais que diga o contrário. Mas que, pra ele, não deve ter sido fácil engolir em seco as ultrapassagens esmagadoras que levou de Fernando e Kimi, isso não deve ter sido. Preparem-se: o alemão vem mordendo em 2006.