Por Luís Joly
Um final cruel para os brasileiros, mas antológico para o esporte
Em época de Grande Prêmio de Fórmula 1 no Brasil, todo mundo vira especialista na categoria. Comentaristas aparecem às pencas na televisão, rádio e demais mídias para dar palpites sobre o duelo Massa Vs. Hamilton. O que mais ouvi até agora sobre a etapa de Interlagos é que foi uma das melhores corridas da história da Fórmula 1.
Um pouco de exagero, não? Tudo bem que, normalmente, as provas de Interlagos são mesmo especiais, muito devido à imprevisibilidade meteorológica e – antigamente – ao asfalto irregular. Mas justiça seja feita: o Grande Prêmio do Brasil deste ano estava monótono e cansativo. Até a chuva, que tanto já fez este ano na F-1, aprontar mais uma e dar provavelmente as últimas voltas mais emocionantes de um desfecho de campeonato desde 1986.
Para os brasileiros, o final foi dos mais cruéis possíveis. Torcedores, familiares de Massa, todos – eu incluso – acreditaram que, por um momento, o brasileiro subverteria toda a lógica das estatísticas e seria o campeão da temporada. Mas a alegria se foi tão rápida quanto veio, e passou do boxe vermelho para o prateado em menos de uma volta.
Seria egoísmo da nossa parte – e pátria – ficarmos de cara fechada com um final assim. Se perdemos um campeão, ganhamos um final digno de Hollywood. Nem um grupo com os melhores roteiristas conseguiria criar algo parecido com isso. Em anos anteriores, a chuva chegava a Interlagos para ajudar os brasileiros. E era justamente o que todos achavam que ia acontecer, de novo. Porém, fomos enganados e perdemos um título que parecia tão perto.
Ainda assim, ficam as lições – sempre elas – para a Ferrari e para o brasileiro.
A Fórmula 1 é um espaço onde erros não são admitidos. Basta relembrar o número de vezes que o carro vermelho de número 2 não chegou ao fim da prova. Massa rodou na Malásia, quebrou na Hungria a menos de duas voltas, saiu com a mangueira de combustível em Singapura, foi atrapalhado nos boxes em Mônaco. Se ele tivesse terminado em segundo, que seja, cada uma dessas provas, já seriam 24 pontos a mais.
Nem é preciso pensar muito para ver o quanto Felipe Massa evoluiu em 2008. Está em seu semblante, em suas declarações maduras, em sua resposta quando pressionado na pista. Ao longo do ano, deixou o companheiro de equipe, então campeão, para trás – tarefa que já é digna de reconhecimento – e assumiu, com responsabilidade, o papel de protagonista. É admirável, ainda, a postura do brasileiro ao fim da prova, evitando lágrimas e emoções desnecessárias.
E ele terá novas chances? Certamente, em 2009 será um dos postulantes ao título e começa o ano com muito mais visibilidade. Mas será um confronto todo novo, que deverá ter mais de um rival. A começar pelo próprio Räikkönen. Fernando Alonso também deve vir com uma Renault mais forte e equipes médias querem crescer. Além, é claro, do próprio Lewis, o mais novo campeão que correrá em busca do bi.
Vinte anos após a conquista do primeiro título de Ayrton Senna, seu seguidor mais famoso triunfa. Também cercado de desafetos, em uma corrida com chuva e pela McLaren. Ambos têm em comum, agora, muito mais do que somente as cores do capacete.
Que venha 2009. Eu já estou sentindo falta.
RETA OPOSTA
COULTHARD
Que vá o escocês, que fique a idéia. Achei espetacular a câmera instalada em seu capacete. Nos treinos, foi possível ver melhor. Pena que a despedida dele durou tão pouco – nas pistas, diga-se. Porque após Interlagos, ele fez uma festa de fechar a cidade.
A BRIGA DOS BRASUCAS
Piquet, Senna, Grassi e Barrichello. Quatro nomes, apenas dois cockpits. Eu acho que vai sobrar para o Rubinho e o Lucas. O segundo, porém, ainda tem chances como piloto de testes. Já para Barrichello, não vejo um lugar para ele na STR, muito menos na Honda, após ele fazer tantas críticas ao carro – “motivo de risadas”, disse hoje. Em 1991, Alain Prost comparou sua Ferrari a um caminhão e saiu no meio da temporada. Barrichello até que durou mais.
PARABÉNS A INTERLAGOS
A pista realmente está em ótimas condições. Melhores estruturas e arquibancadas e um comportamento exemplar da torcida – claro, exemplar ao nosso estilo. Foi emocionante ver a torcida gritando o nome do piloto após a conquista da pole. Pena que os arredores do circuito ainda sejam tão precários…
This website is unofficial and is not associated in any way with the Formula 1 companies. F1, FORMULA ONE, FORMULA 1, FIA FORMULA ONE WORLD CHAMPIONSHIP, GRAND PRIX and related marks are trade marks of Formula One Licensing B.V.