Coluna do Rafael Ligeiro: Férias, Montoya, Slicks e Minardi

É tradição. Basta os pilotos receberem a bandeira quadriculada da última prova do ano para a Fórmula 1 ganhar um verdadeiro clima de “cidade abandonada”. Ronco de motores, tão comunais durante a temporada, soam somente em esporádicos testes. É férias, pessoal. E até o hexacampeão Michael Schumacher reservou a sua com a cúpula ferrarista.

Sem dúvidas, esse é um momento difícil para jornalistas e “jornalistas” – grupo no qual encontra-se esse cidadão que vos fala e que nem MTB possuí ainda. Muitos, assim como a Fórmula 1, partem para o descanso. Já para quem continua ativo… Bem, é verdade que dessa semana não posso reclamar, pois “garimpei” dois assuntos para minha coluna – poderiam ser três, mas não vejo novidade alguma na oficialização do contrato entre Juan Pablo Montoya e a McLaren a partir de 2005. São a contratação de um piloto argelino pela Minardi e uma interessante declaração de Mark Webber.

O australiano da Jaguar garantiu que os carros de Fórmula 1 deveriam ser calçados com slicks. Puro desejo. No ano passado, a FIA já havia estudado essa proposta, entretanto, decidiu colocá-la na gaveta. Para a volta dos famosos pneus lisos seriam necessários mudanças em alguns componentes, como suspensão e amortecedor. Além do técnico, há também o fator segurança. Embora permitam maior aproximação inclusive nas curvas, esse composto não possuí aderência semelhante aos “riscados”.

Na última sexta-feira, a Minardi anunciou a contratação do argelino Nassim Sidi Said. De fato, essa foi uma atitude inteligente do time de Faenza. Não que Nassim seja um piloto fenomenal. Aliás, longe disso. A falta de tradição do país africano – que restringe-se a algumas corridas em sua capital, Tripoli, antes da criação da Fórmula 1 – é um indício forte de que Said não é lá essas coisas.

Para quem conhece a primaveras Paul Stodartt, não duvido que o argelino de 30 anos, no mínimo, correrá com o terceiro carro da Minardi durante os treinos livres para o Grande Prêmio de Bahrein. Aliás, esse é o intuito de Stodartt. Tentar movimentar um mercado pouco explorado pelo automobilismo, futuramente ter algum piloto de origem árabe que, consequentemente, traga patrocinadores de seu país. Os mais saudosistas certamente lembram-se que a Williams tornou-se uma equipe vencedora após uma poderosa injeção financeira da petrolífera árabe.

Realmente esse Stodartt é um sujeito esperto!