Gostaria de aproveitar esta oportunidade e desejar boas vindas à todos os leitores desta nova coluna do site F1Mania.net, que procurará manter o foco nas categorias estilo “IndyCars” do Automobilismo Internacional, no caso, a CART e IRL mais especificamente. Esta é a primeira coluna, que espero, seja o marco zero de muitas que poderão vir.
Primeiramente, começaremos falando sobre a Indy Racing League, a IRL. Nos últimos meses muitos assuntos sobre a IRL estiveram em pauta, como segurança na categoria (após o acidente de Kenny Bräck no Texas, e da morte de Tony Renna em um teste privado em Indianapolis), a aposentadoria precoce do agora mito Gil de Ferran. Também se falou sobre a possível ida da Newman-Haas para a IRL, e sobre o “inchamento” da IRL com a vinda das equipes da CART para a categoria de Tony George, caso a entidade sediada em Troy (Michigan) venha á falir neste final de ano.
Mas um bom início para os artigos sobre IRL e CART neste espaço seria falar sobre o futuro, o que a IRL nos aguarda em 2004, e nesse ponto há muias hipóteses á serem levantadas, principalmente sobre quais pilotos devem levar vantagem dentro de suas próprias equipes.
Uma situação que é muito comum na F-1 (é comum, principalmente, a mídia em geral enfocar muito isso em suas análises) são os duelos internos das equipes, entre os dois pilotos. Afinal, existe uma máxima na F-1 que diz: “Seu companheiro-de-equipe é o primeiro rival que você deve bater.”
E a frase, não deixa de ser verdadeira.
Na CART sempre existiu isso (quem não se lembra de 1993, onde Paul Tracy e Emerson Fittipaldi favoreceram Nigel Mansell, da Newman-Haas, pois os dois pilotos da Penske duelavam entre si, roubando pontos preciosos um do outro? Ou mesmo de 1999 onde Dario Franchitti deixou de ser campeão pois Paul Tracy não fazia jogo de equipe á favor do escocês?), e na IRL atual não deixa de ser diferente.
O time da IRL que tem a maior visibilidade e expressão, o Team Penske, é onde os duelos internos sempre são bastante emocionantes. Não se vê na equipe companheiros de equipe com o mesmo grau de rivalidade mesquinha vista na McLaren de 1988/89 entre Alain Prost e Ayrton Senna, porém se vê duelos bastante equilibrados, mas com um clima de respeito mútuo entre os pilotos. Nos últimos 4 anos, a dupla da equipe de Roger Penske (Gil de Ferran e Helio Castroneves) normalmente ganhavam um número parecido de corridas por ano, e também ficavam em posições muito próximas na classificação final. Há que jure que se Roger Penske previlegiasse qualquer um deles, em detrimento do outro, já teria assegurado dois títulos na IRL. Mas isso é outra história.
Com a aposentadoria de Gil de Ferran, a Penske contará com um novo piloto em sua equipe para 2004, e ele é Sam Hornish Jr, piloto norte-americano de 24 anos, nascido no estado de Ohio. Bicampeão da IRL (2001, 2002), maior vencedor das corridas organizadas pela entidade de Tony George.
O que esperar então da dupla Helio Castroneves e Sam Hornish Jr? Muito equilíbrio, característica típica da Penske, que é um grande exemplo para todo o automobilismo mundial (diferentemente da Ferrari e suas táticas no mínimo estranhas). Mas qual dos dois deve se sobrassair um pouquinho melhor, Helio ou Sam? No momento aposto em Hornish, pois quem vence dois títulos de IRL, e leva para a decisão de um título um carro equipado com um motor Chevrolet que passou toda a 1ª metade de 2003 competindo atrás de décimos lugares, certamente com uma equipe mais bem estruturada, poderá fazer mais ainda. Mas isso não significa que nosso Helinho deva ser menosprezado, pelo contrário, Helio e Hornish são jovens, agressivos, eficientes, raramente sofrem acidentes e acima de tudo, são muito velozes. Será interessante ver até que ponto Hornish começará á escrever história na IndyCar, do mesmo modo que em décadas passadas pilotos como A.J.Foyt, a família Andretti, a família Unser, Rick Mears, Bobby Rahal e Alessandro Zanardi fizeram. E até que ponto Helio Castroneves poderá ser páreo para este Hornish, já Bicampeão da categoria, enqüanto Helio mantém um tabu de nunca ter conquistado um título sequer no automobilismo. Apenas alguns vices-campeonatos (dois na F-3, um na Indy Lights e um na IRL). O duelo interno da Penske será a tônica de 2004.
Mas não apenas o tradicional e mítimo time de Roger Penske terá espetáculo garantido entre seus dois pilotos, a eficiente equipe de Chip Ganassi é outro caso semelhante, bem como a Newman-Haas (mesmo prosseguindo na CART ou sendo forçada á se juntar á IRL). A única exceção entre as equipes grandes da IRL é a Andretti-Green, e mais abaixo vocês entenderão o porquê.
A equipe campeã de 2003 com Scott Dixon, iria contar com os serviços de Tony Renna, mas infelizmente a morte chegou antes que fosse possível alguma análise de como este piloto da Flórida iria se sair. Eu mesmo considerava Renna a grande dúvida para 2004, não arriscando afirmar se ele andaria no mesmo ritmo de Dixon, ou um pouco abaixo, tal como Scheckter fez este ano.
Com a contratação do britânico Darren Manning para a Chip Ganassi, já consigo deduzir algo. Manning venceu o GP de Macau de 1999, e foi um dos melhores estreantes da CART em 2003 competindo pela equipe Walker. Na Chip Ganassi, acredito que ele poderá crescer como piloto, se firmar no circo, mas ainda aposto mais em Dixon, que já tem até mesmo convites da Toyota para testar um F-1, visando a temporada de 2005. E também, o neo-zelandês já me chamava a atenção ainda em 2001, quando ele era um mero estreante na CART, ali notei que existia um grande talento, quando resistiu á pressão de Kenny Brack nas últimas voltas das 225 Milhas de Nazareth daquele ano. Foi sua primeira vitória de IndyCars, ainda por uma equipe fraca, a Pac West, e seu 3º GP pela categoria. Um feito notável. Dixon não foi campeão por acaso, ele tem muito talento.
A equipe do ator Paul Newman ainda não tem certeza de qual categoria poderá competir em 2004. Ele prefere a CART, pois nutre antipatia á IRL, mas se restar apenas uma opção, e se essa opção for a categoria dos ovais, Newman esquece as desavenças e se manda para lá. Neste caso, Bruno Junqueira e Sebastien Bourdais continuariam o fantástico e equilibrado duelo interno que eles traçaram em 2003. Bourdais venceu 3 provas da CART em seu ano de estréia, algo que demonstra o enorme potencial que o campeão da F-3000 de 2002 tem. Porém Bruno Junqueira terminou como vice-campeão, o que comprova que a regularidade e a inteligência é a maior característica do eficiente piloto mineiro. Em 2004, na IRL, o que pode dar entre eles?
Bourdais venceu sua primeira corrida na CART em um circuito oval (Lausitzring), e que comprova sua maior adaptação á este tipo de pista, porém Bruno Junqueira ganhou em Motegi as 300 Milhas do Japão de 2002 e fez a pole-position para as 500 Milhas de Indianapolis de 2002, em sua segunda experiência com um carro da IRL. E vale lembrar que em 2001, Junqueira fez a pole-position para as 225 Milhas de Nazareth em sua primeira experiência em um circuito oval desde que estreou na CART.
Duelo equilibrado, e não apostaria em nenhum dos dois, mas apenas vale deixar claro que essas hipóteses foram levantadas lembrando-se das performances dos pilotos em pistas ovais. Em pistas mistas, Bourdais é mais “explosivo” e veloz, mas Junqueira sabe como conservar o carro nesse tipo de pista.
Com a Andretti-Green existe uma situação diferente. Dos 3 pilotos que a equipe terá em 2004, dois deles não estão em uma situação confortável. O inglês Dan Wheldon ainda é pouco experiente, e em 2003 fez um campeonato pouco expressivo (mostrou algum talento, mas nada fenomenal), não seria o candidato ideal á primeiro piloto do time. O escocês Dario Franchitti viveu o inferno-astral em 2003, passando a maior parte do ano se recuperando de um acidente de motocicleta na Escócia e competiu em apenas 3 corridas.
Pouco acostumado á IRL, e sem a devida quilometragem pela categoria, Franchitti está com a forma física debilitada por conta do acidente de 7 meses atrás, e em 2004 dificilmente estará 100% para competir e ser competitivo. Então, resta um nome óbvio dentro da Andretti-Green: O do baiano Tony Kanaan.
Em 2003 Kanaan fez pole-positions, venceu as 200 Milhas de Phoenix, liderou o certamente durante a maior parte do ano, e só não foi campeão por uma mistura de falta de sorte no Texas (o toque com Helio foi um acidente de corrida), e de boçalidade de Tomas Scheckter durante as 225 Milhas de Nazareth (quem garante que o sul-africano não tirou Kanaan da corrida de propósito? Afinal, Scheckter teria o interesse em favorecer Dixon, seu companheiro na Ganassi). Mesmo fraturando o braço (o rádio) após um acidente com Dixon em Motegi, nosso baiano mostrou garra (semanas depois terminou em 3º lugar nas 500 Milhas de Indianapolis, poucos segundos atrás do vencedor, Gil de Ferran), regularidade, eficiência, inteligência e boa estratégia. O grande trunfo de Kanaan para 2004 é não poder contar com adversários em boa situação dentro da própria equipe, o que poderá deixá-lo com a condição de piloto nº1 da equipe com algumas poucas etapas de 2004 disputadas (enqüanto na Penske, Chip Ganassi e Newman-Haas essa definição não sairá antes das últimas etapas, ou poderá nunca sair), e contando também com a ajuda da Honda, já que a Andretti-Green é a única grande equipe da IRL á receber estes propulsores japoneses. Isso significa que a Honda direcionará a maior parte de seus esforços para a Andretti-Green, e logo a equipe direcionará seus esforços em maior parte á Tony Kanaan. Em 2003 a Honda não contou com um motor tão potente quanto o da Toyota, que equipa a Penske e Chip Ganassi, porém em 2004 se os japoneses acertarem a mão do bloco e entregarem um motor tão potente e competitivo quanto o Toyota, Kanaan estará em uma posição previlegiada com relação á seus adversários, pois eles não estarão dentro de sua própria equipe.
Um forte abraço a todos, e conheçam a parte de GrandPrix2 do F1Mania.net: /gp2