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21 de fevereiro de 2004 00:48

Coluna Grand Prix: Modéstia ou prudência?

A Renault agradece a todos os que têm afirmado que ela será uma pedra no sapato de Ferrari, Williams e McLaren, mas manda dizer que ainda não será neste ano que ela vai brigar pelo título. A atitude soa como modéstia, mas pode ser chamada de prudência. Não há nada pior para uma equipe do que criar uma expectativa positiva na pré-temporada e as coisas não saírem dentro do esperado quando começa pra valer o Mundial. Já vimos isso acontecer algumas vezes e sempre com a péssima consequência de botar abaixo de zero o estímulo de pilotos, engenheiros e mecânicos.

Mesmo assim, os elogios ao novo carro da Renault têm partido de gente do nível de Michael Schumacher e Frank Williams, ambos confirmando o que Rubinho Barrichello disse antes de todos, quando fez um treino junto com a equipe francesa e ficou impressionado não só com a velocidade do R24, mas também pela consistência demonstrada em simulações de corrida. Este é que será um ponto importante no próximo campeonato por conta da novidade de cada carro só poder usar um único motor durante todo o fim de semana.

Quarta colocada no ano passado, a Renault tem como meta este ano desbancar uma das três grandes no campeonato de Construtores, mas tem muita gente esperando até mais, justamente pela constância dos resultados obtidos por Fernando Alonso e Jarno Trulli na pré-temporada. Ao contrário das marcas alcançadas pela BAR, que mesmo tendo surpreendido em mais de uma série de treinos, não chegam a assustar. Como diz Pat Symonds, da Renault, quem observar a média dos tempos nas várias pistas em se treinou durante o inverno europeu, as equipes estão niveladas, mas não se sabe quanto de combustível cada uma usou. Esta é a explicação para o fato de o carro da McLaren ter passado alguns treinos fora das primeiras posições depois de andar batendo recordes por aí, e ontem ter voltado a quebrar outro recorde em Valência. Quer dizer que aquela história de alguns membros da equipe, inclusive Kimi Raikkonen, andarem dizendo que o MP4-19 estava cheio de problemas era mesmo blefe. O problema real era dosar a vontade de acelerar.

Pelos lados da Ferrari, apesar desta demonstração de força de algumas rivais, a situação ainda é tranqüila. Pela primeira vez nos últimos campeonatos, a equipe começa o ano de carro novo, o que prova a confiança que se tem no F2004, embora a equipe siga sua política habitual de treinar sozinha, evitando o confronto com as rivais. O recorde extraordinário de Barrichello em Mugello (mais de dois segundos abaixo do recorde anterior, de Schumacher) é um sinal evidente do potencial que tem o carro. Sem contar o empenho que terá a Bridgestone para defender a hegemonia da Ferrari, que será sua única representante de peso, contra uma brigada cada vez maior e mais forte da Michelin, da qual fazem parte Williams, McLaren, Renault, BAR, Toyota e mais a Jaguar, que, de novo, não vai fazer nada de bom. Além da Ferrari, a Bridgestone conta com a Sauber, que pode dar uma ajudazinha, e outras duas de quem também não se pode esperar nada (Jordan e Minardi). A guerra dos pneus, apesar de não agradar à FIA porque eleva muito os custos de uma temporada, é interessante do ponto de vista técnico.

Massa sai na frente – Num dos duelos mais esperados da temporada, que é o da Sauber, entre Felipe Massa e Giancarlo Fisichella, o brasileiro vem levando a melhor. No primeiro dia de testes em Ímola, Massa fez o segundo tempo, atrás apenas da Renault de Jarno Trulli, e meio segundo mais rápido do que Fisichella. No dia seguinte, com chuva, segundo a cronometragem da equipe Renault (em dias de testes, cada equipe faz a sua própria tomada de tempos), Massa foi o mais veloz de todos, superando o companheiro de equipe em mais de um segundo. O curioso é que, pela cronometragem da própria Sauber, Fisichella é que andou dois décimos mais rápido do que o brasileiro.

Mais um Pizzonia – Quatro anos depois de Antonio Pizzonia ter conquistado o título de campeão inglês de Fórmula Renault, seu irmão mais novo, Adriano, estréia na categoria disputando o campeonato brasileiro, que começa dia 14 de março em Curitiba. Daniel Serra, filho de Chico Serra, deverá ser o companheiro do caçula da família Pizzonia. Os dois participam dos últimos treinos coletivos da categoria, que começaram ontem em Interlagos.

De equipe nova – O engenheiro Maurício Ferreira, que, trabalhando na Giaffone Racing, ganhou três dos quatro títulos de equipes e pilotos em dois anos de Fórmula Renault no Brasil, agora terá a sua própria equipe e contará com o talentoso Diego Nunes para tentar a conquista de mais um título. Apesar de estreante na categoria, a equipe tem uma estrutura montada desde os tempos da extinta Fórmula Chevrolet. Mauricio é um engenheiro com experiência inclusive no automobilismo europeu, e anda encantado com o talento de seus dois pilotos. Nos testes da pré-temporada, Diego Nunes foi o mais veloz na pista de Curitiba e o companheiro André Sousa fez a melhor marca de Interlagos.

Nós e mais vinte – O ex-goleiro Ado, um bom amigo que fiz dos tempos em que trabalhei cobrindo futebol, até hoje tem suas tiradas que parecem ficar cada vez mais engraçadas. Um dia desses, chegando a um restaurante, ele foi reconhecido pelo manobrista, que, emocionado por estar na presença de um ídolo, comentou: “Ado, rapaz, que satisfação, você esteve lá no tricampeonato da Copa de 70 !”. O goleirão não perdeu tempo: “Éramos eu, o Pelé e mais vinte”.

Reginaldo Leme

Comentarista das corridas que são transmitidas pela Rede Globo de Televisão.

Escreve colunas para o jornal “O Estado de São Paulo” há 10 anos, que são publicadas todas as sextas-feiras.

Leme é colunista da F1Mania.net desde o dia 08/08/2003.

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