Coluna do Joly: GP da Austrália 2011

Por Luís Joly

Ano vai, ano vem, a FIA não consegue ficar tranqüila e simplesmente deixar uma temporada começar após a outra acabar. A entidade que comanda a Fórmula 1 agiu como de costume na virada do ano. Anunciou um mundo de mudanças. Algumas decisões bacanas, outras um pouco estapafúrdias. Mas, reclamações dos pilotos ou não, teriam de ser acatadas. Como sempre, o objetivo é facilitar as ultrapassagens.

As novidades? Além da volta do KERS, aquela engenhoca que transforma energia em velocidade, criaram um mecanismo em que o perseguidor pode abrir a asa traseira durante certa parte da pista para ganhar alguns km/h a mais e, assim, conseguir passar. Ou seja, mais um botão para o piloto mexer durante a prova. Sem falar nos pneus, que mudaram e agora são feitos para durar menos. Com mais paradas nos boxes, pensa a FIA, deve haver mais confusão. E, com mais confusão, uma corrida melhor.

Com o cancelamento do GP do Bahrein, a estréia ficou para Melbourne. Uma prova das mais complicadas e um teste duro para as novidades da categoria. Apesar de sempre ser uma corrida surpreendente e com várias mudanças, a prova australiana também é reconhecida pela dificuldade de ultrapassagem. Desde a primeira corrida no Albert Park, em 1996, sempre foi assim. Muita perseguição, cenário deslumbrante, mas pouca troca de posições.

Agora que escrevo após a corrida ter sido finalizada, acho que não foi o que A FIA esperava. Mas, sem dúvida, foi mais do que o público imaginava. As ultrapassagens não vieram à rodo, mas em parte porque a pista é realmente ruim para isso. Ainda assim, conseguimos ver uma disputa emocionante entre Felipe Massa e Jenson Button, além de várias outras brigas.

Para as próximas corridas, disputadas em circuitos dedicados, esperamos que o cenário seja um pouco mais propenso para troca de posições. De qualquer forma, parece que os caras acertaram. A conferir.

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Felipe Massa teve atuação discretíssima na Austrália. Largou bem, mas ficou nisso. Lutou – e perdeu – para Button e, especialmente, Alonso. Enquanto o asturiano fez uma prova decente e quase chegou ao pódio, o brasileiro foi apenas mediano. Como foi nos treinos.

Ano passado, Massa usou exaustivamente a desculpa dos pneus. Dizia que não conseguia se adaptar ao que os compostos da Bridgestone exigiam. Todos acreditamos nele. Este ano, pelo menos nos testes da pré-temporada, mostrou bons resultados e afirmou que estaria bem mais competitivo.

Claro que a Austrália é só a primeira corrida do ano. Claro que a Ferrari vai evoluir ao longo do ano. Mas, tenho certeza, o fim da era Massa no time vermelho já deve estar passando pela cabeça dos dirigentes. Para que isso não se concretize, é só o brasileiro acelerar mais no resto do ano.

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A McLaren foi a grande surpresa da prova. Dada como terceira força ao fim dos testes, Hamilton foi sólido e Button mostrou que está bem acima da Ferrari (ou, pelo menos, de Massa). Se as confusões no pelotão intermediário foram interessantes, o que incomodou foi a vitória tão tranqüila de Sebastian Vettel com a Red Bull. Seu companheiro, Mark Webber, não o incomodou em nenhum momento e Vettel levou como se estivesse correndo sozinho.

RETA OPOSTA

Sustentabilidade

A FIA, ao exigir pneus que se desgastam mais rápidos, vai na contramão do mundo, que cada vez mais luta para ser verde. Mais pneus significam mais gastos com borracha. A Pirelli se preocupou com isso?

Schumacher

Se Massa foi discreto, Schumacher foi pífio. Espero que ele melhore. Mas já me arrisco a dizer que esta será mesmo sua última temporada.

Barrichello

Apesar do erro com Nico Rosberg e no treino para definir o grid, foi uma boa corrida do Rubinho. E mostrou que a Williams tem lá seu potencial. Na Malásia acho que ele será mais competitivo.