Por Luís Joly
Ouvi muita gente boa (e ruim) falando mal do Grande Prêmio da Malásia. Que não houve emoção, que foi enfadonho. Bem, tirando esse maldito horário (pro nosso fuso), que nos transforma em zumbis durante o fim de semana todo, achei uma excelente corrida. A chuva, claro, deixaria as coisas ainda mais malucas. Mas, no fim, eu nem senti falta dela.
Muitos podem discordar, mas eu acho que os executivos de terno e gravata da FIA devem ter comemorado após a corrida. Ok, não foi a comemoração mais exemplar, mas certamente esboçaram sorrisos. Isso porque a prova teve, sim, várias ultrapassagens, brigas, momentos de tensão, incertezas e toda a zona que eles tanto queriam.
A tal da asa que se abre para os pilotos que estão menos de 1 segundo atrás do da frente era bem complicada de se entender na teoria. Mas, na prática, ficou clara e, quem diria, ajudou. Impressionante como alguns carros chegavam – e passavam – fácil. Méritos não só da asa, mas da oura megalomania da FIA: os pneus. Feitos para durar pouco, muito pouco. Com isso, toda hora tinha algum carro mais “no chão” do que o outro. No começo, a coisa se equilibrou. Mas, ao fim da corrida, conforme um ou outro arriscava manter-se na pista com menos paradas, a coisa esquentava. Eu confesso que lembrei da temporada de 1986, quando era comum os pilotos fazerem uma parada a mais e, mesmo assim, alcançar os adversários. Lembram-se de Mansell e Senna, em Jeréz? O inglês fez a troca e, mesmo assim, chegou no brasileiro e teria passado com facilidade se a corrida tivesse uma volta a mais.
Apesar disso, a questão principal não mudou. Sebastian Vettel fez a segunda pole e vitória no ano. Um mal sinal para o bom andamento do campeonato. Mark Webber ainda não se encontrou. A Ferrari ainda corre atrás do prejuízo. A McLaren é incerta. Nesse cenário, a não ser que as coisas mudem muito, Vettel tem tudo para ser bicampeão com uma relativa facilidade.
RETA OPOSTA
Alonso X Hamilton
Lamentável a decisão da FIA de punir os dois pilotos pela disputa que travaram na pista. Essa ridícula história de que um piloto não pode alterar o traçado mais de duas vezes na reta para bloquear um piloto é ridícula. “Fechar a porta” faz parte do espetáculo, cabe ao piloto de trás conseguir uma maneira de passar.
Schumacher X Rosberg
Dessa vez o alemão mais velho deu sorte, mas a verdade é que Schumacher, de fato, não conseguiu mostrar muita coisa desde que voltou. Levou mais de uma ultrapassagem de Kobayashi na mesma corrida, uma delas humilhante.
Massa X Ferrari
Seria uma viagem desse que vos escrever, mas a Ferrari teria errado na primeira parada de Massa de propósito, para que Alonso pudesse passá-lo? Afinal, o espanhol estava mais rápido que o brasileiro na maior parte da corrida. Loucura? Olha, eu não ponho a mão no fogo.