Por Luís Joly
De nada adiantariam todas as tradicionais mudanças que a FIA cria em cada ano de temporada. Nada faria de diferença itens como pneus que ficam velhos mais rapidamente, asas que abrem, engenhocas que absorvem energias e outras maluquices. Tudo isso não serviria pra coisa alguma se não houvesse uma real disputa pelo título. Por isso, tenho certeza que muita gente comemorou, mais do que o normal, a vitória de Lewis Hamilton, da McLaren, na China, quebrando uma seqüência de 4 corridas vencidas seguidamente (duas este ano, duas no ano passado) pelo alemão Sebastian Vettel.
Não adiantaria porque, apesar do fato das duas últimas provas terem sido recheadas de ultrapassagem e imprevistos, o vencedor seria o mesmo. E, para o público geral, para a audiência dos Estados Unidos (que a FIA continua tentando conquistar), os telejornais só iam mostrar que Vettel venceu mais uma vez. Para o bem da F-1 (e de todo o dinheiro que a cerca), Hamilton venceu, com méritos.
Claro, isso não significa que Vettel ainda não permaneça como o candidato absoluto ao título. Pelo contrário, sua vantagem ainda é confortável. Mas, aos olhos de todas as nações, é saudável que ele não ganhe todas.
Para o público que ama a F-1 (nós), interessa mesmo se a corrida foi ou não interessante. E como foi! O traçado chinês foi muito bem planejado. Desde a curva inclinada, a longa reta, os cotovelos, tudo é muito bem montado para proporcionar uma bela disputa. Talvez isso não fosse suficiente em uma F-1 de poucos anos atrás. Mas, com tudo que a FIA implementou este ano, ficou perfeito. Foram poucas as voltas em que a televisão não pegava pelo menos uma ultrapassagem – ou tentativa real dela acontecer.
Tivemos oportunidade de (re)ver embates bacanas, como Alonso x Schumacher, Massa x Hamilton, além das estripulias do valente Perez, da Sauber, e da ascensão de Nico Rosberg. O que ficou mais marcado ao fim da corrida é a queda da Ferrari. Apesar de alguns dizerem que ela está melhor, na verdade eu acho que ela caiu. O time italiano é hoje a quarta força da F-1. Por muito pouco Schumacher não passou Alonso no fim da prova. Dessa forma, temos Red Bull, hoje imbatível. McLaren segue atrás. Mercedes e Ferrari disputam a terceira posição. Mas o carro alemão me parece mais equilibrado em cenários mais adversos. A Ferrari, ao contrário, mal conseguia andar com pneus um pouco mais velhos.
Uma pena para Felipe Massa. O brasileiro fez uma de suas melhores corridas nos últimos tempos. Pela terceira vez consecutiva, passou Alonso na largada. Manteve-se à frente e poderia ter conseguido até um pódio, não fosse a (de novo) estratégia equivocada de sua equipe.
Daqui para a Turquia, próxima corrida, são três longa semanas. Para os fãs, uma demora interminável. Para os times, hora de levar seus bólidos coloridos de volta para as garagens. Na teoria, as equipes devem voltar com carros aprimorados para a próxima prova. Os engenheiros passarão as próximas semanas mergulhados em novas tecnologias, ideias, projetos e formas de tentar manter o sucesso (Red Bull), alcançar o líder (McLaren, Ferrari, Mercedes), alcançar as grandes (Lotus Renault, Sauber, Toro Rosso, Force India), descobrir o que saiu errado (Williams) e melhorar seus tempos (Lotus, Hispania, Virgin).
RETA OPOSTA
Café amargo
Parece que alguém conseguiu mexer alguns pauzinhos, pois a temida Curva do Café, em Interlagos, finalmente terá uma área de escape decente. Bom para o esporte.
Japonês ousado
Kobayashi, da Sauber, segue a fama dos japoneses da F-1 que começam a carreira de forma ousada. Será que ele se mantém na categoria mais competitiva do automobilismo?
Aplicativo
Saiu para os principais smartphones do mercado (iPhone, Android, Nokia) o aplicativo oficial da F-1 2011. Vale a pena baixar, nas respectivas lojas de aplicativos de cada telefone. É de graça, tem as voltas em tempo real, previsão do tempo, enfim, muita coisa bacana para acompanhar junto com a TV.