Coluna do Joly: Massa e a Ferrari

Por Luís Joly

Participar de uma corrida de Fórmula 1 não deve ser uma coisa fácil. Os compromissos, a pressão, a briga, a exigência, os patrocinadores, as burocracias, o preparo físico, o perigo, o medo, a torcida, a imprensa…Mas os pilotos superam tudo isso pela paixão pela velocidade (e, claro, o dinheiro e a fama também ajudam). Porém, imagino a frustração que eles têm quando, justamente no momento em que mais dependem de seus times durante uma corrida – ou seja, na parada nos boxes -, há um erro. Ou mais de um.

Foi um pouco do que enfrentou Felipe Massa no GP da Turquia. Não, a equipe não foi responsável inteiramente pelo péssimo resultado do brasileiro. Massa não se entendeu com os pneus duros em todo o fim de semana. Não conseguiu chegar perto da performance do companheiro Fernando Alonso. Mas poderia, ao menor, ter conquistado uma posição dentro da zona de pontos. Nem isso conseguiu. Massa parou nos pits 4 vezes durante a corrida. A Ferrari errou em três. Em uma delas, deixando o brasileiro nove intermináveis segundos parado.

Fico imaginando o que se passa pela cabeça de Massa. Afinal, ele tem carinho pela Ferrari. E a equipe, por ele. O time de Maranello já é a casa do brasileiro há quase 10 anos. Essa sensação ambígua, de amor e ódio, deve ser complicada. A Ferrari foi a responsável por torná-lo campeão por, pelo menos, alguns segundos. Mas, também foi a responsável por tirar-lhe o título, especialmente com erros nos boxes. Por outro lado, qual a perspectiva para o brasileiro se sair da Ferrari? Conseguirá vaga em um time grande? Massa está em uma encruzilhada na sua carreira. E precisa definir seu futuro se ainda tiver objetivos grandes para sua carreira.

Vettel e a Red Bull

Muito à frente de Massa, Sebastian Vettel ruma para o que deve ser o título mais tranqüilo na F-1 desde a era Schumacher. O alemão tem o melhor carro e não tem adversários. Ano passado, Webber ainda conseguia incomodar um pouco. Desta vez, o australiano parece ter aceitado o papel de segundo piloto. Vettel está simplesmente em outra categoria. No futuro, as pessoas vão olhar para 2011 como uma temporada dominada pelo jovem piloto. Mas será que saberão que, atrás dele, as trocas de posições eram tão constantes que faziam a temporada ficar emocionante mesmo com o campeão praticamente definido?

RETA OPOSTA

O drama de Barrichello

Pela primeira vez na carreira, Rubinho deu a entender que poderia parar. Não está contente com o desempenho da Williams, que realmente prometia no começo do ano. Mas as coisas melhoraram na Turquia. O comportamento do carro foi mais estável. Vamos ver o que acontece.

A volta de Schumacher

O multicampeão Michael Schumacher exagerou nas declarações anteriores à corrida, quando disse que poderia até ser campeão. A Mercedes não tem carro pra isso. E o alemão não conseguirá voltar aos velhos tempos. Mas que ele está evoluindo a cada prova, está. Um privilégio ter a chance de ver Schumacher correndo em uma era tão diferente da que ele começou.

Os boatos da Turquia

A pista turca é gostosa. Rápida, dinâmica. Sem invenções como Abu Dabhi ou China. Apenas curvas velozes e retas longas. Sempre proporciona boas provas. Infelizmente, não é suficiente para atrair muito público. E essa pode ter sido uma das últimas vezes que vemos corrida por lá. Que pena.