Por Luís Joly
Falar no nome “Senna” na Fórmula 1 é sempre uma faca de dois gumes. Uma ótima lembrança, mas também uma incômoda e eterna comparação. Seja brasileiro ou não, todo grande piloto é comparado ao tricampeão brasileiro pelo menos uma vez. Aconteceu com Sebastian Vettel há pouco tempo, quando o diretor da Red Bull afirmou que Vettel lembra Ayrton, com quem o diretor pôde trabalhar também.
Dessa forma, não é difícil imaginar o tamanho da desconfiança dos brasileiros quando eles veem, na F-1, mais um Senna. Pior, um Senna de carreira curta, sem títulos, com uma estranha chegada na categoria, corriqueiramente citado na imprensa com patrocinadores.
Sim, é fato. Bruno Senna está na Lotus Renault, muito, pelo dinheiro. Junto com sobrenome. Ponto positivo, pelo menos, não é o dinheiro da família Senna, mas de empresas que acreditam na parceria (na parceria ou no talento dele?). Para resolver isso, é muito fácil: Bruno precisa mostrar na pista a incrível oportunidade que está recebendo. Pelo pouco que fez, surpreendeu. Sem a chance de poder testar o carro normalmente, tem pouquíssima rodagem. Mesmo assim, adaptou-se bem. O sétimo tempo nos treinos da Bélgica foi um excelente cartão de visita. À frente do companheiro, Bruno mostrou que não é qualquer um.
Falta, no entanto, rodagem em corrida. E isso ele ainda não mostrou. Acabou batendo de forma amadora na primeira curva. Perdeu a freada. E a chance de chegar nos pontos. Ainda assim, não perdeu tudo. Correrá na Itália e, tudo leva a crer, até o fim da temporada. Bruno, que é muito consciente e honesto nas declarações à imprensa, sabe da importância dessa oportunidade. Pode significar o começo de uma carreira na categoria, ou o fim dela. Vai depender do que vai mostrar daqui até – provavelmente – o fim do ano.
Sim, ele sabe que as comparações com o tio serão inevitáveis. Mas, afinal, ele não parece se incomodar muito. O capacete quase idêntico mostra isso. Será que Lewis Hamilton – o grande fã de Ayrton e que também tem capacete lembrando o ídolo – ficou incomodado por não ter mais o único acessório com faixas verdes e azuis?
RETA OPOSTA
Ah, o alemão
Sem dúvida, foi a melhor corrida de Schumacher desde sua volta. Ele mesmo disse isso, aliás. Tomara que isso o incentive a ficar na categoria ano que vem.
Ah, o brasileiro…
Barrichello ainda não definiu seu futuro na categoria. Boatos dizem que Bruno pode ir para a Williams no ano que vem. Será que isso vai incentivar a Rubinho a se aposentar?
E o Massa?
A essa altura, são poucas as hipóteses para a fraca performance do piloto. De uma ótima quarta posição no grid, foi caindo pouco a pouco. Como já falei antes, talvez seja melhor ele abrir mão da Ferrari se ainda quiser algo na F-1.