Coluna Splash and Go: Dany Bahar, o precipitado

Por Felipe Pires

Esta é uma história bem recente. Tudo começa em 2009, lá na Lotus Cars, sediada na Inglaterra. Tudo bem tranquilo, a Lotus, fundada pelo lendário Colin Chapman, levava a vida fabricando carros esportivos para a Proton, fabricante malaia. Carros rápidos e bonitos, mas sem grande apelo. Aí surgiu algo que mudaria tudo: a troca de presidentes em outubro traria à Lotus, Dany Bahar.

Bahar, um turco de metas precisas e não menos espetaculares, trabalhou no departamento de Marketing da Ferrari e no setor de competições da RBR. Só daí dá pra ver que o cara já tinha condições de sacudir a fabricante inglesa. Pois foi isso que ele fez. No finzinho de 2009, Dany tratou de levar a Lotus à F1. Tony Fernandes, que se associou a Proton, ganhou o nome Lotus para batizar sua equipe recém-criada.

Aparentemente, as coisas não agradaram Bahar, que não queria ver o nome Lotus e a lendária pintura verde-escuro e amarela se arrastando no fundo do grid. Aí ele negociou com a Renault e causou uma tremenda confusão que acabou com duas Lotus no grid: Lotus Cars e Lotus Racing. Após uma desgastante briga na justiça tudo se resolveu com um acordo não tanto amigável. O resultado? Bahar conseguiu o que queria, acertou -se com a Renault, que virou Lotus GP e fez Fernandes se contentar com o nome Caterham junto com a pintura amarela e verde-escuro. Não obstante, recentemente, Bahar rompeu o contrato com a ex-Renault. O motivo é que a Lotus anda mal das pernas. Ainda assim, o nome do lendário time de Colin Chapman continua sendo emprestado à equipe.

Só que Bahar queria mais. Como se não bastasse trazer o nome da Lotus de volta a F-1 e causar uma grande confusão (incluindo desistir do projeto da Lotus na F-1 mesmo ganhando a briga com Fernandes), ele queria a Indy. E assim a Lotus iniciou um apoio financeiro a KV Racing que durou nas temporadas de 2010 e 2011. Na parte técnica pouco tinha a ser feito, então emprestou pinturas históricas como a verde e amarela dos anos 60 junto com a preta e dourada dos anos 70 e 80. Não suficiente, a Lotus peitou Alfa Romeo, Ford entre outras grandes marcas e ganhou o direito de fornecer motores à categoria norte-americana, além de ser parceira da equipe Dragon.

Tudo azul (ou preto e dourado), dinheiro asiático chegando na Indy, e o nome já consagrado da equipe de Colin Chapman no certame americano. Só que o tempo fechou. A Indy exigiu que os motores fizessem 2.000 milhas no dinamômetro pra estrear nas pistas. O motor Lotus foi testado em novembro, só que o cronograma ficou todo alterado e o motor só pode ir às pistas em janeiro, com de Silvestro fazendo testes em Sebring. E pior: A Rahal-Letterman-Lanigan quer colocar um segundo carro a partir de Indianápolis e Paul Tracy pode pilotar pela Michael Shank Racing. Aliás, faltou motor para essa equipe. Pensou que os problemas acabaram? Quase Bourdais não largou em São Petesburgo, mesmo com a Dragon sendo uma das clientes favoritas da Lotus (apenas lembrando que mesmo Bourdais correndo em São Petersburgo, os motores faltaram para os testes coletivos em Indianápolis).

Com um motor que só foi construído em novembro (bem atrasado em relação à Chevrolet e Honda) por John Judd em novembro (quando as outras fabricantes já faziam vários testes) gerou uma falta de motores já falada logo acima. Nem uma grande equipe confiou na Lotus. Só as equipes mais simples e pequenas. Talvez a Lotus ganhe espaço com o tempo na Indy, com os motores adquirindo milhagem, e Bahar consolide a Lotus nos monopostos do EUA. Talvez não.

Alex Tagliani (Team Barracuda-BHR), Simona de Silvestro (HVM), Oriol Servià (Dreyer & Reinbold), Sébastien Bourdais e Katherine Legge (Dragon) representam a Lotus na Indy. Todos os pilotos já angariaram respeito na categoria. Menos a Leggae, que não perde em simpatia. Todos os carros equipados com propulsores da Lotus ou abandonaram a corrida ou amargaram as últimas colocações nas duas primeiras corridas da temporada. Triste dizer que esse resultado já era esperado pelos atrasos citados no parágrafo acima. Claro que com boa quilometragem os motores devem melhorar e também devemos admitir que a temporada esteja só no início.

Eu acredito que Bahar foi ganancioso, pois mesmo não querendo investir na Caterham, conseguiu levar o nome da Lotus à ex-Renault e arranjou uma ótima parceria com a KV Racing. Mesmo assim ele ainda quis fornecer os motores da Lotus à Indy. Nesse ponto Dany também foi precipitado, pois quis partir logo ao fornecimento de propulsores, sendo que ele poderia manter o apoio a equipe de Jimmy Vasser por mais algum tempo. Não quis esperar e fazer tudo certo. Tudo isso causou problemas financeiros na Lotus. Bom isso é a minha opnião e se ela diferir da de vocês leitores, peço que falem e opinem nos comentários.