Por Fábio Jacques
A Fórmula 1 é um esporte dominado por homens. Não que eu ache que isso é exatamente um problema, mas uma característica. Acontece que o automobilismo de um modo geral é, sem dúvida, um esporte viril. A exigência física (os pilotos perdem, em média, 5 kg por grande prêmio), somada com a mistura de velocidade e perigo, por exemplo, não torna a corrida de automóveis um esporte especialmente atrativo para mulheres.
Por isso, e talvez por que a Fórmula 1 nasceu de disputas que já ocorriam entre homens desde os anos 1930, ou talvez (principalmente mais recenemente) por questões comerciais, ou ainda por falta de interesse delas de um modo geral (já que são minoria em quase todas as categorias vinculadas à FIA, e sendo a F1 a categoria mais importante, o “último degrau”), o fato é que poucas mulheres já conseguiram se destacar no “circo”. Mas, afinal, quantas e quem foram? E hoje em dia, quem é a mulher de destaque na Fórmula 1?
Desde 1950, apenas cinco mulheres disputaram provas do calendário oficial da Fórmula 1, na condição de piloto. Maria Teresa de Filippis (1958-59, Itália), Lella Lombardi (1974-76, Itália), Divina Galica (1976 e 1978, Grã-Bretanha), Desire Wilson (1980, África do Sul) e Giovanna Amati (1982, Itália).
A Itália é o país com mais representantes do sexo feminino em toda a história, e foi também o primeiro país a ter uma mulher na F-1. Entre 1958 e 1959, Maria Teresa de Filippis disputou 4 GPs pela equipe Maserati e 1 pela Porsche. Em 1958 Filippis disputou as corridas de Mônaco (sua estreia, quando nem se classificou para a prova), Portugal, Itália e Spa-Francochamps. Em 1959 a italiana ainda disputaria o GP de Mônaco pela equipe Porsche. Em cinco provas, sua melhor atuação foi em seu segundo GP, na Bélgica em 58, quando largou em 15ª e terminou em 10ª.
A segunda mulher a pilotar um carro de Fórmula 1 também era italiana. Lella Lombardi estreou no GP da Grã-Bretanha de 1974, pela equipe Brabham. Sua segunda prova, em 1975 já foi pela March. Naquele ano, disputou 12 das 14 etapas da temporada, se classificando para a corrida em 10. No GP da Espanha de 1975, Lombardi e as mulheres conquistaram seu único ponto na história da categoria com o sexto lugar da italiana. Em 1976, Lolla ainda correria três vezes, novamente pela Brabham.
A inglesa Divina Galica foi a terceira mulher no circo. A piloto disputou três etapas nos anos de 1976 e 1978, sem se classificar em nenhuma. Em 1976 disputou apenas o Grande Prêmio da Grã-Bretanha pela equipe Surtess. Sem correr em 1977, ela voltaria em 1978 pela equipe Hesketh para correr na Argentina e no Brasil.
O Grande Prêmio da Inglaterra de 1976 é o único na história em que duas mulheres estavam inscritas. Lella e Divina estavam presentes, mas nenhuma delas se classificou. Também foi em Brands Hatch que Desire Wilson disputou sua única prova, em 1980. A sul-africana, quarta mulher na Fórmula 1, estreou e abandonou a categoria naquele GP, pela equipe Williams.
Giovanna Amati foi a última mulher a participar de um campeonato de Fórmula 1. A italiana disputou três provas em 1992 pela Brabham, também sem se classificar em nenhum.
Vinte anos depois, perguntado sobre o que achava sobre a possibilidade de as mulheres disputarem corridas de Fórmula 1, o então pentacampeão Michael Schumacher respondeu que não vê razão para uma mulher não ter capacidade de competir na F-1. Segundo o alemão, existem atletas que o fazem pensar que são bem mais preparadas que os homens que dominam o circo atualmente.
Mais dez anos se passaram e, agora em 2012, mais uma mulher deve se destacar na Fórmula 1. Atualmente, a indiana Monisha Kaltenborn trabalha como diretora-executiva na Sauber, e foi indicada pelo chefe da equipe Peter Sauber como herdeira do posto assim que ele deixar o paddock. O atual líder do time deve se aposentar nos próximos anos.
Sauber recentemente destacou que Monisha Kaltenborn trabalha na equipe há 13 anos, e sempre com papel de liderança. Segundo o chefe da equipe de Sergio Perez e Kamui Kobayashi, a indiana fará um grande trabalho como a primeira chefe de equipe de um time de F-1 na história.
Em 63 temporadas de Fórmula 1, estas seis foram algumas das mulheres, talvez as principais, que se destacaram trabalhando na principal categoria do automobilismo. Podemos citar outras em outras categorias, como Danica Patrick e a brasileira Bia Figueiredo na Indy, mas ainda assim são minoria.
Espaço para mais mulheres em todas as categorias certamente sempre houve e sempre haverá. Contudo, eu não acho que tenha havido, por exemplo, alguma mulher super talentosa que desmerecidamente não tenha tido o seu destaque na Fórmula 1. Assim como acontece com os homens, poucos chegam à Formula 1, menos ainda se destacam, e, a cada geração, apenas dois ou três entram para a história.
É do circo…
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