Por Fábio Jacques
Nesta semana inicio uma série chamada “Grandes equipes”, na qual falarei de algumas das principais equipes da Fórmula 1. Começo pela tradicional Williams, de Piquet, Mansell, Prost, Villeneuve e Bruno Senna. Não pretendo que sejam textos definitivos, no sentido de “a verdade sobre a equipe”, mas apenas um pequeno resgate histórico, com o meu ponto de vista.
O final de semana do GP da Espanha de Fórmula 1 2012 marcou a volta, ainda que talvez momentânea, de uma das equipes mais carismáticas da categoria. A pole e a vitória de Pastor Maldonado no final de semana de aniversário de Frank Williams podem ser sinal, e eu espero que seja, de tempos melhores para a equipe de Grove, na Inglaterra.
Para mim, a Williams, que já demonstrou uma forte evolução em relação a 2011, merece, por sua história, estar presente e competir entre os grandes, como fez na maior parte de seus 35 anos. Sim, 35, pois segundo o site oficial da equipe, 1978 foi a primeira temporada da equipe. Outras fontes consideram desde 1975, quando Frank Williams dirigiu outras equipes com o mesmo nome.
Minhas primeiras lembranças são de meados dos anos 1980, com a Williams Tactel. Aquele modelo, aliás, pintado em branco, azul e amarelo, fez um dos carros mais bonitos de todos os tempos, que foi a Canon Williams Team, de Alain Prost e Damon Hill em 1993.
Antes da Williams com a perna do Sonic ao lado do cockpit veio o título de Nelson Piquet em 1987. Lembro-me pouco, e achei muito curioso quando descobri, não muito tempo atrás, que o Brasil foi bicampeão em anos consecutivos com pilotos diferentes (incluindo Ayrton Senna, pela McLaren, em 1988).
Passados os anos de supremacia da McLaren (1988 a 1991), começou a curta era das Williams com suspensão ativa, e os fáceis títulos de 1992 (Nigel Mansell), 1993 (Alain Prost).Para mim, e acredito que para a maioria dos brasileiros, foi uma fase odiosa. Afinal, o maior “prejudicado” era o nosso tricampeão Ayrton Senna, que em contrapartida fez algumas de suas melhores corridas lutando contra as super-Williams.
Em 1994, o casamento dos sonhos. Senna chegava à Williams, naquela época a melhor e mais desejada das equipes. O fim dos componentes eletrônicos, no entanto, mudou as coisas.
Foram apenas três provas até o acidente fatal na Tamburello, em Ímola, no dia primeiro de maio. A equipe de Frank Williams ainda comemoraria, ao final da temporada, o título de construtores – no ano do primeiro título de Michael Schumacher, na época correndo pela Benetton -, mas o que ninguém esquece é a morte de Ayrton Senna.
Nos anos 1990 Frank Williams ainda comemoraria mais duas dobradinhas, conquistando os títulos de pilotos e construtores em 1996 (com Damon Hill) e 1997 (com Jacques Villeneuve).
Tradicionalmente azuis, os carros vermelhos da Williams Winfield (1998/99), para mim, são dos mais horríveis que já existiram. Pareciam uma Ferrari B, ou uma Dallara, sei lá. Talvez isso fosse apenas um prenúncio dos anos 2000, que se tornariam cada vez mais complicados para a equipe…
Entre 2000 e 2005 a parceria com a BMW trouxe alguns resultados importantes, mas longe de títulos mundiais. Vale lembrar, contudo, que esta foi, quase exatamente, a era da supremacia da Ferrari com o hoje heptacampeão Michael Schumacher.
Rompida a parceria BMW-Williams, a partir de 2006 vieram os dias negros. Resultados cada vez menos expressivos, culminando na temporada 2011, a pior de sua história, na qual a Williams conquistou apenas cinco pontos. Apesar da época em que muitos acreditaram seria o fim do time de Frank Williams, a equipe permanece como a terceira maior vencedora de títulos de construtores, com nove conquistas.
Frank, aliás, é o mais antigo chefe e proprietário de equipe em atividade (e considerando que está na equipe desde o começo é provavelmente mais vitorioso também). Sua determinação e amor pelo automobilismo é o que possibilita à Williams ser até hoje – com exceção da Ferrari que conta com uma indústria automobilística por trás -, a única das grandes equipes que não foi vendida, nem mesmo em parte, para uma fábrica de motores ou grande marca comercial (como McLaren Mercedes, Renault, Mercedes e Red Bull).
Apesar de achar que Frank e Patrick Head tiveram sim, parte da culpa pela morte de Ayrton Senna (por causa da barra de direção improvisada), sempre simpatizei com sir. Williams. Não sabia, inclusive, que seu acidente havia sido em 1986 (achava que era bem antes). Li, certa vez, que Nelson Piquet, piloto da equipe naquele ano, teria sido o primeiro a chegar ao local do acidente e ajudá-lo, mas como nunca mais achei essa informação, não a citarei como fato.
Em 2011 a equipe parece estar renascendo. Depois do sexto lugar de Bruno Senna na Malásia, e o sétimo na China, a vitória de Pastor Maldonado na Espanha deixa a Williams F1 na sexta colocação, empatado em pontos com a Mercedes. Em minha opinião, este será o lugar da Williams, mas disputando a posição com a Sauber (atual sétima colocada), e não com a Mercedes. Se eu estiver errado, que seja para melhor.
O importante é que a equipe continue melhorando, se fortalecendo e volte ao convívio dos grandes. Afinal, muitos dos melhores (e também o pior, no dia da morte de Ayrton Senna) momentos que presenciei nestes quase 30 anos acompanhando a Fórmula 1 foram com os carros de Frank Williams.