Dos quatro brasileiros que disputaram o GP da Hungria dois vivem situações curiosas. Com a dupla de pilotos de suas atuais equipes já definidas para a próxima temporada, Antonio Pizzonia e Ricardo Zonta buscam destaque, assim como diversos pilotos, para continuarem nas pistas em 2005.
Com um conjunto técnico que mostrou bastante competitividade nesse ano e a renovação da parceria com a Honda até 2007, a BAR possuí o cockpit mais desejado do momento. Os dirigentes da equipe prometem brigar para impedir a ida de Jenson Button à Williams, mas sabem que é extremamente difícil vencerem essa batalha. De fato a esperança é receber alguma milionária indenização do time de Frank Williams. Portanto, surgiram diversos nomes para substituir o inglês na BAR, dentre os quais Anthony Davidson, Nick Heidfeld e David Coulthard.
Davidson é um antigo conhecido. É piloto de testes do time desde 2001 e no atual campeonato corre com o terceiro carro nos treinos livres realizados na sexta-feita anterior a prova. Em diversas sessões mostrou rendimento superior ao dos pilotos titulares, mas pode esbarrar na concorrência, que possuí maior experiência em Grande Prêmio. Nick Heidfeld é um deles. Na Fórmula-1 desde 2000, o alemão é jovem e talentoso, linhagem bastante semelhante a de Jenson. Já Coulthard não fez questão alguma de esconder sua vontade de guiar na equipe de Brackley. Dos atuais desempregados, o escocês é o piloto que mais disputou provas. São 170 desde a estréia, no GP da Espanha de 1994.
Coulthard está um tanto desesperado quanto ao futuro. Mais que continuar na categoria, lógico, deseja estender seus 11 anos correndo por equipes de primeira linha. A BAR é o seu objetivo. Caso contrário, o caminho natural será a Jaguar. A direção da equipe de Leafield há meses declara interesse na contratação de um piloto experiente.
Se Pizzonia pode sonhar com a vaga de Button, o mesmo não pode ser dito sobre Ricardo Zonta. Além de alegar nunca ter recebido tratamento justo durante sua passagem pela BAR, o paranaense azedou a relação com a cúpula do time após acidente com o companheiro – e então “queridinho” da equipe – Jacques Villeneuve na Alemanha, em 2000. Saiu pela porta dos fundos e quase teve o proseguimento de sua carreira seriamente prejudicado. Suas possibilidades na BAR estão como a de Jungle Boy voltar à Jaguar.
Outros caminhos são Sauber, Jordan e Minardi.
Continuarem como piloto de testes não seria fim do mundo, especialmente para Pizzonia. Embora Button já tenha corrido pela Williams, o brasileiro será uma importante referência para a equipe em 2005. Para Zonta, seria manter uma pequena chance na Toyota. Se houver alguma clausula contratual exigindo que Ralf Schumacher demonstre a mesma forma física e técnica de quando fecharam acordo, a equipe pode reincindir o contrato. Particularmente, acho improvável. Mas, em se tratando de um mundo como a Fórmula-1, acho melhor o alemão ficar de olhos bem abertos.
Senna nas pistas internacionais – Após 10 anos, o sobrenome Senna está de volta ao automobilismo internacional. Sobrinho do tricampeão de Fórmula-1 Ayrton, Bruno Senna estréia nesse domingo (22) no campeonato inglês de Fórmula BMW, durante a rodada dupla no circuito de Brands Hatch. O piloto de 21 anos almeja brevemente disputar a Fórmula-3, categoria que o tio venceu em 1983 e foi o último degrau para sua entrada na F-1.
Hungaroring até 2011 – Considerado por muitos torcedores como o circuito mais monótono da Fórmula-1, Hungaroring permanecerá no calendário da categoria até 2011. Na quarta-feira, o acordo entre a Formula One Management (FOM) e os dirigentes do autódromo situado a 25 quilômetros de Budapeste foi anuciado pelo primeiro-ministro do país, Peter Medgyessy. A primeira prova na Hungria ocorreu em 1986, com vitória de Nélson Piquet.
Pela segurança – O fato é antigo, porém não merece passar desapercebido. No GP de Curitiba de Stock Car, durante a remoção do carro de Raul Boesel – que bateu após toque com Alceu Feldmann – da reta principal, diversos pilotos “rasgaram” naquele trecho do circuito, em único pelotão, mesmo sob bandeira amarela no local. Tudo bem, os pilotos da Stock são habilidosos e conhecem o regulamento. Mas a cena não deixou de ser “assustadora”. Para estes até vai um desconto, afinal, estavam na disputa por posições. Mas cabe aos diretores da categoria mudarem o esquema de segurança, especialmente nas provas realizadas em anéis externos.
Nesse tipo de traçado, onde a velocidade é maior e mais constante que nos mistos, acidentes como o de Boesel deveriam acionar a bandeira amarela em todo o circuito. Além de garantir maior segurança, o reagrupamento dos carros traria ainda mais disputas após a relargada.
Rafael Ligeiro