A pole position é ou não é a chave para vencer o ePrix de Mônaco?

A Fórmula E se apropriou de um território historicamente pertencente à Fórmula 1: o circuito do Grande Prêmio de Mônaco, um cenário icônico para o automobilismo mundial. A série de monopostos 100% elétricos já correu em Mônaco em 2015, 2017 e 2019, mas em uma versão mais curta da pista, e desta vez os Gen2 percorrerão todo o circuito.

Tradicionalmente, a pole position é essencial quando a Fórmula 1 corre nas ruas de Mônaco, devido às dificuldades que os pilotos encontram para ultrapassar outro competidor. Por isso, muitas vezes o autor do tempo mais rápido na classificação acaba vencendo a corrida.

No caso da Fórmula E, uma categoria que costuma correr em circuitos de rua dando um grande espetáculo, acredita-se que a situação será diferente.

“A pole não é tão importante aqui. Na Fórmula E a pole position é importante sem dúvida, classificar entre os seis. Para uma chance de vitória real, você precisa classificar entre os seis, mas mesmo largando em sexto dá pra vencer a prova. Acho que com o Modo Ataque, com as ultrapassagens, a dinâmica da corrida, a gente pode ter um bom resultado mesmo largando entre os seis primeiros. Obviamente quanto mais pra frente você largar, melhor”, explica Lucas di Grassi, piloto da equipe Audi Sport ABT Schaeffler.

“Aqui na Fórmula E você pode fazer ultrapassagem em vários pontos, pode fazer na curva um, pode fazer na descida, na curva cinco, na curva seis, na saída do Túnel, são basicamente esses pontos. Mais ou menos uns quatro pontos de ultrapassagem por volta”, acrescentou o brasileiro.

René Rast, companheiro de equipe de Di Grassi, concorda: “Em Mônaco sabemos que é muito difícil ultrapassar. Acho que na Fórmula 1 é mais difícil do que na Fórmula E. Creio que na Fórmula E podemos ultrapassar, porque temos o gerenciamento de energia na corrida, então pode haver um ou dois lugares, especialmente depois do túnel, onde teremos que economizar muita energia. Essa poderia ser uma oportunidade de ultrapassagem, talvez também na curva 6, onde você pode se lançar contra alguém por dentro. Então existem alguns lugares, e acho que ainda é possível ganhar mesmo sem começar na pole position”.

Nyck de Vries, líder do campeonato e piloto da Mercedes EQ, também deu o seu ponto de vista: “Sim, haverá mais oportunidades com o Modo Ataque e também em geral. O gerenciamento de energia obviamente terá um papel importante, e normalmente isso gera oportunidades. Mesmo assim, a posição de classificação sempre é importante. Se dependesse de nós, gostaríamos de começar sempre o mais na frente possível”. 

Entretanto, o atual campeão da Fórmula E, António Félix da Costa, destaca a importância da pole position pelos pontos que representa para o campeonato e pelo que significa começar uma corrida na frente.

“A pole position é fundamental por duas razões: os três pontos que te dá no campeonato, o que é bom, e o fato de você começar a corrida na frente. Você sempre tem algumas primeiras voltas muito mais tranquilas, e isso sim é importante na Fórmula E.”

“Mas com a nossa forma de correr, a gestão de energia, é um circuito onde vamos poder ultrapassar. Tem a saída do túnel, a primeira curva, vai ser possível ultrapassar e acho que vai ser uma corrida muito boa.”

Vale lembrar que nos 3 eprix realizados nos anos anteriores em Mônaco, a vitória ficou justamente com o piloto que largou na pole position: em 2015 e 2017 com Sébastien Buemi (na época com a Renault eDams, hoje Nissan) e em 2019 com Jean-Eric Vergne (DS Techeetah).