Após os resultados em Valência, chegou a hora da “Era Mercedes” na Fórmula E?

Ok, a Fórmula E é uma das categorias mais equilibradas e imprevisíveis no automobilismo mundial. Em parte por conta da padronização de algumas peças do carro e que limita a corrida tecnológica entre as montadoras, e em parte pelo seu regulamento especifico. Mas achegada da Mercedes pode ameaçar este status quo, e as seis etapas desta temporada é a prova disso.

Em seis provas disputadas até agora, foram três vitórias da Mercedes. Este início de campeonato só não é melhor do que o início da Renault e.Dams na terceira temporada, quando venceu cinco das seis primeiras provas daquele campeonato (cinco delas com Sebastien Buemi).

É claro que ainda é cedo para cravar o favoritismo total da Mercedes. Jaguar e DS Techeetah possuem bons carros e principalmente uma boa dupla de pilotos (talvez, as duas melhores do grid), e ainda tem equipes que não atualizaram seus monopostos, caso da Nissan e da Dragon Penske.

Mas não dá para negar: a Mercedes apresentou até agora o carro mais eficiente do grid nesta temporada. Conseguiu andar na frente nos três circuitos que foram utilizados pela Fórmula E neste campeonato, e também foi bem em todas as condições de pista.

Em Diriyah, fez pole e venceu de ponta a ponta com Nyck de Vries na corrida 1, enquanto ficou de fora do treino classificatório na corrida 2 e por isso, não conseguiu um desempenho semelhante ao do dia anterior. Com uma ressalva: De Vries largou na última fila e chegou em 10°.

Já em Roma, foi a vez de Stoffel Vandoorne andar na frente nos dois dias. Foi o pole na corrida 1, mas em duas decisões equivocadas durante a prova, o piloto belga comprometeu a sua corrida e a do próprio companheiro, transformando em desastre o favoritismo. Mas na corrida 2, Vandoorne venceu de forma inquestionável.

Neste fim de semana em Valência, não foi tão diferente dos anteriores: Vandoorne foi pole position, mas caiu para o final do grid da corrida 1 por conta de uma infração da Mercedes (um erro com um jogo de pneus). De Vries largou em sétimo, subiu para segundo, e venceu a corrida após Da Costa ficar sem bateria (e mais metade do grid). E graças a capacidade de gastar menos energia que os demais, a Mercedes ainda viu Vandoorne terminar em terceiro.

Na corrida 2, a Mercedes se deu mal por participar do treino classificatório no Grupo 1, pois a pista que a principio estava úmida, foi secando durante a sessão e com isso, a dupla largou nas últimas filas. Ainda assim, a Mercedes agora lidera o campeonato de equipes e tem seus dois pilotos na frente no campeonato de pilotos: De Vries é o líder com 57 pontos, enquanto Vandoorne é o segundo com 48.

Outro fator que chama a atenção é o ritmo das Flechas de Prata, principalmente nos treinos. Nos três circuitos, a Mercedes conseguiu em determinados momentos ser meio segundo mais rápida que as demais equipes. Tanto em treinos quanto em ritmo de corrida.

Meio segundo para a realidade da Fórmula E, onde boa parte do grid possui um ritmo semelhante, o que deixa geralmente os 10 primeiros separados por meio segundo, isso chama a atenção. O que pode jogar contra a equipe é a inconstância de seus pilotos. Tanto De Vries quanto Vandoorne, não conseguem emplacar sequência de bons resultados, como já foi visto acontecer com os campeões anteriores.

A liderança da Mercedes é justificada, e possivelmente poderia até ser maior se a equipe alemã não tivesse sofrido alguns contratempos. mas a impressão que ficou após este fim de semana em Valência é: será necessário que aconteça ainda mais contratempos, pois caso contrário, podemos ver a Mercedes repetir este ano na Fórmula E o que vem fazendo nos últimos anos na F1, que é dominar a categoria.