Categoria: Fórmula E
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9 de abril de 2021 13:05

Bom ritmo de corrida, mas sem sorte no classificatório: o dilema de Lucas di Grassi

Se tem um piloto que dispensa apresentações no que diz respeito a Fórmula E é o brasileiro Lucas di Grassi. Campeão da 3ª temporada e recordista de pódios na história da categoria, o piloto da Audi sempre é apontado como favorito em qualquer eprix da temporada.

A parceria entre Di Grassi e a Audi sempre deu bons frutos na Fórmula E. Porém nos últimos eprix o cenário mudou: na sexta temporada, pela primeira vez a montadora e o piloto brasileiro não venceram uma etapa sequer. Apesar de contar com um carro rápido e um powertrain que está entre os melhores da categoria, não foi possível subir no degrau mais alto do pódio.

Olhando friamente para os resultados dos últimos 13 eprix (os 11 realizados na sexta temporada e a rodada dupla em Diriyah referente o campeonato atual), fica fácil de identificar onde está o problema: os treinos classificatórios.

Antes de entrar nos números de Di Grassi e da Audi nessas etapas, é preciso explicar a peculiaridade que existe nos treinos classificatórios da Fórmula E. A sessão é disputada no seguinte formato: os 24 pilotos são divididos em quatro grupos com seis pilotos. Cada grupo tem quatro minutos para cravar o seu tempo, sendo que a definição dos grupos leva em conta a classificação do campeonato. Com isso, os seis primeiros colocados participam do Grupo 1, os seis seguintes do Grupo 2, e assim por diante.

Esse formato é o “Calcanhar de Aquiles” do piloto brasileiro, já que pontua com certa regularidade e por isso quase sempre está nos dois primeiros grupos do treino classificatório, pegando a pista mais suja do que os pilotos dos grupos 3 e 4. Para se ter uma noção da desvantagem dos pilotos dos Grupos 1 e 2, na temporada passada apenas Antonio Félix da Costa conseguiu ser pole position participando do Grupo 1.

Os números não mentem

Analisando os últimos 13 eprix, apenas 3 vezes Lucas di Grassi conseguiu largar entre os 10 primeiros colocados. Inclusive, seu melhor desempenho na sessão classificatória foi na segunda corrida da sexta temporada da Fórmula E em Diriyah quando foi para a Super Pole e largou em 3°. O detalhe é que foi a única vez neste período em que Di Grassi participou do Grupo 3, pois tinha terminado a prova inaugural do campeonato na 13ª colocação. Em todas as outras 12 etapas, o brasileiro sempre esteve nos dois primeiros grupos.

No que diz respeito as batalhas internas na equipe, Di Grassi foi melhor que os companheiros de equipe em seis das 13 provas. Porém, é preciso levar em conta novamente o fator dos grupos classificatórios. Em relação a Daniel Abt (que correu as cinco primeiras provas da sexta temporada), o piloto alemão sempre esteve nos grupos 3 e 4, e ainda assim, só largou a frente do brasileiro em duas oportunidades. René Rast, que assumiu o lugar de Abt desde o Festival de Berlim, deu mais trabalho e largou cinco vezes na frente de Di Grassi em oito provas até o momento. Porém, ele também sempre esteve nos grupos 3 e 4.

Também é preciso ressaltar que Lucas di Grassi só tem três poles na história da Fórmula E, sendo que duas delas foram no antigo formato do treino classificatório, quando os grupos eram sorteados ao invés de usar a classificação do campeonato como critério para formação. A última vez que ocupou o primeiro posto no grid de largada foi no ePrix de Santiago em 2019.

Treino é treino, corrida é corrida

Se nos treinos classificatórios o cenário não é animador para Lucas di Grassi, o mesmo não pode se dizer sobre as corridas. Das 13 provas que estamos analisando, apenas em duas o brasileiro não terminou dentro da zona de pontuação: na primeira corrida da sexta temporada em Diriyah, e na penúltima etapa do Festival de Berlim, quando não conseguiu cravar sua melhor volta no treino classificatório por conta de um dos momentos mais bizarros do campeonato (pois além dele, Buemi, Vergne e Da Costa também não conseguiram fazer a volta rápida).

Lucas di Grassi tem se especializado em fazer provas de recuperação, e foi o piloto que mais ganhou posições durante as corridas na sexta temporada. Em nenhuma dessas 13 provas o brasileiro terminou em uma posição pior do que largou: sempre ganhou posições. A regularidade do campeão da terceira temporada chama a atenção, mas ao mesmo tempo, é justamente o que sempre o coloca nos dois primeiros grupos do treino classificatório.

Outra informação importante, é que na batalha interna na Audi com René Rast, enquanto o piloto alemão leva vantagem sobre o brasileiro nos treinos classificatórios, na corrida os papéis se invertem: Di Grassi terminou cinco vezes na frente de seu companheiro de equipe. Nas 13 provas analisadas, foram três pódios da Audi: dois com Di Grassi e o outro com Rast.

EPRIX LARGADA CHEGADA
R01 6° ANO – DIRIYAH ABT 15° – DIG 19° DIG 13° – ABT NC
R02 6° ANO – DIRIYAH DIG 3° – ABT 14° DIG 2° – ABT 6°
R03 6° ANO – SANTIAGO ABT 13° – DIG 22° DIG 7° – ABT 14°
R04 6° ANO – MEXICO CITY DIG 15° – ABT 22° DIG 6° – ABT NC
R05 6° ANO – MARRAKESH DIG 13° – ABT 18° DIG 7° – ABT 14°
R06 6° ANO – BERLIM RAS 13° – DIG 20° DIG 8° – RAS 10°
R07 6° ANO – BERLIM DIG 6° – RAS 23° DIG 3° – RAS 13°
R08 6° ANO – BERLIM DIG 10° – RAS 21° DIG 8° – RAS NC
R09 6° ANO – BERLIM RAS 8° – DIG 12° DIG 6° – RAS 16°
R10 6° ANO – BERLIM RAS 4° – DIG 23°* RAS 3° – DIG 21°
R11 6° ANO – BERLIM RAS 3° – DIG 10° RAS 4° – DIG 6°
R01 7° ANO – DIRIYAH RAS 3° – DIG 16° RAS 4° – DIG 9°
R02 7° ANO – DIRIYAH DIG 15° – RAS 19° DIG 8° – RAS 17°

Por fim, o que esses números mostram é que a Audi tem um bom carro e uma dupla de pilotos talentosa, mas que sofre com os treinos classificatórios, em especial Lucas di Grassi pelo fato de sempre fazer parte dos dois primeiros grupos. Seu companheiro René Rast já não sofre tanto, justamente por sempre marcar presença nos dois últimos grupos.

Para Sérgio Sette Câmara (piloto brasileiro da Dragon Penske), essa é uma questão que em breve será superada pelo compatriota: “Essa fase não vai durar muito, sabemos que o Lucas é sempre um candidato ao título. Ele está em uma equipe de ponta e é um dos melhores do grid. Provavelmente ele não teve um bom desempenho em Diriyah por conta dos grupos do treino classificatório, mas com certeza isso vai mudar no decorrer da temporada.”

Fechando o assunto: atualmente Lucas di Grassi é o 14° colocado do campeonato com 6 pontos, e por isso, estará no Grupo 3 do treino classificatório, situação semelhante a qual teve seu melhor desempenho em treinos classificatórios na temporada passada…

 

 

 

 

 

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