Em 2016 eu participei de um projeto que levou um carro de Fórmula E para a calota polar ártica, no Polo Norte. Depois de construirmos uma pista no gelo – deixamos o gelo liso para que o carro pudesse andar – dei algumas aceleradas e fiz algumas manobras. Não foi possível andar muito, por que o F-E não foi construído para aquelas condições, mas aquela voltinha foi uma das mais importantes da minha carreira: ajudamos a chamar a atenção para a aceleração do derretimento do gelo ártico, algo que pode afetar seriamente o clima da Terra.
Nesta semana, a organização da Fórmula E anunciou que o campeonato – que viaja pelo mundo inteiro – recebeu a certificação ISSO 20121, o mais elevado reconhecimento para eventos no quesito sustentabilidade. Para todos que trabalham na categoria – e isso inclui todos os pilotos – foi um momento importante. Afinal, parte importante da nossa filosofia é justamente oferecer um evento esportivo mais correto em termos de meio ambiente e servir de modelo para outras competições. A Fórmula E é a primeira categoria do mundo a atingir esse patamar.
Hoje e amanhã disputaremos as duas últimas corridas de Fórmula E, nas ruas de Nova Iorque. E é sintomático também estarmos aqui, no coração financeiro dos Estados Unidos. Todas as demais grandes categorias do mundo tentaram competir nesta pista de rua. Mas apenas a Fórmula E conseguiu. E essa abertura se deve em grande parte ao projeto de sustentabilidade que apresentamos desde o começo.
Eu chego a Nova Iorque no terceiro lugar, mas com chance de ser vice-campeão. Meu retrospecto até aqui é este: terceiro colocado em 2015, segundo em 2016 e campeão em 2017. Se conseguir ficar entre os 3 primeiros, será quase um milagre feito pela nossa equipe. O carro quebrou nas quatro primeiras das 12 corridas do campeonato – resultado, zero pontos no início do ano. E só tive equipamento ok a partir da sexta etapa. Terminada a rodada dupla nos Estados Unidos, venho para o Brasil. No dia 5 de agosto, vou disputar a Corrida do Milhão pela equipe Hero Motorsport, na Stock Car. É outro grande desafio. Obrigado pela torcida!
Lucas Di Grassi, piloto da Fórmula E