Com saída da Audi da Fórmula E, qual será o futuro de Lucas di Grassi?

A Audi anunciou no final de novembro do ano passado que vai deixar a Fórmula E após o término da sétima temporada, que terá início nos dias 26 e 27 de fevereiro com uma rodada dupla em Diriyah, na Arabia Saudita.

Piloto da equipe alemã desde o primeiro eprix da história da categoria de carros elétricos, o brasileiro Lucas di Grassi precisará pensar sobre o seu futuro com essa notícia. Inclusive, o campeão da terceira temporada da Fórmula E foi questionado sobre isso em uma entrevista concedida ao programa Acelerando Transamérica exibido neste sábado (20), e apontou algumas possibilidades:

“Penso diariamente sobre o meu futuro. Se quero correr com os protótipos da nova geração que serão muito mais lentos que os carros em que corri nos anos da Audi na LMP1, se troco de equipe e permaneço na Fórmula E, ou se paro de uma vez e passo a me dedicar a outros projetos”, revelou Di Grassi.

“Ainda não me decidi, e acho que nem é a hora para me decidir sobre isso. Estou focado neste campeonato que está por vir, ganhar mais um título, ganhar mais corridas, e aí dependendo das condições e de como tudo irá evoluir, eu tomo a minha decisão.”

Com saída da Audi da Fórmula E, qual será o futuro de Lucas di Grassi?
Lucas di Grassi está 100% focado na luta pelo título da sétima temporada da Fórmula E   –   Foto: Fórmula E

 

VOLTAR A CORRER EM LE MANS?

Lucas di Grassi é o piloto brasileiro com os melhores resultados na geral das 24 Horas de Le Mans, com três pódios em quatro participações na tradicional prova do WEC (Mundial de Endurance) pela Audi, antes da montadora alemã anunciar a sua saída da competição em 2016.

Em contrapartida a sua saída da Fórmula E, a Audi pretende retornar ao WEC, por conta do novo regulamento técnico que a categoria apresentou, no qual formará junto ao IMSA (competição de endurance norte americana) uma nova categoria, formada pelos hipercarros.

A nova classe, intitulada de LMDh, contará com um chassi comum tanto para o WEC quanto para a IMSA. Assim, uma montadora poderá participar com o mesmo carro das duas competições de endurance, disputando tanto as clássicas provas de Daytona e Sebring, quando da cobiçada 24 Horas de Le Mans. Apesar de parecer algo atraente a principio, Lucas di Grassi ainda tem duvidas sobre essa união de regulamentos.

“Esse regulamento novo do hipercarro me preocupa muito. Eles estão tentando fazer duas categorias distintas (uma de hipercarro e outra de protótipos) que são completamente diferentes em relação a peso, potência, e regulamento, ficarem juntas.”

“O que me preocupa é como equilibrar essas duas categorias. Não adianta você ficar cinco anos na categoria com um bom carro e um bom piloto, e o regulamento técnico não permitir que seu tipo de carro tenha condições de vencer.”

“Por isso preciso avaliar como vai ser exatamente essa categoria antes de firmar um compromisso. Se for uma luta reta, direta, todo mundo igual, nada me motiva mais que isso. Mas como acabei de explicar, existem inúmeras variáveis que acabam nos deixando em dúvida.”

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Lucas di Grassi no pódio das 24 Horas de Le Mans em 2014   –   Foto: Facebook oficial das 24 Horas de Le Mans

 

A POSSIBILIDADE DE PARAR DE CORRER

Com o atual cenário, tudo parece incerto a principio para o piloto brasileiro. Atualmente, Di Grassi é Embaixador do Meio ambiente na ONU – Organização das Nações Unidas, e com isso tem direcionado seu olhar a outras questões que envolvem o automobilismo fora das pistas, visando combate a poluição atmosférica.

este tipo de envolvimento em questões que vão além do que acontece nas pistas pode ser o caminho para Di Grassi, caso ao final do ano, não fique empolgado com as demais possibilidades de seguir com a carreira como piloto. Quando questionado se este ano pode ser o último de sua carreira competindo nas pistas, Di Grassi declarou que a possibilidade é real: “Existe sim.”

“Sempre falei que gostaria de continuar no automobilismo e principalmente na Fórmula E se tiver uma proposta de uma equipe competitiva. Dinheiro é importante para todos, mas minha motivação não é financeira e sim, estar em uma equipe competitiva o suficiente para atingir os meus objetivos. Se no final do ano tal oportunidade não aparecer, não teria problema nenhum em deixar de fazer automobilismo como piloto. Porém, afirmo que estou 100% motivado.”

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Com uma carreira vitoriosa, Di Grassi será peça importante nos bastidores do automobilismo   –   Foto: Fórmula E

 

AS DIVERSAS POSSIBILIDADES NA FÓRMULA E

Toda história que se preze possui personagens principais, aqueles que ditam o ritmo da narração. Com certeza, na história da Fórmula E é fácil afirmar que Lucas di Grassi é um dos protagonistas, já que foi o primeiro piloto se comprometer com a competição, antes mesmo de existir um monoposto elétrico.

Foi o vencedor do primeiro eprix da história, disputou diretamente os três primeiros títulos da Fórmula E, conquistando o terceiro campeonato de uma forma emocionante. recordista de pódios e pontos, segundo maior vencedor, tudo isso mostra que de fato sua carreira nos carros elétricos é inquestionavelmente um sucesso.

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Di Grassi comemora a primeira vitória na Fórmula E, no ePrix de Pequim   –   Foto: Fórmula E

Por isso mesmo, deve ser difícil para Lucas di Grassi pensar em deixar tudo isso para trás e ir para outra categoria. Uma possibilidade é após a saída da Audi, assumir uma função dentro da Fórmula E em um cargo diretivo, algo que não seria nenhuma surpresa diante do compromisso do piloto brasileiro com a categoria nesses últimos anos.

“Fui o brasileiro que chegou mais perto de vencer em Le Mans”, recordou Di Grassi. “Adoraria ser o primeiro a vencer? Adoraria. Poderia fazer isso? Poderia. Mas também tenho outros interesses relacionados ao automobilismo, como por exemplo entrar em uma função de organização e desenvolvimento da própria Fórmula E que ainda tem diversos pontos em que precisa melhorar.”

Porém, é preciso deixar claro que a saída da Audi pode não significar exatamente o fim da história de Lucas di Grassi nos eprix. Ele deixou claro ao final da entrevista com o Acelerando Transamérica, que já foi procurado por outras equipes.

“Já tenho na mesa três propostas para continuar na Fórmula E. Obviamente querem que eu continue na categoria. Por isso, vai ser um ano para observar a performance dessas equipes. Se existir a possibilidade de lutar por vitórias, vou continuar”, encerrou Di Grassi.