FE tem caos de potência em Valência e acende luz de atenção para regulamento

Nyck De Vries foi quem saiu vencedor da caótica corrida 1 do eP de Valência de Fórmula E. Com pilotos ficando no meio do caminho sem bateria na última volta, o episódio traz crítica de pilotos, justificativa da FIA e ponto de atenção para a categoria elétrica repensar aspectos de seu regulamento técnico.

Antonio Félix da Costa vinha em um desempenho dominante na primeira prova da terceira etapa da temporada 2021. Constantes intervenções do safety-car, diversas bandeiras amarelas, incidentes e pista molhada foram uma somatória perigosa, mas que não chegaram de fato a ameaçar a primeira posição do atual líder que também largou da pole-position.

Acontece que o momento de virada veio justamente por conta das cinco entradas dos carros de segurança no traçado. A cada acionamento, a FIA reduziu uma quantidade de potência para os competidores para que não terminassem com grande porcentagem de bateria – no final, foram reduzidos 19 kilowatts de um total de 52. Portanto, restou algo em torno de 33 kilowatts finais. A medida para tal atitude está no regulamento sob a explicação de que é reduzido 1 kilowatt por minuto de safety-car, tentando emular a perda natural de uma corrida.

Mas quando a última relargada foi autorizada, os pilotos estavam com cerca de 5% de suas baterias para a última volta e o estrago estava feito. Sem tempo suficiente para a regeneração da energia, os competidores começaram a ficar pelo caminho, perdendo posições e sequer conseguindo cruzar a linha de chegada. A cena chegou a beirar o inacreditável, ainda mais por ser a estreia da categoria em um circuito permanente.

ePrix de Valência 1 - Fórmula E 2021
Foto: Fórmula E

Félix da Costa foi uma das vítimas. O português tentou se arrastar pelo traçado, mas perdeu terreno e recebeu a bandeira quadriculada apenas na sétima colocação, com o pódio ficando com De Vries, Nico Müller e Stoffel Vandoorne. Posteriormente, cinco pilotos foram desclassificados por terem usado mais potência do que o permitido.

Todo o episódio trouxe muito debate e críticas para a categoria. Por um lado, levantou-se a questão se as equipes que não souberam gerir as baterias de seus carros e, com isso, palmas para a Mercedes, que se saiu muito bem e alcançou a vitória e terceira posição. Por outro lado, como que podem ter reduzido tanta potência em um ponto tão tarde da prova e que levou grande parte dos pilotos não conseguirem sequer terminar.

Após a corrida, o atual campeão da FE fez questão de externar sua insatisfação com o resultado. O piloto, que se disse fã e advogado a favor da categoria, disse que não é para apontar dedos, apenas para “aprender com os erros. Não era o final que deveríamos oferecer.”

Mas a FIA não seguiu o caminho do competidor da DS Techeetah. Frederic Bertrand, diretor da FE, apontou ter sido surpreendente a decisão de Da Costa em dar a volta extra. “Claramente tornou a vida mais difícil para muitos pilotos e para o líder em particular. É muito mais fácil dizer o que estava errado depois do que antes.”

As palavras não foram bem aceitar pelo luso. Através de suas redes sociais, escreveu que “não posso aceitar isso. Mesmo se fosse ainda mais lento no safety-car quantas equipes teriam reclamado após o final? E também, se fosse mais lento, teriam reduzido ainda mais energia. Hoje esteve apenas nas mãos da FIA para nos salvar disso”.

É inegável que o gerenciamento de energia durante a corrida acaba adicionando um toque extra de emoção e estratégia. Caso use demais, ou não consegue terminar a corrida ou acaba punido após a prova. Mas o eP 1 em Valência levou a máxima ao extremo.

A FE é uma categoria já estabelecida e que entra em sua sétima temporada de existência. Ao longo dos anos criou tendências como a votação de fan boost, implantou inovações como o modo ataque, ou ‘modo Mario Kart’ para os mais íntimos, além de trazer atenção para a mobilidade elétrica e atrair cada vez mais pilotos – no atual grid, são seis com passagem pela F1.

Entretanto, ainda são muitos os deslizes que precisam ser revistos. O número elevado de punições, e penalizações que normalmente chegam muitas horas após a bandeira quadriculada, e o que foi visto no sábado em Valência acabam prejudicando uma categoria que já se mostrou séria e que vem crescendo. Agora, só precisa se ajudar.