A Fórmula E fará neste fim de semana as duas primeiras corridas de sua história na Espanha no Circuito Ricardo Tormo, conhecido como templo do Mundial de Motovelocidade. Mas também se trata de um local que já possui uma ligação com a categoria de carros elétricos, e em especial com um jovem piloto do grid atual da competição: Maximilian Günther.
Nos últimos anos, Valência tem sido o palco dos treinos de pré temporada da Fórmula E. Foi no Circuito Ricardo Tormo que Günther teve seu primeiro contato com o carro da Dragon Penske como piloto titular para a temporada 2019-20. Se esperava do jovem piloto alemão um ano de estreia de adaptação, para então, mostrar o bom desempenho que havia exibido nos anos anteriores nas categorias de base, em especial na Fórmula 3 Europeia.
Mas, os primeiros eprix foram um total desastre e Günther acabou perdendo seu lugar como piloto titular na equipe para o brasileiro Felipe Nasr. Como reserva, a situação do jovem alemão dentro do time de Jay Penske se complicou, afinal de contas, Nasr vinha de um título na IMSA pela equipe da família Penske e tinha em seu currículo a experiência de um ex-F1.
Porém, o carro da Dragon naquele ano era um dos piores do grid, e Nasr não conseguiu se adaptar ao monoposto elétrico. Após três etapas, o brasileiro voltou ao endurance americano e deixou a vaga disponível novamente para Günther, que desta vez, não desperdiçou a oportunidade e conquistou 20 dos 23 pontos da equipe na temporada, superando o experiente piloto argentino José Maria López.
A sorte voltou a sorrir para Günther quando a DS Techeetah anunciou a contratação do português Antonio Félix da Costa, e com isso, surgiu uma vaga na BMW Andretti. A equipe alemã logo foi em busca de Günther, que nem pensou duas vexes para fechar com a montadora, que tinha um carro rápido e lutava por vitórias.
Foi em Valência o primeiro contato de Günther com o novo carro. E ele não desapontou: liderou duas sessões e foi o mais rápido da semana de testes. Ainda não era o suficiente, pois era preciso mostrar durante o campeonato o que foi visto durante os testes. na rodada dupla de abertura em Diriyah, Günther viu o companheiro de equipe conquistar as duas poles e vencer a corrida 2 daquele fim de semana. Günther até recebeu a bandeirada em segundo, mas foi penalizado e perdeu seu lugar no pódio.
A vitória não demorou a acontecer. Veio logo na etapa seguinte, em Santiago. Günther fez uma prova sem ressalvas e se tornou o mais jovem vencedor da história da categoria de carros elétricos, aos 22 anos e 200 dias, superando justamente o português Antonio Félix da Costa, o qual estava substituindo na BMW Andretti.
Günther voltou ao degrau mais alto do pódio na terceira das seis corridas realizadas em Berlim para encerrar o campeonato. Seu nome estava consolidado entre as grandes promessas da Fórmula E. Foi então a hora de voltar a Valência, e mais uma reviravolta acontecer na carreira do jovem alemão…
A Fórmula E sofreu um abalo sísmico durante a semana dos testes de pré temporada no final do ano passado, quando BMW e Audi anunciaram suas saídas da categoria de carros elétricos após o término do 7ª ano. Enquanto a Audi se comprometeu apenas em continuar fornecendo seu powertrain para a Virgin, a BMW assegurou que a Andretti poderia seguir em frente no campeonato com seu powertrain já atualizado.
A principio, pode ser que Günther não tenha motivos para se preocupar. A Andretti é a proprietária da vaga na Fórmula E, e já garantiu sua presença no oitavo ano. Günther, que outra vez fechou a semana de testes em Valência como o mais rápido, talvez não tenha com o que se preocupar a curto prazo. Mas, e para a Era Gen3?
Além disso, as coisas não começaram tão bem para a BMW Andretti desta vez como nos dois anos anteriores. A montadora alemã que havia dominado os eprix realizados anteriormente em Diriyah, desta vez deixou a Arabia saudita sendo a unica equipe do grid sem ter marcado um ponto sequer.
Com a saída anunciada da categoria, a BMW nem se preocupou em procurar um nome de peso parta substituir Alexander Sims, que após dois anos correndo na equipe foi para a Mahindra. A opção escolhida foi Jake Dennis, um piloto de resultados bem medianos (para não dizer questionáveis) no DTM.
Em Roma, Günther teve um desempenho melhor que em Diriyah e conseguiu os primeiros pontos da equipe alemã no campeonato, com um 5° e 9° lugar no fim de semana na capital italiana. Agora, é hora de voltar à Valência, local onde ficou conhecido como o “Rei dos testes”.
“Foi muito bom voltar ao verdadeiro ritmo de corrida. Depois dos pontos conquistados em Roma, vamos para Valência com um grande espírito de equipe”, comentou Günther ao Motorsport.com após o fim de semana na capital italiana.
“O circuito [de Valência] será um pouco diferente dos testes de inverno. Tenho certeza que as mudanças vão levar a algumas corridas realmente boas e que o grid estará muito próximo em todas as sessões. Estou ansioso para o desafio.”
O objetivo de Günther a partir de agora é mostrar serviço, pois já tem em mente o que quer para a carreira: seguir na Fórmula E. Apesar do futuro incerto, o jovem alemão não descarta até mesmo a necessidade de ter que trocar de time para seguir na categoria de carros elétricos.
“Vejo claramente a Fórmula E como meu principal programa também no futuro. Seguir neste Campeonato Mundial é o que eu quero fazer. Quando chegar a hora, eu certamente escolheria outra opção na Fórmula E caso for necessário.”
“Há também outras coisas que me interessam, como a classe LMDh (no WEC), que deve oferecer grandes oportunidades nos próximos anos. Eu gostaria de fazer isso junto com a Fórmula E, assim como outras classes importantes. Mas meu foco está nos carros elétricos.”
“De minha parte, prevejo um futuro muito, muito promissor para a Fórmula E. Esta série é intocável e tem um grande futuro pela frente. Já é um dos maiores campeonatos do mundo, e acho que vai continuar assim. Por isso, acho que há muito mais fabricantes que gostariam de se juntar a categoria. Haverá boas opções no futuro”, completou Günther em entrevista ao Motorsport.com.
Günther já mostrou a que veio na Fórmula E. Com o cenário incerto para a Andretti na competição, quem vai se negar a ceder espaço para um piloto talentoso como ele?
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