Tri da Techeetah na FE: Campeão Félix Da Costa explica domínio da equipe chinesa

Durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (11), Antonio Félix da Costa falou sobre o motivo do domínio da Techeetah na Fórmula E e do relacionamento “maduro” com seu companheiro de equipe Jean-Éric Vergne

António Félix da Costa faturou o título da temporada 2019-20 na última corrida da Fórmula E, a quarta das seis programadas para a Grande Final, em Berlim, com duas rodadas de antecedência. Algo que acontece pela primeira vez na disputadíssima série totalmente elétrica de monopostos.

Da Costa venceu os dois primeiros eventos no aeroporto de Tempelhof. Uma quarta e uma sexta posição nas corridas seguintes, a três e a quatro, deram o título antecipado ao piloto da DS Techeetah – foi também a terceira conquista seguida da equipe chinesa.

Retrospecto e decisões nos “45 do segundo tempo”

Em retrospecto, Nelsinho Piquet foi o primeiro campeão em 2014-15 apenas na última etapa em Londres, superando Sébastien Buemi por apenas um ponto. Um ano depois, na temporada 2015-16, seria a vez do suíço faturar o título com dois pontos sobre o segundo colocado Lucas Di Grassi – também na última etapa em Londres.

Na temporada seguinte, 2016-17, foi a vez de Di Grassi ficar com a taça, 24 pontos à frente de Buemi. O brasileiro da Audi Sports chegou para a rodada dupla decisiva da temporada em Montreal dez pontos atrás do suíço. Largou na pole e venceu na corrida 1, mas ainda podia ter o título tomado por Buemi na corrida 2. Uma sétima posição garantiu o campeonato de Di Grassi com Buemi terminando a corrida fora da zona de pontuação.

Em 2017-18, o começo do domínio da Techeetah com o primeiro dos dois títulos seguidos de Jean-Éric Vergne na Fórmula E. Vergne garantiu o campeonato com uma etapa de antecipação, depois de chegar na rodada dupla final 23 pontos à frente de Sam Bird. Di Grassi venceu a corrida 1 do ePrix de Nova York, mas uma modesta quinta posição deu o título antecipado ao francês. Vergne ainda venceu a corrida 2 e terminou 54 pontos à frente do brasileiro.

A temporada 2018-19 foi decidida na corrida final. Vergne liderava o campeonato por 32 pontos sobre Di Grassi às vésperas da última rodada da temporada, de novo a rodada dupla do ePrix de Nova York. Vergne terminou apenas em 15º, enquanto Di Grassi foi o quinto colocado, deixando a diferença em 22 e, portanto, o título em aberto para a corrida final. Uma sétima garantiu o bicampeonato do francês – e também o da Techeetah. Di Grassi não pontuou.

O terceiro título seguido da DS Techeetah veio com Antonio Felix da Costa nesta temporada. Foram três poles e três vitórias do português em 2019-20, para conquistar o caneco com duas rodadas para o fim do calendário. O feito inédito também surpreendeu o português, que já havia afirmado que fora “o título mais importante de sua carreira” como piloto.

Veja a escalada de Félix da Costa rumo ao título antecipado:

Gráfico Pontos x Corridas (2019-20 Fórmula E)

Em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (10), com a presença da F1Mania.net, Da Costa também se disse surpreso com o domínio da equipe nesta temporada.

Surpreso com título antecipado (mas não que tenha sido por acaso)

“Eu me surpreendi a mim mesmo, por que nós já vimos na Fórmula E que – sim, às vezes tem duas ou três equipes que estão um pouquinho melhor. Mas esse tipo de domínio nunca tínhamos visto antes. Especialmente aquelas duas primeiras corridas aqui em Berlim onde nós fizemos a pole position por uma margem bem boa e vencemos as duas corridas.

“A verdade é que o trabalho de casa foi tão bem feito, nós tivemos muitos, muitos dias no simulador. Mesmo deu duvidar ‘precisa mesmo de tantos dias’, estava ficando meio maluco de ficar lá tanto tempo.

“Foi um trabalho que foi muito bem feito, até falei para meu pai antes de vir. Eu falei ‘acho que eu nunca estive tão bem preparado para uma corrida como estou agora’. E isso viu-se rapidamente. Obviamente eu estava em um bom momento, confiante, eu estou cada vez melhor com a equipe, com o carro e por isso acho que aconteceu tudo.”

Veja o vídeo “António Félix da Costa, a construção de um campeão”:

 

Techeetah: Uma equipe vencedora

Após o título, Da Costa disse revelou que já pensou que seria praticamente impossível ser campeão da FE. Mas tudo mudou quando o português assinou com a Techeetah para essa temporada. Depois do primeiro contato com a equipe, Da Costa entendeu o motivo de tantas vitórias. Ele explicou o que faz da Techeetah um time tão vencedor.

“Eu falei pra eles ‘agora eu já não estou mais surpreendido por quê vocês ganham tanto, ganham muitas vezes’. E são vários pontos: primeiramente, a motivação que tem, a fome que os caras têm de ganhar, isso obviamente leva para outros pontos consequentes. Que é: atenção aos detalhes, as ideias que eles têm, o esforço do conjunto”, disse Da Costa.

Da Costa esteve presente nas seis temporadas da Fórmula E até aqui. Foram dois anos na Aguri, dois anos na Andretti e um ano na BMW, antes de assumir o lugar de Andre Lotterer na Techeetah para 2019-20. Para ele, entre os motivos para uma equipe tão vencedora, está o fato de o time trabalhar sempre junto, algo que não acontecia na BMW.

“É uma equipe que está todos os dias todos nós sempre juntos, é tudo no mesmo sítio e isso faz uma diferença grande. Na BMW não era o caso. Tinha alemães, ingleses na Inglaterra, tinha os americanos na América e isso faz diferença também.  E tendo uma equipe toda junta, a fome que todos tinham de ganhar e estar todos juntos todos os dias, e etc. Obviamente tem ali três ou quatro caras fundamentais. Muito, muito inteligentes que criam carros muito rápidos e isso tudo junto dá os frutos para ganhar”, disse o piloto português.

Antonio Félix da Costa (Techeetah) ePrix de Berlim 4 2020
Foto: FIA Fórmula E

 

Vergne tem “grande culpa” pela Techeetah ter uma mentalidade vencedora

Da Costa e Vergne bateram de frente durante as primeiras corridas na Fórmula E. O português sabe bem o motivo: “Quando há uma competição direta, quando você dá um pedaço de carne para dois leões, os leões vão brigar um pouquinho”, diz ele.

Apesar da rivalidade com o bicampeão de Fórmula E Vergne, Da Costa reconhece que o francês é um dos motivos da equipe ter uma mentalidade vencedora – ou “fome de ganhar” em suas palavras. Tal fome que o português não abre mão.

“O Vergne é um cara muito ganhador, campeão aqui na Fórmula E, é um cara que tem muita fome de ganhar. Aliás, ele tem uma grande culpa na equipe ser assim vencedora, tenho que respeitar isso, obviamente. Mas eu também. Eu também sou muito ambicioso, não estou aqui para ser mais um, eu quero ganhar. Ele foi muito simpático sempre, me ajudou sempre a entender tudo”, disse Da Costa.

Mais que há rivalidade, há! Mas Da Costa diz que ela vem acompanhada de muita maturidade. “Quando o capacete está na cabeça nós queremos bater um no outro, mas quando o capacete saí nós temos maturidade suficiente para nos respeitarmos e resolver algum mal entendido que haja. Por isso assim foi, aconteceram várias vezes, sim, é verdade, mas nada que não se resolva e agora o meu trabalho aqui nessas últimas duas provas será tentar ajuda-lo a ficar em segundo no final.”

Antonio Felix da Costa e Jean-Eric Vergne (Techeetah) - ePrix de Marraquexe 2020
Foto: Divulgação / Fórmula E

 

Com o foco na disputa pelo vice-campeonato, Vergne (80 pontos) é o favorito já que chega para as duas corridas finais da temporada com 11 pontos de vantagem sobre Di Grassi (69) e Max Gunther (69). Buemi é um pouco mais atrás com 67 e Mitch Evans com 65. Até os 10 primeiros ainda possuem chances matemáticas de conquistar o vice. Lotterer com 59, Stoffel Vandoorne com 54, Oliver Rowland com 54, e Bird com 52, ainda possuem (pequenas) chances.

As duas etapas finais da temporada 2019-20 da Fórmula E acontecem nesta terça e quarta-feira, 12 e 13 de agosto, às 14h no horário de Brasília.

 

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