A temporada 2004 da Fórmula Mundial chegou ao final na tarde do último domingo, com a etapa de encerramento na Cidade do México. Como não acontecia há muitos anos, o título da temporada desse ano foi decidido apenas nessa prova final, e na disputa pelo título, o francês Sebastien Bourdais e o brasileiro Bruno Junqueira (Banco Rural/RM Sistemas/Telemont/Telesena), companheiros de equipe, pela Newman/Haas Racing. Como aconteceu por toda a temporada Junqueira e Bourdais dominaram os treinos e sessões classificatória na capital mexicana, mas a pole-position final acabou ficando com o líder da competição, que então, largando da primeira posição, mesmo tendo dividido a primeira fila com Junqueira, não encontrou muitas dificuldades em vencer praticamente de ponta a ponta, e por todo o tempo com Bruno acompanhando na segunda posição. Com os resultados do final de semana no México, Bourdais, que chegou lá com 22 pontos de vantagem sobre Junqueira, conseguiu ampliar a liderança para 28 pontos, e assim conquistar o tão disputado título. Bruno ficou com o vice-campeonato, o terceiro consecutivo em sua carreira de quatro anos na categoria, tendo marcado 341 pontos no decorrer do ano. Esse foi o segundo ano de Sebastien na equipe Newman/Haas e também apenas o segundo na Fórmula Mundial, enquanto Bruno disputava a sua quarta temporada, segunda pela equipe de Paul Newman e Carl Haas. Em 2005 os dois pilotos voltarão a competir pela equipe Newman/Haas na Fórmula Mundial, e aqui Junqueira faz um balanço da sua temporada 2004:
“O campeonato desse ano teve um início tardio e apenas chegamos em Long Beach para a primeira etapa em 16 de abril. Já no primeiro dia de atividades de pista, conquistei a pole position provisória, que acabou se confirmando como a pole, já que na classificação final ninguém me superou. Na prova, Paul Tracy, campeão de 2003, que havia largado em terceiro, acabou por me superar e ao Sebastien, que largou em segundo, para então vencer sua primeira prova do ano, comigo em segundo e o Sebastien em terceiro. Durante toda a pré-temporada fomos os três pilotos apontados como os favoritos ao título, e o resultado dessa primeira corrida só veio a fortalecer essa previsão. Em Monterey, no México, larguei apenas da quarta posição, mas consegui chegar em segundo, atrás apenas do Sebastien que largando da pole venceu de ponta a ponta. Na terceira prova do ano em Milwaukee tive meu pior resultado classificatório, largando apenas da 10ª posição, e completando a prova num pouco expressivo quarto lugar, enquanto o Ryan Hunter Reay vencia sua segunda prova na carreira da Fórmula Mundial. Portland foi mais uma dobradinha da equipe Newman/Haas, largamos e chegamos em primeiro e segundo, o Sebastien e eu. Em Cleveland consegui apenas a sexta posição no grid de largada, mas ao final da prova levei o meu quarto segundo lugar em cinco provas, enquanto o Bourdais vencia sua terceira. Em Toronto largava da terceira posição, mas ainda na primeira volta fui envolvido pelo mexicano Mario Dominguez em um incidente que me tirou da prova, e tive que dos boxes assistir a quarta vitória do Sebastien. Esse episódio na prova de Toronto realmente me revoltou muito, e hoje analisando toda a temporada, reconheço que depois disso fiquei ainda por duas etapas abalado pelo acontecimento, o que acabou me custando outros dois resultados não tão bons, um 4º lugar em Vancouver e um 15º em Elkhart Lake. Chegamos então á Denver em 13 de agosto, onde defenderia minha invencibilidade, já que lá conquistei a pole e venci as duas etapas já disputadas, mas dessa vez não consegui o mesmo desempenho, e acabei ficando apenas com o terceiro lugar. Mas, foi lá que comecei a sentir novamente a chance de me recuperar no campeonato e brigar pelo título. Na prova seguinte, em Montreal no Canadá, não consegui uma excelente classificação, mas não prova tive realmente um ótimo carro que me proporcionou realizar ultrapassagens e chegar à minha primeira vitória na temporada, e ali reviver verdadeiramente minhas chances de conquistar o campeonato. Las Vegas foi o segundo oval da temporada, e lá disputei volta a volta com o Sebastien a liderança, mas infelizmente na volta final quem passou a frente foi ele, e eu fiquei com a segunda posição. Cruzamos então o oceano, em direção a Surfers Paradise, na Austrália. Larguei da terceira posição lá, e na volta quarenta assumi a liderança, para então levar meu carro até a linha de chegada dezessete voltas depois, para a minha segunda vitória da temporada, que foi fundamental para que eu levasse a disputa do título para a etapa de encerramento na Cidade do México. Na capital mexicana, o final de semana foi mesmo de última prova de um campeonato. Fiz a pole-position provisória na sexta, e então no sábado o Sebastien veio e me deu o troco, registrando a volta mais rápida na classificação final. No domingo então sabia do quanto seria difícil conseguir o resultado que precisava para vencer o campeonato, sendo que o Sebastien largava à minha frente, mas como sempre dizemos: uma corrida só termina na bandeirada final, e no meio da prova o Sebastein cometeu uma rodada incrível, que quase o tirou da prova, mas para a minha infelicidade ele ainda conseguiu voltar para a prova e, pior que isso, na minha frente. No restante da prova o tráfego de retardatários que passamos a pegar me impossibilitou de chegar próximo a ele para tentar uma ultrapassagem e ele acabou mesmo vencendo e ficando com o título, comigo em segundo na prova e com o vice-campeonato. Considero ter feito uma grande temporada, mas infelizmente insuficiente novamente para me dar o título, mas em 2005 estarei de volta para brigar novamente pela primeira posição nesse campeonato”.