O brasileiro Tony Kanaan está definitivamente adaptado ao Dallara/Honda, da Equipe Andretti Green, depois da sua surpreendente recuperação após o acidente no Twin Ring Motegi, quando quebrou o pulso esquerdo na batida contra o muro, dia 13 de abril. “Consegui mesmo uma recuperação muito rápida. Acho que tenho algum parentesco com os X-Men”, brincou o piloto baiano, se referindo ao personagem Wolverine, protagonista do filme X-Men 2, um mutante com poderes de cura e recuperação acelerados.
E o histórico de recuperação de Tony Kanaan é mesmo surpreendente. Em 2000, quando se acidentou nos treinos para o GP de Detroit, fraturou o antebraço esquerdo em dois lugares, além de quatro costelas. A previsão de retorno era de oito semanas e o piloto voltou às pistas em apenas quatro. “Tive de colocar aquelas placas e tudo mais, mas quando menos se esperava, lá estava eu na pista de novo”, conta o piloto baiano.
Agora, Tony Kanaan utilizou mais uma vez de seus poderes e, quando muita gente pensou que estava fora das 500 Milhas de Indianápolis, está de volta, e ainda por cima andando entre os primeiros. “Uma semana depois da cirurgia, já iniciei os tratamentos, a fase de recuperação, e o resultado veio bem mais cedo do que se esperava. Novamente, minha porção X-Men falou mais alto”, explica o piloto de 28 anos, vencedor da 2.ª etapa da IRL, em Phoenix. “Acredito muito nesse meu poder.”
Essa semana, na terça-feira (06/05), fez seu primeiro treino na pista de Indianápolis, onde no sábado (10/03), participa do ‘Pole Day’, que irá definir o pole position para a 87.ª edição das 500 Milhas de Indianápolis. Logo na sua ‘estréia’, deu mais de 90 voltas e marcou o oitavo melhor tempo do dia (média de 368.540 km/h), indicando que tem plenas condições de brigar pela pole position no sábado. “O que também tão importante assim, afinal de contas o Homem-Aranha (Helinho Castro Neves, da Penske) ganhou as duas corridas em Indianápolis depois de largar no meio do grid. Vamos esperar para ver.”
Tony disse que não sente dores quando está na pista com o carro #11 da Andretti Green. “Quando estou pilotando, não sinto nenhuma dor, nem no braço ou na perna. Como a pista é oval (com curvas para a esquerda), forço mesmo o braço direito. Trocar marcha, só faço isso quando entro ou saio dos pits. Então estou muito bem”, conta o piloto.
“Eu não conto para ninguém, mas eu sinto dor mesmo é na perna, mas quando estou fora do carro”, explica o brasileiro, que recebeu 60 pontos na parte de trás da coxa direita, já que no acidente do Japão, o triângulo da suspensão acabou rasgando a perna. Aliás, Tony vem realizando normalmente os exercícios nas pernas e no braço, onde utiliza um bracelete de fibra de carbono, que o impede de realizar movimentos de torção com o pulso esquerdo.
“Mas para a corrida eu tiro isso”, diz. O experiente Dr. Terry Tramell, que vem acompanhando a recuperação do brasileiro, acredita que possa ter havido uma fissura na bacia do piloto, mas, segundo ele, não há tratamento específico e as dores devem parar normalmente.
No antebraço de Tony, o Dr. Terry Tramell teve de substituir as antigas placas de platina (colocadas após o acidente de Detroit) por apenas uma, maior e bem mais resistente. “Encontrei mais uma semelhança com o Wolverine. Enquanto ele tem o esqueleto de metal, eu tenho platina em algumas partes do corpo. Só aquelas garras que saem da mão dele, que eu não tenho. Estou guardando para a corrida”, comenta Kanaan. “Ah, e também não costumo fumar tantos charutos como o Wolverine.”
Shakedown do carro novo
O veterano Mario Andretti, de 63 anos, pai de Michael Andretti, dono da Equipe Andretti Green, acabou destruindo o carro reserva de Tony no final de abril, em um acidente espetacular durante um treino em Indianápolis. “Destruí meu carro no Japão e o Mario acabou com o reserva em Indianápolis. Tivemos de construir um carro novo que acabou de chegar.” Tony Kanaan está aproveitando sua participação nos primeiros treinos livres para fazer o shakedown desse carro.
Nesta quarta-feira (07/05), Kanaan trabalhou muito. Terminou o dia com a média horária de 229.455 milhas por hora (369.272 km/h), chegando a ser o mais rápido na parte da manhã, antes de ficar parado 2h30 para a troca do motor Honda, que, segundo Tony Kanaan, não estava rendendo tudo o que podia.
“O carro já está bem melhor, mais parecido com o jeito que eu gosto de guiar”, explicou o piloto. “Em dois dias dei quase 200 voltas e as coisas estão indo muito bem. Estamos trabalhando com calma, afinal, foi apenas o meu segundo dia na pista. Muita coisa ainda vai melhorar até o pole day!”
500 Milhas de Indianápolis – programação para o fim-de-semana*:
Sábado (10/05) — ‘Pole Day’
10h às 12h – treino livre
15h às 20h – treino de classificação
Domingo (11/05) – 2.° treino classificatório
12h às 13h15 – treino livre
14h às 20h – treino de classificação
* horário de Brasília