Reinaldo Varela: “Nossa estratégia de marketing é divulgar a família e bons resultados, mas vencer não é tudo”

Monster Energy, Can-Am, Norton e Motul patrocinam o renomado piloto de rally no Dakar 2021; ele adorou ter Nelsinho Piquet, Alok e Álvaro Garnero na sua equipe no Sertões e quer trabalhar com mais pilotos famosos e artistas

Reinaldo Varela - Dakar
Foto: Marian Chytka

Nascido em Mirandópolis, no interior paulista, em abril de 1959, Reinaldo Varela é dono de 36 títulos no rally, entre brasileiros e internacionais, incluindo dois títulos de campeão da categoria geral do Sertões; três títulos de campeão mundial de cross-country na classe UTV; e o título de campeão na classe UTV do Dakar 2018, em parceria com o navegador Gustavo Gugelmin. Aprendeu a dirigir na fazenda da família, se divertia escorregando no barro com uma perua Kombi, e desde então decidiu que queria ir para o rally. Isso há mais de 40 anos.

Ele começou como piloto de rally em 1982. Em 3 de janeiro de 2021, iniciará sua décima participação no Dakar, o mais famoso e duro rally do planeta, pela segunda vez como piloto contratado da equipe da Can-Am, a Monster Energy Can-Am South Racing, com patrocínio da Monster Energy, da Can-Am, da Norton e da Motul, em busca do bicampeonato na classe UTV, desta vez com o navegador Maykel Justo.

Reinaldo Varela - Dakar
Foto: Marian Chytka

De lá para cá, Varela já perdeu a conta de quantos patrocinadores teve. Mas, lembra-se que, no começo, andando com um Voyage emprestado por um primo e depois com um veículo preparado, seu carro mais “parecia um jornal”, tamanha a quantidade de adesivos de patrocinadores espalhados pela carenagem: “Tinha um cara que dava a capa do banco, outro dava a inscrição, outro dava o combustível, cada um dava uma coisinha, ia pedindo para os amigos. Batia na porta de um e de outro e pedia”.

Reinaldo Varela - Dakar
Foto: Marian Chytka

Os resultados vieram, e os patrocinadores também. No início deste século, ele foi piloto oficial da Troller por três anos: “Foi muito bom, ajudamos o desenvolver o carro e tivemos excelentes resultados. Foi uma parceria muito boa com o Mario Araripe (então o dono da cearense Troller) que, na época, foi o que abraçou a ideia”. Varela se refere à sua primeira participação no Dakar, em 2000, com o navegador Alberto Fadigatti, a bordo de um Troller. Ele também já foi piloto oficial da Mitsubishi no Dakar. Em 2013, estreou sua parceria com a Can-Am, que já vinha trabalhando com seus filhos, para disputar o Dakar com o UTV Maverick X3, que nunca mais largou. E há anos mantém sua própria equipe, a Varela Rally Team.

Reinaldo Varela - Brasileiro Cross Country
Foto: Sanderson Pereira

Varela conta com a esposa Nani na administração da equipe e divide o papel de protagonista na pilotagem com os três filhos, Rodrigo, Gabriel e Bruno, que também já acumulam títulos. Formam a famosa e vencedora Família da Poeira. Na edição do rally Sertões em 2020, além dos quatro carros deles, a equipe também preparou os Maverick X3 do piloto Nelsinho Piquet, do DJ Alok e do empresário e apresentador Álvaro Garnero, convidados da Dunas, que realiza o rally, e da Can-Am, e ainda deu apoio à dupla da piloto Helena Deyama e da navegadora Josiane Koerich, que também correm com o Maverick X3.

DJ Alok - Rally dos Sertões
Foto: Haroldo Nogueira

“Foi muito bom a vinda do Nelsinho, uma pessoa muito boa, e também do Alok e do Álvaro Garnero. Eles adoraram dirigir nosso Maverick X3. E trouxeram muita imprensa além da especializada em esporte. Agregaram muito. Se o Nelsinho voltar, e outros pilotos famosos vierem, só tem a engrandecer o esporte”, Varela avalia. E pretende manter esse tipo de serviço a terceiros: “Em 2021 vamos continuar fazendo esse trabalho, buscar pilotos famosos e artistas, para poder divulgar cada vez mais o rally”.

Reinaldo Varela - Sertões
Foto: Marcelo Maragni

Simultaneamente ao desenvolvimento no rally, em 1984, já formado em administração de empresas, em sociedade com dois primos, ele criou o restaurante São Paulo I, para servir comida de fazenda no bairro paulistano de Pinheiros. Em 1985, conheceu Nani em um rally em Gramado (RS) e nunca mais saiu de perto dela. Em 1988, ela passou a integrar o time do restaurante, que se tornou uma franquia em 1994. Em 2008, com 51 lojas, o restaurante passou a se chamar Divino Fogão. Hoje tem mais de 180 unidades, em todas as regiões brasileiras.

Reinaldo Varela - Sertões
Foto: Vinícius Branca

Há alguns anos, o Divino Fogão vem patrocinando o Sertões e a Varela Rally Team, que hoje conta com os patrocínios da Monster Energy, da Can-Am, da Norton e da Motul, que estarão com o piloto no Dakar 2021, e da Blindarte, da Arisun Pneus e da AutoService.

Para conquistar tantas marcas, ele, que sempre foi de manter patrocínios por longos períodos, se orienta pela experiência: “Patrocínio você consegue com amizades, conhecimento e retorno”. E retorno, como resultado bom no rally, não é dificuldade para Varela. Sua metodologia é ganhar espaço em exposição na mídia espontânea e colaborar com projetos dos patrocinadores com público, parceiros e funcionários, com atividades como participar de eventos deles, levar convidados para andar no seu Maverick X3, e o que mais preciso for.

Família Varela - Sertões
Foto: Vinícius Branca

“Nossa estratégia de marketing é sempre estar divulgando muito nas redes sociais a família inteira, porque sempre trabalhamos em família, nós damos muitos ganchos de família, e bons resultados. Então, temos muitas matérias em revistas, sites, jornais, em todos os meios de comunicação”, resume Varela. Simples assim.

Reinaldo Varela - Sertões
Foto: Vinícius Branca

Questionado sobre conselhos para novatos em busca de apoio financeiro, ele sugere “montar um projeto e mostrar o que pretende fazer, para que os patrocinadores possam acompanhar, e procurar patrocinadores que estejam engajados com o que você está fazendo”. Mas não acha que vencer provas seja tão fundamental para conseguir patrocínio: “Tem muitas pessoas que não têm resultados tão expressivos, mas têm diversos patrocinadores, porque conseguem mídia muito grande, independentemente dos resultados. O que importa é a exposição da marca, a exposição dos pilotos, e de todos os atos que eles fazem. Vencer corridas é mais uma coisa que valoriza. Mas não é tudo, não, só vencer”.

 

Estela Craveiro (MTb 15.590/SP) é uma jornalista paulistana experiente em muitas áreas, entre elas negócios, marketing e automobilismo, setor que descobriu como repórter do jornal de economia Gazeta Mercantil, no fim dos anos 1990, e com o qual se manteve envolvida até metade da década passada, como repórter, criadora de sites e assessora de imprensa de pilotos. Agora, retorna ao esporte a motor com o F1Mania.net, para trazer matérias, entrevistas e notas sobre marketing esportivo. E-mail para contato: [email protected]