A montadora começará a vender produtos da marca Gazoo Racing Brasil logo após estrear na Stock Car; deve apoiar outras competições nacionais; e em breve deve começar a participar de corridas em países entre o Uruguai, o Paraguai, a República Dominicana e Costa Rica
Quando o argentino Matías Rossi acelerou seu Corolla Stock Car número 117, da equipe Full Time Sports, na abertura da temporada, em Goiânia, em 25 de julho de 2020, uma nova fase teve início na história da Toyota Gazoo Racing (TGR), a marca que engloba as atividades em esportes a motor da montadora japonesa no mundo. Com ele, pela primeira vez na América Latina, a TGR coloca na pista um carro com suas cores e seu logotipo.
A TGR disputa o Campeonato Mundial de Rali da FIA (WRC) e o Campeonato Mundial de Resistência da FIA (WEC), participa da desafiadora prova 24 horas de Nürburgring, do Rally Dakar, da Super GT (GT500 e GT300), da Super Fórmula japonesa, do Campeonato de Rally do Japão, e dos argentinos Super TC2000 e Top Race, entre outras competições.
E agora estreia na Stock Car, como patrocinadora da maior e mais popular categoria do automobilismo brasileiro, e com oito – entre 26 – carros na pista levando a marca Gazoo Racing Brasil (GRB).
“A Toyota considera o automobilismo uma forma essencial de se comunicar com os sonhos e a emoção dos fãs por meio da performance e da ação dos automóveis”, justifica Vladimir Centurião, diretor de operação de vendas, pós-venda e marketing da Toyota no Brasil. A TGR herda “a filosofia fundamental da marca de desenvolver seus recursos humanos por meio do automobilismo e seguir criando veículos cada vez melhores por meio da competitividade”, ele detalha.
NOMES FORTES – Criada em 2015, e presente na Argentina desde 2017, a TGR trouxe Matías Rossi, um dos pilotos oficiais da Gazoo Racing Argentina (GRA) na Super TC2000 e na Top Race, para correr na Stock Car com a marca Gazoo Racing Brasil (GRB). Ao lado dele, mais sete pilotos guiam o Corolla Stock Car em três das mais poderosas equipes da categoria.
Também pela Full Time correm Rubens Barrichello, Nelsinho Piquet e Rafael Suzuki. Na Ipiranga Racing estão Thiago Camilo e Cesar Ramos. E a RCM tem o jovem Bruno Baptista e o experiente Ricardo Zonta, que já defendeu a Toyota na Fórmula 1, entre outras atuações com a marca.
“Temos como objetivo nos aproximarmos dos fãs da categoria e também conquistarmos um novo público. Para isso, contaremos com o entusiasmo desses pilotos para o sucesso da nossa jornada”, explica o diretor de marketing. Para completar, Rubens Barrichello também irá correr nesta temporada ao lado de Matías Rossi no time da GRA que disputa a Super TC2000.
TROCA DE EXPERIÊNCIA – A seleção de Rossi e Rubinho para correr na Argentina e no Brasil atende duplamente aos objetivos da TGR: se aproximar dos fãs, atrair novos torcedores para o automobilismo, e aproveitar o trabalho nas competições para criar novos veículos. Como a Hilux GR-S, que teve sua segunda geração no Brasil lançada em abril, quando a temporada de corridas estaria começando, não fosse a pandemia da covid 19.
“A escolha do Matías Rossi se deu por ele ser atualmente um dos mais renomados pilotos na Argentina e aqui no Brasil temos o Rubens Barrichello, que dispensa apresentação. A troca de experiência entre ambos os pilotos será fundamental para o aperfeiçoamento, já que cada competição e os veículos têm suas particularidades”, diz Centurião.
MAIS ENVOLVIMENTO – Atuar no Brasil é apenas o segundo passo da TGR no continente latino. Há outros passos planejados, ele revela em entrevista exclusiva: “Na América Latina, a Toyota tem também atividades no Uruguai, Paraguai, República Dominicana e Costa Rica. Em breve, levará sua expertise em competições automobilísticas para outros países da região. No entanto, por ora não podemos abrir quais são e em quais competições exatamente”.
No Brasil, o plano é crescer no automobilismo. “Continuaremos apoiando a Stock Car como patrocinadores e participantes das etapas, que neste ano também acontecerão virtualmente. No futuro, pretendemos expandir o apoio a outros eventos ligados ao automobilismo. Seja por meio das competições, ou com produtos customizados e acessórios para carros, queremos fazer parte de momentos inesquecíveis na memória dos fãs do esporte”, conta o executivo.
COVID 19 – Naturalmente, os planos da GRB – que foi anunciada em 2019 e no ano passado mesmo realizou a primeira edição do programa Young Drivers Academy GR na Stock Car – tiveram que ser repensados em função da pandemia.
Esse programa, que foi desenvolvido paralelamente às três últimas etapas da Stock Car em 2019 e deu ao vencedor José Mugiatti Neto 65% do investimento necessário para correr na Stock Light nesta temporada, não será realizado em 2020.
“Nossa primeira preocupação é com relação à proteção das pessoas. Por conta de toda a situação de pandemia, cenário que inviabilizou a programação, decidimos postergar, sempre pensando, prioritariamente, na segurança de todos os envolvidos”, afirma Centurião.
E nada substituirá o efeito do glamour de levar convidados aos autódromos para ver as corridas, em camarotes e arquibancadas, e vivenciar a alegre vibração dos fãs na visita aos boxes, quando interagem com os pilotos, ganham brindes e autógrafos, e fazem selfies com eles, o que agora é impossível, com os eventos fechados ao público.
VAI VENDER ONDE? – Mas nada mudou nos planos de comercializar produtos da GRB, como camisetas, jaquetas e bonés. “Eles já estarão disponíveis após a estreia da Stock Car”, diz Centurião. Só não informa em quais locais. Pode ser que seja em 30% das concessionárias no Brasil (esse número irá aumentar), onde já se encontram itens das marcas Toyota, como chaveiros, squeezes e canecas, entre outros, e produtos oficiais da marca Lexus, como acessórios de golfe, carteiras, xícaras e garrafas.
Quando a presença da plateia for liberada em corridas e outros eventos, certamente os produtos GRB poderão ser adquiridos nas costumeiras butiques da Toyota em competições, feiras e exposições. Mas, com a ascensão que a pandemia proporcionou ao e-commerce, não é difícil imaginar que possam ser vendidos online.
HIGH-TECH – Aliás, no campo da tecnologia, a demanda maior por e-motorsports provocada pelo isolamento necessário ao combate à covid 19, acabou indo de encontro ao projeto de corridas virtuais da Toyota iniciado no ano passado.
“Dentro do plano para atrair novos fãs do automobilismo, uma das ações que desenvolvemos foi o e-motorsports. Por meio de um acordo com a Sony Playstation e a plataforma Gran Turismo Sport, desde 2019 está sendo desenvolvida uma competição virtual da Copa Supra, em que os melhores pilotos virtuais de todo o mundo competem por sete rodadas para definir, num evento presencial dentro do Campeonato Mundial da FIA GT, quem é o melhor piloto virtual de Supra do mundo. A plataforma de e-motorsport está sendo essencial para atrair novas gerações para o automobilismo e reforçar nossos objetivos”, afirma Centurião.
E promete: “Há muitas outras ações e empreendimentos planejados para cativar o fã e entregar a ele a melhor experiência de marca. Estamos em meio à viabilidade dessas estratégias. Vem muito mais por aí!”.
EMOÇÕES – Na avaliação dele, no contexto da pandemia, é “fundamental inovar, como é o caso da Stock Car, que, pela primeira vez, trouxe um campeonato virtual para simular a emoção de assistir uma corrida de carros no conforto de casa e com a participação de pilotos profissionais”.
Apesar das adversidades do momento para os esportes, há saídas, na visão do diretor de marketing da Toyota: “Felizmente, a tecnologia possibilita novas experiências e o contato com as marcas não se restringe aos contatos presenciais. Também podemos ativar emoções, entregando experiências e por meio de ações para alcançar o nosso público-alvo”.
LONGO PRAZO – Na montadora japonesa, cuja filosofia é não falar sobre projetos futuros, a disposição para superar a dura realidade que a covid 19 impôs ao mundo é tão grande quanto a absoluta discrição sobre valores financeiros e planos de ação. Nem há resposta para perguntas sobre se haverá campanhas publicitárias com o mote competições. O que faz supor que isso seja bem provável.
“A Toyota não divulga dados de investimentos, mas podemos afirmar que seguiremos com a nossa filosofia de longo prazo, acreditando e apostando nas mais variadas formas para atrairmos fãs da marca e também novos entusiastas”, conclui Vladimir Centurião.
HONRADOS POR ANDAR COM A JAPONESA
Se há algo em comum entre os envolvidos com o projeto da Toyota na Stock Car é a sensação de honra, um conceito muito forte entre o povo nipônico, por trabalhar com a montadora do Japão. E também a força que isso agrega ao perfil de cada um.
Seja o veterano piloto Ricardo Zonta ou Bruno Baptista, seu jovem companheiro de equipe na RCM, muito felizes por guiar um Corolla Stock Car, ou o experiente Maurício Ferreira, dono da Full Time Sports.
Bruno Baptista, que está em sua terceira temporada na Stock Car e tinha dois anos de idade quando Zonta começou a correr na Fórmula 1, conta que está “honrado em representar uma das maiores marcas do mundo”, e promete dar todo o seu esforço para “representá-la muito bem”. Ele acredita que, por fazer parte do projeto da Toyota na Stock Car, sua imagem como piloto irá crescer. “E isso, para buscar patrocínios no futuro, será melhor”, admite.
Zonta, que conquistou a primeira pole position da Toyota na prova inaugural da Stock Car, em Goiânia, concorda: “Poder fazer parte dos projetos da montadora demonstra que juntos tivemos grandes resultados. É sempre importante ter o nome ligado a empresas sérias, que passam essa confiança ao mercado”. Além de pilotar o Fórmula 1 da Toyota, ele a representou com sua própria equipe no Campeonato Brasileiro de Marcas, sendo vice-campeão em 2012; em uma etapa do Super TC 2000 em 2014 e em uma prova na Costa Rica em 2019.
Para Maurício Ferreira, ao lado da honra, vem a responsabilidade extra por ter na Full Time Matías Rossi, piloto oficial da GRA, correndo com as cores e o logotipo da Toyota Gazoo Racing, e vêm também as decorrentes oportunidades nos segmentos de engenharia, de desenvolvimento de produtos, de pós-vendas e de marketing que a equipe terá com fornecedores e com a própria Toyota: “Só vai somar”.
Estela Craveiro é uma jornalista paulistana experiente em muitas áreas, entre elas, negócios, marketing e automobilismo, setor que descobriu como repórter do jornal de economia Gazeta Mercantil, no fim dos anos 1990, e com o qual se manteve envolvida até metade da década passada, como repórter, criadora de sites e assessora de imprensa de pilotos. Agora, retorna ao esporte a motor com o F1Mania.net, para trazer matérias, entrevistas e notas sobre marketing esportivo. E-mail para contato: estela.craveiro@f1mania.net
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