Na reta final do campeonato do ano passado, os dois pilotos se chocaram em uma curva, o que acabou com as chances de título do italiano. Agora, para o espanhol, o octocampeão mundial se tornou mais um rival nas pistas
Felipe Domingues
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Quer saber a fórmula para se transformar de ídolo em rival? Simples. Faça com que mestre e pupilo dividam uma curva em uma prova da MotoGP, causem uma colisão e decidam o título do campeonato que, no caso, não seria em favor de nenhum dos dois. Pois foi exatamente isso que aconteceu com o espanhol Marc Márquez, o ex-fã, e o italiano Valentino Rossi, o astro, na penúltima prova de 2015.
Em um evento realizado por seus patrocinadores (Honda e Estrella Galícia), nesta terça-feira, em São Paulo (SP), o bicampeão da categoria falou sobre sua relação com o octocampeão mundial, estremecida desde o incidente na etapa da Malásia do ano passado, quando Rossi empurrou Márquez para fora da pista e, punido, largou em último na prova decisiva, praticamente dando adeus às chances de título.
Segundo o jovem de 23 anos, que nunca negou ser fã do italiano, o piloto da Yamaha deixou de ser espelho e passou a ser mais um rival.
– Ele não é mais meu ídolo. Eu sempre me espelhei no Valentino, mas a rivalidade é o que te faz crescer. Cada vez mais, você quer tentar ganhar – afirmou o espanhol.
Apesar da mudança de tom ao falar de Rossi, Márquez não deixou de elogiar o octocampeão.
E, após a troca de farpas públicas no fim do último campeonato, inclusive com o italiano afirmando que o espanhol não ultrapassou seu compatriota Jorge Lorenzo na última corrida do ano para prejudicá-lo, Marc fez um “alerta”:
– Todos querem copiar a carreira esportiva do Valentino, tudo o que ele conseguiu e como pilota. Ele é muito grande para o motociclismo. A rivalidade é importante e deve existir. Espero que ela siga aumentando neste ano. Mas há limites: rivalidade deve ficar na pista.
Se na última temporada o espanhol não possuía um equipamento competitivo para brigar pelo título, as coisas parecem ter mudado nesse ano. Líder após duas corridas, com uma vitória e um terceiro lugar, Márquez já tem claro em sua mente qual seu objetivo em 2016:
– Estou contente com o que esta acontecendo agora. Nesse ano a expectativa é me tornar campeão.
A meta está traçada. Será que, em 2016, teremos outro duelo entre Marc Márquez e Valentino Rossi?
BATE-BOLA Marc Márquez Piloto da Honda na MotoGP
‘Cumpri todos os meus sonhos. Mas sou um piloto e quero sempre mais’
LANCE! – Dos seus três títulos na MotoGP, qual você guarda mais carinho?
Marc Márquez – O primeiro foi mais bonito, porque não se esperava. Nenhuma equipe achava que eu ganharia, e nem nós. Foi mais bonito por isso, porque chegamos pouco a pouco e nos encontramos no fim da temporada cientes que poderíamos ganhar tudo. E ganhamos.
L! – Você pensa em bater os recordes do Valentino Rossi na MotoGP?
MM – O Valentino é uma referência, por tudo o que fez, seus recordes e fãs. Mas, no fim, quebrar recordes não é o que me importa. Importante é ter mentalidade de vencer mais a cada ano e aprender com os erros, como o do ano passado. A cada ano temos rivais diferentes. No ano passado foi o Jorge Lorenzo e, nesse ano, ainda não há um definido. Espero lutar pelo título, que é o que está parecendo. Acho que entre eu, Rossi, Lorenzo e o Dani Pedrosa teremos um bom campeonato.
L! – Você já pensa em ser o melhor piloto da história?
MM – Espero. Minha carreira vem sendo melhor do que esperava. Tenho 23 anos e cumpri todos os meus sonhos, que era ser campeão em todas as categorias. Mas sou um piloto e quero sempre mais. A mentalidade de querer ganhar não cansa. Se me perguntar até quando vou correr, te respondo que será até quando o corpo aguentar, porque a gana segue sempre igual.
L! – Você dá dicas para seu irmão, Álex, na Moto2?
MM – Meu irmão é a maior vantagem que tenho, porque sempre treinamos juntos e ele me faz ser melhor, porque eu sou o mais velho e tenho de ganhar (risos). Agora ele está sofrendo um pouco, mas vai passar por isso.