Chefe dispara contra Bagnaia após comentário polêmico: ”falou uma grande bobagem”

A apenas um ponto na liderança do mundial de MotoGP em 2023, Francesco Bagnaia entrou em uma polêmica após o GP da França do último domingo. Ele chegou a dizer que para ser mais segura e evitar toques e acidentes nas primeiras voltas, a MotoGP devia ter uma diferença maior entre as motos de fábrica e satélites.

Seu comentário não foi bem recebido.

“Um piloto atrás de você, que não tem potencial, quer ultrapassar seis pilotos em uma volta. E não funciona assim. Porque estamos todos no limite, em busca do objetivo máximo. E se estou freando no limite, principalmente na primeira parte da corrida, é errado tentar frear além desse limite”, iniciou o atual campeão mundial.

“Se você olhar, os incidentes são principalmente na primeira parte das corridas, porque há muita agitação. Devemos pensar em tentar melhorar essa situação, porque não é seguro assim. Uma coisa que penso é que, da primeira à última moto, todos podem ganhar. Não há mais uma diferença de 0s6 ou 0s7 entre as motos de fábrica e as satélites. Isso foi útil, honestamente, porque os ‘Fantásticos 4’ (Valentino Rossi, Casey Stoner, Jorge Lorenzo e Dani Pedrosa) nasceram porque eram os mais fortes, mas também tinham motos de fábrica.”

“Entretanto, os outros ficaram mais atrás, porque não tinham potencial, mas também não tinham o mesmo nível técnico. Agora o nível é extremo. Com toda a aerodinâmica, tudo está no limite. Cada piloto tem uma chance de ganhar. Por exemplo, o Augusto Fernandez foi quarto hoje, é campeão do mundo mas também é estreante. Quero dizer, o ritmo não era tão rápido, tirando Bezzecchi. E ele apenas fez o ritmo que todos esperávamos. Os outros foram lentos e isso mantém o grupo unido.”

“Então, na minha opinião, gostaria de uma vantagem maior entre as motos de fábrica e as satélites. Ou pelo menos encontrar uma solução para evitar este tipo de incidentes.”

A fala de Bagnaia não foi bem recebida pelo chefe da Tech3 e presidente da IRTA, associação de equipes privadas da MotoGP, Herve Poncharal.

“O que me surpreende é que ele se beneficiou desse sistema, conseguiu ter motos de alto desempenho em uma estrutura independente, na Pramac Ducati, e agora li que seria bom castrarmos as motos das equipes privadas por 0s6 ou 0s7 por volta para que os ricos e poderosos se divirtam. Ele até disse que quando os ‘Fantásticos 4’ – que eram Rossi, Stoner, Lorenzo e Pedrosa – tinham motos de fábrica que superavam as motos de equipes independentes. Que isso era uma ótima situação.”

“Isso vai contra todo o trabalho que fizemos, para podermos ter um grid decente. Nós, enquanto equipes independentes, com a Dorna, a FIM e a MSMA, conseguimos convencer os fabricantes de que tinham de equipar as equipes de satélite com máquinas de alto desempenho. As quatro primeiras posições no GP da França foram de equipes independentes, e é fabuloso ver que a corrida pelo título está aberta. Bezzecchi, um jovem piloto com uma Ducati de equipa privada, está apenas a um ponto de Bagnaia, na moto oficial da mesma fábrica.”

“É ótimo para todos, é ótimo para o esporte e permite que nós, times independentes, convençamos nossos patrocinadores a se juntarem a nós. Porque podemos dizer a eles que não estamos lá apenas para preencher o grid, mas para atuar. Você pode vencer corridas e, eventualmente, almejar o título.”

“Quando Bagnaia chegou à MotoGP numa equipa independente, ficou contente por ser tratado com um equipamento que funcionava bem e por ser tratado como um piloto profissional.”

“Eu pensei que como campeão mundial você fosse informado e ensinado a ter que virar a língua sete vezes na boca antes de dizer algo estúpido. E aí, ele disse uma bobagem tão grande como essa. Isso me chocou muito pessoalmente porque é antidesportivo. Um dos valores básicos do esporte é o respeito e a justiça. E isso é de alguma forma uma falta de respeito para, mais uma vez, não castrar, mas penalizar. Além disso, ele deu valores da penalidade, ‘6 ou 7 décimos’. Em sua grande clemência, ele não disse 1 segundo.”

“E o que é o esporte nesses casos? Porque o que queremos ver são motos brigando, mas também homens brigando. É uma falta de respeito também dos colegas do VR46. Seria bom se ele falasse com Bezzecchi sobre isso…”