Mesmo quase dez anos depois, o polêmico GP da Malásia de 2015 segue dando o que falar. Desta vez, Valentino Rossi em uma entrevista voltou a reviver o momento mais tenso de sua carreira, que representou a explosão de sua inimizade com Marc Márquez.
“Na Malásia, fui contra ele na conferência de imprensa porque queria tentar colocá-lo na merda, contar a todos o que ele estava fazendo (supostamente pro ter tentado frear o progresso do 46 no GP da Austrália, prova anterior, para ajudar Jorge Lorenzo a conquistar o título), na esperança de que ele parasse de fazer isso”, disse Rossi no podcast do piloto Andrea Migno.
“Até porque ele não teve nada a ver com isso, Lorenzo e eu estávamos lutando pelo campeonato. Se você estivesse lutando pelo título, poderia entender. Mas se você não tem nada a ver com isso, você nem é companheiro de equipe de ninguém, tem que ter o respeito de não tocar nos outros. Você só precisa fazer sua própria corrida, tentar vencer e pronto. Mas me incomodou em Sepang durante toda a corrida”.
“Ele tentou me fazer cair três ou quatro vezes e felizmente não conseguiu. Cheguei bem perto dele e olhei para ele para dizer, ‘o que diabos está acontecendo? O que você está fazendo?’ Nós apenas nos tocamos, eu não queria derrubá-lo, mas isso me fez perder o Mundial, também porque me fizeram largar em último em Valência.
Após o incidente, Rossi não tomou bandeira preta e não foi punido, porém foi obrigado a largar de último em Valência, última prova do ano.
“Depois da corrida os comissários me chamaram. Eu estava com Maio Meregalli (chefe de equipe) da Yamaha e Márquez estava com seu Emilio Alzamora, que começou a me insultar. Perguntei por que ele estava ali porque não era da Honda. No final, Mike Webb anunciou que eu largaria em último em Valência, algo que nunca aconteceu na MotoGP. Normalmente teriam me punido com ride-through em Sepang, teria terminado em quinto por ter derrubado o Márquez de propósito. Eles deveriam ter me forçado a fazer isso, mas não o fizeram e inventaram a última posição de largada em Valência. Cortaram minhas pernas, eu tinha perdido o Mundial”.
“Naquele momento, Márquez estava de cabeça baixa, eu disse a ele que fazer isso iria afetar o resto de sua carreira, porque é repugnante para o esporte fazer outra pessoa perder. Quando soube que em Valência largaria de último, meu sangue gelou porque sabia que tinha perdido o título. Mas minha primeira reação foi olhar para Márquez, e ele ergueu os olhos e olhou para Alzamora como se dissesse: ‘conseguimos’.”
“Márquez é um piloto muito forte, um campeão. Ele sempre foi bastante duro, muito agressivo, mas em 2015 ultrapassou os limites. Se você é um mau esportista ou agressivo, pode estar no limite da sujeira e eu poderia dar muitos exemplos. Mas ninguém, entre as grandes estrelas do esporte a motor, jamais lutou para fazer outro piloto perder, é isso que marca a linha. Normalmente quem fez certas coisas fez por si mesmo, estava sujo para ganhar vantagem própria, porque queria vencer.”
O campeonato chegou a Valência com Rossi liderando o mundial com 312 pontos e Lorenzo em segundo com 305. Valentino largou em último e chegou na quarta posição e não conseguiu chegar nos três primeiros, Jorge Lorenzo, Marc Márquez e Dani Pedrosa. Assim, Rossi perdeu o mundial.