Mil Milhas: Audi TTR DTM vence a prova

Com uma inesperada vantagem de oito voltas sobre o protótipo ZF Riley Scott, o Audi TTR DTM da Equipe Medley Genéricos venceu a 33a edição das Mil Milhas Brasileiras, encerrada debaixo de temporal nesta terça-feira no Autódromo de Interlagos. O carro – atual campeão do badalado Campeonato Alemão de Turismo – foi pilotado por Xandy, Xandinho e Guto Negrão, que contaram com o reforço de Giuliano Losacco, detentor do título de 2004 da Stock Car. As 374 voltas foram completadas em pouco menos de onze horas e quinze minutos.

A corrida, incluída no calendário oficial de comemorações dos 451 anos da cidade de São Paulo, começou à meia-noite de ontem e contou com a participação de 60 carros de cinco categorias. As maiores atrações, no entanto, eram os modelos importados da classe P1, todos com mais de 500 cavalos de potência e dotados da mais sofisticada tecnologia de competição, exemplos do Saleen SR7, do Viper GTR, do Lister Storm Jaguar e do ZF Riley Scott. Mas nenhum deles pôde acompanhar o ritmo do Audi TTR DTM depois que a pista molhada do início da prova começou a secar.

Xandinho levou o carro da segunda posição do grid para a liderança ao ultrapassar o ZF Riley Scott de Tony Kanaan logo na largada. As primeiras horas foram marcadas pelo equilíbrio. Além Xandinho e Kanaan, o Saleen SR7 pilotado por Franz Konrad chegou a comandar o pelotão. A marca norte-americana, contudo, abandonaria pouco depois das 8 horas por causa da quebra de uma válvula.

Aos poucos, a corrida se transformou num duelo particular entre Audi e ZF. “A rigor, só tivemos dificuldades quando a pista estava úmida. Esse é um problema que o carro enfrenta inclusive na Europa. Com asfalto seco ou bastante molhado, o Audi é excelente”, elogiou Guto, o quarto piloto da Medley Genéricos a ocupar o cockpit. No começo da manhã, a equipe abriu uma vantagem nunca inferior a seis voltas e pôde administrar a parte final da corrida. Campeão sul-americano de Fórmula 3 do ano passado e atravessando grande fase, Xandinho, de apenas 19 anos, foi encarregado de receber a bandeira quadriculada.

O pai Xandy e o chefe da Medley Genéricos, Andreas Mattheis, creditaram boa parcela do resultado à evolução do carro em relação ao modelo que não completou a prova de 2004. “O câmbio pneumático cansa muito menos que o manual, e isso é importante numa prova de longa duração. E os freios antiblocagem ajudam muito no molhado”, comentou Xandi, que havia vencido as Mil Milhas Brasileiras em 2002. “O nível de segurança da pilotagem aumentou bastante”, concordou Matteis, “mas o fator determinante foi o conjunto. Temos um carro excepcional, pilotos fantásticos e, modéstia à parte, uma equipe excelente.”

O carro vencedor fez nove paradas para reabastecimento e troca de pneus e pilotos. Foram duas a mais que o previsto, por cauda das condições variáveis do tempo. Mas não precisou substituir um único componente durante a maratona que provocou enorme quantidade de quebras. “A maior dificuldade foi o trânsito. O carro não deu um único probleminha”, comentou Losacco. “Eu sabia que tínhamos condições de ganhar. Não me impressionei com o favoritismo atribuído ao ZF porque sabia das condições do nosso carro e por causa do maior número de pit stops que o protótipo teria de fazer”, completou Xandy.

As Mil Milhas Brasileiras representaram a despedida de Xandinho das pistas nacionais. No mês que vem, ele embarca para a Europa a fim de iniciar a pré-temporada de testes da Fórmula GP2, novidade que a FIA criou para ocupar o lugar da Fórmula 3000. Ele será companheiro de Nelsinho Piquet na equipe Hitech Piquet Sports. Em 2004, além do título na Fórmula 3 sul-americana, ele foi campeão brasileiro de endurance pela Medley Sports, ao lado dos mesmos pilotos com quem dividiu o degrau mais alto do pódio das Mil Milhas Brasileiras.

Os melhores da prova:

1 – Audi TTR DTM (Xandy, Xandinho, Guto Negrão e Giuliano Losacco), 374 voltas em 11h14min49s929;

2 – ZF Riley Scott (Felipe Giaffone, Tony Kanaan, Luís Paternostro e Paulo Bonifácio), 366 voltas;

3 – Viper GTS-R (Marco Ciocci, Piergiuseppe Perazzini, Gabriele Matteuzzi e Tom Weickardt), 349 voltas;

4 – Porsche GT3 (Aroldo Bauermann, Ricardo Etchenique, Sérgio Magalhães e Ricardo Maurício), 348 voltas;

5 – Porsche GT3 (Nonô Figueiredo, Otávio Mesquita, Luiz Zattar e Marcos Moraes), 345 voltas;

6 – BMW M3 E45 (Dieter Quester, Karl Wendlinger, Toto Wolff e Stefano Zonca), 340 voltas.