Nos primeiros treinos da edição 2004 da Mil Milhas Brasileiras, a prova de gala do automobilismo brasileiro que será realizada a partir das 0 horas do próximo domingo, 25 de janeiro, já deu para perceber que está será mais uma competição de endurance em que o mote será a disputa entre os veículos nacionais e os importados. E representando a brasilidade, a equipe Spibor/IBL/Scheaffer/Delgado’s inscreveu o único Opala que participará da competição, com o numeral 98, conduzido pelos irmãos Guido e Jonatas Spina Borlenghi, e Arquimedes Delgado. O Opala foi o carro que mais vitórias conquistou nas Mil Milhas, ao somar sete triunfos contra seis do Porsche. “Hoje em dia é muito difícil um carro como o Opala vencer na geral. Mas no grupo 2, onde está inscrito, vai brigar novamente pelo título”, assegura o jovem piloto (26 anos) Jonatas Borlenghi, lembrando que este mesmo carro foi o segundo colocado em sua classe no ano passado. “Só a BMW dos italianos chegou na nossa frente. Este ano, queremos subir só mais um degrauzinho no pódio”, aspira o experiente (38 anos) Arquimedes Delgado, preparador e também piloto do time.
Quase doze anos depois de sair de linha, o Opala ainda faz sucesso. Muitos saudosistas e colecionadores mantêm em ótimo estado de conservação este carro que foi top de linha da Chevrolet por muito tempo, e que hoje é cotado por cerca de R$ 10 mil nas principais tabelas de carros usados. No entanto, tem um modelo que está avaliado em cerca de US$ 60 mil. “Eu não vendo ele por menos. E não é por sentimento, é por pedigree”, brinca Guido Spina Borlenghi (37 anos), proprietário desta verdadeira jóia. E não é para menos. O Opalão da Spibor/IBL/Scheaffer/ Delgado’s lembra os seus irmãos do mesmo modelo só nas linhas básicas de seu desenho porque, o resto, é todo diferente. A começar pelo seu currículo, já que foi recordista brasileiro de velocidade de 1996 até meados do ano passado, com 274,60 km/h. “Hoje ele já passa dos 280 km/h, mas só no ano passado fomos vencidos pelos carrões importados que custam centenas de milhares de dólares, para atingir os 300 km/h”, comentou Guido, ainda orgulhoso de ter o mais veloz carro brasileiro.
Uma fera de 540 cavalos de potência
A quase totalidade dos equipamentos deste Opala nº 98 veio dos Estados Unidos. A começar pelo seu interior, com o banco tipo concha, da marca Kinkey, usado na Nascar, os cintos de segurança de 5 pontas e os instrumentos de painel Automeeter. O tanque de combustível, com capacidade de 100 litros de gasolina, também é Yankee. Mas a grande atração do carro é o V Oitão, como o pessoal do Tuning se refere ao motor Chevrolet 355V8, Small Block, de 5,7 litros de cilindrada, com cabeçotes de alumínio de Pontiac. O coletor de admissão é um Edelbrock Victor e o comando de válvulas e tuchos são Crane. O coletor de escapamento é Headman. O virabrequim é em aço de 43×40, da marca Callies, e as bielas são em aço forjado da Olivier, com pistões forjados da Wiseco. O sistema de lubrificação é por Carter seco com bomba de óleo externa, de quatro estágios, fornecido pela Moroso. O motorzão é alimentado com um carburador quadrijet Demon, e tem taxa de compressão de 11,8:1, para o uso da gasolina Premium. O sistema de ignição conta com cabos de vela Taylor de 10,4 mm, além de um módulo MSD 6AL. A bobina é PS92 Crane, e o distribuidor é MSD Billet. Com toda esta configuração, o motor tem 540 cavalos de potência máxima a 7.100 rpm, e torque máximo de 65,0 kgm a 4.900 rpm. “Na semana passada medimos a potência em um dinamômetro, e chegamos a 450 hp disponíveis no solo. Isto nos dá a certeza que temos um dos carros mais potentes da Mil Milhas”, assegura Delgado, responsável pela preparação técnica na Spibor/IBL/ Scheaffer/Delgado’s.
O único Opala inscrito na Mil Milhas de 2004 utiliza embreagem Dilton, de três discos de cerâmica com acionamento hidráulico. O sistema de transmissão é de quatro marchas, com caixa de câmbio Richmond, diferencial Dana 44, com coroa, pinhão e auto-blocante da Precision Gear. Para ajudar na estabilidade e tração, esta fera é calçada com um impressionante conjunto de rodagem: as rodas importadas Basset são de 15×10 polegadas na dianteira, e 15×12 na traseira. Os pneus que serão usados são os americanos Hoosier, da Stock Car americana, na medida 24,5×11,5 polegadas. Nacional, só o sistema hidro-pneumático para levantamento do carro nos reabastecimentos, desenvolvido pela Delgado’s. E para parar os 280 km/h de velocidade final, o Opala foi dotado de freios a disco Wilwood SuperLight2 nas quatro rodas, com 12,2 polegadas de diâmetro cada um, e com duas pinças em cada freio da dianteira, e uma pinça nos traseiros.
Os treinos livres para as Mil Milhas vão acontecer nesta terça e quarta-feiras, das 14 às 22 horas. Neste mesmo horário, vão acontecer os treinos classificatórios na quinta-feira. Sexta-feira será o dia de descanso, com o treino de aquecimento acontecendo das 20 às 21 horas de sábado. A prova deve terminar por volta das 12 horas de domingo.