Para se disputar uma prova de longa duração no automobilismo, além do alto investimento, é necessária uma grande estrutura técnica e humana. E isto pode ser claramente observado na principal etapa do calendário nacional. A 32º edição das Mil Milhas, que terá largada as 0 horas de domingo (25/1), vai reunir 66 carros com cerca de 200 pilotos, e mais de 2.000 pessoas na área dos boxes do Autódromo de Interlagos (SP). “O mais importante é ter uma boa organização e metodologia de trabalho”, assegura Joel Finotti Júnior, chefe da única equipe inscrita para correr com um Opala de 540 hp de potência, e que lançará mão de sua experiência de 20 anos para comandar três pilotos e mais 22 pessoas entre mecânicos, ajudantes, cronometristas, sinalizadores, seguranças e até um cozinheiro.
Os números de uma corrida como as Mil Milhas impressionam. A começar pela distância, equivalente a 1.609,344 quilômetros, percorrida em 373 voltas em cerca de 12 horas pelo traçado de 4.309 metros do circuito paulistano. E para fazer frente a este desafio de máquina e pessoas, é exigida das equipes uma forte estrutura e uma boa logística de operação. “Contando desde o início da programação da prova, na terça-feira (20/1), deveremos consumir mais ou metros 1.500 litros de gasolina Podium. O ruim é que a organização nos cobra R$ 3,70 o litro”, afirma Finotti Jr. Com tanto combustível no minúsculo boxe de nº 13, a organização tem ser perfeita para se evitar acidentes. “Estamos equipados com vários extintores de incêndio e muita água. Além disso, todos os 25 componentes de nossa escuderia treinaram bastante a sua movimentação, de acordo com a função específica de cada um, e também a utilização de todo o ferramental e equipamentos de segurança”, explicou o diretor esportivo da Spibor/IBL/Cesari/Scheaffer/Delgado’s.
Já que a equipe passa quase 18 horas por dia dentro do Autódromo de Interlagos, foi necessário criar uma mini-cozinha industrial dentro dos boxes, com fogão, geladeira, freezer, fritadeira elétrica, churrasqueira, pilotados por um cozinheiro que gerencia uma ampla despensa, com dezenas de quilos de alimentos. “No primeiro dia de treinos, foram consumidos 120 lanches, 40 litros de refrigerantes, quatro pacotes de gelo e dois garrafões de água”, comentou o cozinheiro Rosevaldo dos Reis, que tem em estoque muito macarrão, arroz, verduras, além de doces e frutas frescas. “O desgaste físico de todos é muito grande. Este pessoal trabalha demais e precisa repor as energias com uma boa alimentação, já que descanso mesmo, só na próxima segunda-feira. Mas todos adoram o que estão fazendo”, assegura o chefe da equipe Spibor/IBL/Cesari/Scheaffer/Delgado’s.
Numa prova como as Mil Milhas, os números que os pilotos estão sujeitos também impressionam. Além de permanecerem amarrados dentro do cockpit quente por no mínimo uma hora e meia, correndo no escuro a uma velocidade média de 150 quilômetros horários, eles tem um desgaste físico muito grande. “Serão cerca de 6.000 trocas de marcha durante a corrida, além do esforço no pé direito em cima de um freio duríssimo, e ficar chacoalhando de um lado para outro nas curvas e reacelerações”, disse Jonatas Spina Borlenghi, piloto de Truck que vai dividir a condução com o seu irmão Guido. “Eu chego a perder até seis quilos em uma Mil Milhas. É necessário ter um bom preparo físico e uma boa nutrição”, receita o piloto, que no ano passado foi segundo colocado na categoria 2 na Mil Milhas. “O desgaste humano e do carro é muito grande. No fim da corrida, está tudo mundo morto de cansaço, principalmente por ter virado a noite sem dormir e com muita tensão. E o carro, coitadinho, termina a corrida sujinho e precisando ser totalmente refeito”, emendou Arquimedes Delgado, piloto e diretor técnico da Spibor/IBL/Cesari/Scheaffer/Delgado’s.