A Audi dominou o pódio na histórica 24 Horas de Le Mans. Além de conquistar a primeira, segunda e terceira posição, a equipe alemã inscreve também na história a primeira vitória de um carro híbrido nesta lendária competição. O Brasil esteve representado na prova. Jaime Melo, em sua sexta participação, ficou na segunda colocação na categoria GT Pro, correndo pela equipe Luxury Racing.
Numa corrida de endurance, na qual a confiabilidade é decisiva, a Audi conseguiu contornar os pequenos problemas que enfrentou, enquanto via seus principais rivais ficarem para trás, entre os 21 carros, que abandonaram a prova.
O trio vencedor foi o mesmo do ano passado, com Marcel Faessler (SUI), André Lotterer (ALE) e Benoît Treluyer (FRA). Eles deram à Audi sua décima primeira vitória desde a estreia da montadora alemã em Le Mans, no ano de 2000. Durante as 24 horas da corrida, o carro vencedor percorreu 378 voltas, o equivalente a mais de 5.150 quilômetros. Após a prova, Treluyer disse que o sucesso é um reflexo do verdadeiro espírito de equipe dentro da família Audi: “Isso é fantástico e estamos muito felizes com o resultado. Mantivemos a mesma equipe – incluindo os mecânicos – para a corrida deste ano, porque todos nós nos demos muito bem juntos. Chegamos aqui nos sentindo bem preparados e muito seguros, graças à nossa vitória no ano passado. Com Marcel e André formamos uma equipe sólida e unida. Por isso, queremos lutar um pelo outro e pela Audi. O projeto híbrido só serviu para nos motivar ainda mais. E ter vencido uma corrida como as 24 Horas de Le Mans pela primeira vez com um carro híbrido é fantástico, é um momento que entrará para a história, nós estamos nos sentindo muito orgulhosos por isso”.
Tom Kristensen, oito vezes campeão em Le Mans, terminou apenas uma volta atrás – depois de 24 horas – e teve de se contentar com segundo lugar. Como de costume, o dinamarquês dividiu suas funções no volante com Rinaldo “Dindo” Capello – italiano, que comemorou seu aniversário de 48 anos no domingo da corrida – e o escocês Allan McNish. Com o vice deste fim de semana, o trio reassume a liderança do campeonato de pilotos da Rolex WEC (World Endurance Championship), o Campeonato Mundial de Endurance, que terá uma prova em Interlagos no Brasil, em setembro deste ano.
Desde suas origens, em 1923, as 24 Horas de Le Mans estiveram intimamente ligadas à inovação tecnológica. E isso é visível ainda hoje, nos carros de visual futurista das categorias de protótipos. A LM P1 (Le Mans Prototype 1), vencida pela Audi, é a mais disputada, mas há também as classes de carros de turismo (Grand Tour) profissional e amador, a GTE Pro e GTE Am, além da categoria “júnior” dos protótipos, a LM P2.
A classe LM P2 teve disputas mais apertadas, com os três primeiros carros terminando com uma diferença de duas voltas entre eles, com vitória da Starworks Motorsports Honda. Depois das 12 Horas de Sebring, esta foi a segunda vitória da equipe norte-americana pelo Campeonato Mundial de Endurance (WEC). A Honda foi seguida de perto por nada menos que cinco protótipos com motores Nissan. Na LM P2 um motorista de cada equipe precisa ser amador, e a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) tem se esforçado para manter os custos tão baixos quanto possível. Por tudo isso, a classe LM P2 é a categoria mais popular, com nada menos que vinte equipes bastante equilibradas no grid.
Exatamente 50 anos após a emblemática Ferrari 250 GTO conquistar uma dobradinha na classe GT das 24 Horas de Le Mans, o fabricante italiano venceu novamente, agora na classe GTE-Pro. Os carros vermelhos mais famosos do mundo, que estrearam em Le Mans no ano de 1949, contaram com a ajuda importante de um antigo piloto italiano de Fórmula 1, Giancarlo Fisichella, que correu ao lado de seu compatriota Gianmaria Bruni e do finlandês Toni Villander.
Sem conseguir repetir a vitória que teve anteriormente nas pistas de La Sarthe pela GTE-Pro, a Corvette participou da corrida e venceu a GTE-Am graças à equipe Larbre Competition. Eles conseguiram vencer por pouco a Porsche IMSA Performance, que teve um pneu furado minutos antes do final da corrida.
Nas corridas de endurance, o que conta é precisão, trabalho em equipe e perseverança; um padrão em Le Mans que conta com o total apoio da Rolex, cronômetro oficial do evento. A Rolex tem orgulho de ser parceira das 24 Horas de Le Mans desde 2001 e Relógio Oficial do WEC desde seu lançamento. A próxima rodada do WEC acontece no autódromo de Silverstone, dia 26 de agosto, na Inglaterra. São Paulo receberá também uma etapa, as Seis Horas de Interlagos, no dia 15 de setembro.
Além de Jaime Melo, que chegou a vencer na GTE-Pro em 2009, o Brasil tem uma grande tradição de participações nas 24 Horas de Le Mans, que remonta a 1935. Naquele ano, Bernardo Souza Dantas competiu ao volante de um Bugatti T 57. Com problemas no câmbio, Souza Dantas não terminou a prova, mas sua participação abriu caminho para outros brasileiros, entre eles Nelson Piquet, seu filho Nelsinho, Raul Boesel e Christian Fittipaldi.
Emerson Fittipaldi, bicampeão mundial de Fórmula 1, esteve no circuito para promover a etapa brasileira do Campeonato Mundial de Endurance, a Rolex WEC, no dia 15 de setembro, com as Seis Horas de Interlagos. Vai ser uma oportunidade para os brasileiros – apaixonados por carros – conhecerem esses protótipos inovadores e um lado diferente do automobilismo, no qual a competição é importante, mas que também valoriza a solidariedade, o espírito de equipe e uma atmosfera que se assemelha a uma grande celebração. Afinal, todos aqueles que completam uma corrida de endurance como essa as 24 Horas de Le Mans podem se considerar – merecidamente – vencedores.