O que qualquer piloto mais gosta de fazer é estar na pista acelerando. Se não tem corrida, pelo menos o treinamento estimula a adrenalina. E se o teste é coletivo, a competitividade já se aproxima das condições reais de uma prova oficial. E é isto que 30 pilotos de Fórmula Renault estarão experimentando durante dois dias no Autódromo de Interlagos, quando será realizado um total de 12 horas de treinos coletivos. “Não vejo a hora de acelerar o meu carrinho. Dá comichão só de pensar”, entusiasma-se o novato Alberto Valério (Lopes Consultoria de Imóveis/Jovem Pan/Xtreme/Dragão Motorsport), que estará treinando a partir das 10 horas desta quarta-feira (07/5), em São Paulo.
A maneira que os organizadores da Fórmula Renault encontraram para que os pilotos fiquem em atividade, sem custos exorbitantes, e acertem seus carros para as corridas tendo como parâmetro os seus concorrentes, foi através de treinos coletivos. “Eu preciso andar, treinar. Sou muito inexperiente e preciso de quilometragem com o carro”, admite Alberto Valério. “Não importa a pista aonde vamos treinar. Eu preciso me acostumar com o carro, sentir melhor as reações e descobrir o limite dele para deixa-lo competitivo”, afirma o piloto de 17 anos de idade, que não se importa em testar em Interlagos, onde já foi realizada a primeira etapa do campeonato, como preliminar da Fórmula 1. “Se você está bem entrosado com o seu carro, com 10 voltas você pega o jeitão da pista, seja qual for”, sentencia o piloto da Lopes Consultoria de Imóveis/Jovem Pan/Xtreme/Dragão Motorsport.
Equipe queria mais pneus para treinar
Os treinos coletivos da Fórmula Renault seriam mais produtivos se os pilotos tivessem mais pneus novos a disposição. “A organização só liberou dois jogos de pneus novos por carro, para as 12 horas de treinos. O ideal seria dois jogos por dia para fazer um bom trabalho”, aponta Luis Trinci, o “Dragão”, chefe da equipe de Alberto Valério, sobre a restrição em virtude da importação dos pneus Michelin e conseqüentemente para conter os custos da temporada. A equipe Lopes Consultoria de Imóveis/Jovem Pan/Xtreme/Dragão Motorsport já tem um planejamento de trabalho para os dois dias de testes. “Vamos começar com pneus bem velhos para o “Betinho” ir treinando o controle do carro. A tarde, vamos colocar pneus melhores para ele já começar a acertar um pouco o carro”, explicou “Dragão”. “Na quinta-feira vamos sair com os mesmos pneus para ver se está tudo “ok” e depois passamos o primeiro jogo de novos. A tarde, usaremos o outro “set” de pneus zero”, completou o experiente técnico.
O mais importante dos treinos coletivos da Fórmula Renault será a experiência que os pilotos novatos poderão adquirir, para poderem competir mais próximos dos competidores que estão correndo a mais tempo na categoria. “Na última etapa do ano passado, o polonês Robert Kubica veio correr aqui em Interlagos e mostrou para todo mundo a diferença que faz em treinar muito. Sem conhecer a pista ele sumiu na frente, pois tinha umas cinco vezes mais experiência que todos os brasileiros neste tipo de carro”, lembrou Alberto Valério. “Se o Alberto conseguir uma boa quilometragem, ele vai dar trabalho. Eu já falei para ele que o asfalto é preto, a brita é marrom, e a grama é verde. Não dá para confundir. Ele tem que andar na faixa preta”, brinca Luis Trinci. “É que ele é muito rápido e arrojado, e às vezes a gente tem que pedir para ele tirar um pouco o pé do acelerador. Senão, roda ou bate e perdemos muito tempo de treino”, elogia e aconselha ao mesmo tempo.
Os treinos coletivos que a Fórmula Renault irá realizar em Interlagos terão três sessões diárias de duas horas, com a primeira tendo início às 10 horas, a segunda às 13 horas, e a última as 15h30.