Parece que os organizadores da Fórmula Renault Brasil estão entendendo bem a necessidade dos pilotos treinarem. Eles anunciaram mais um treino coletivo no Autódromo Internacional de Curitiba, no dia 29 de maio, véspera da segunda etapa do Campeonato Brasileiro, marcada para ser disputada em 1º de junho naquela pista. A categoria já havia realizado dois dias de treinos em Pinhais, antes da abertura do certame deste ano. “Achei muito boa esta iniciativa. Nós estaremos mais íntimos com o carro e a pista na proximidade da corrida. E vai ser bom para o nosso bolso, pois não vai aumentar muito o gasto”, elogia o novato Alberto Valério (Lopes Consultoria de Imóveis/Jovem Pan/Xtreme/Dragão Motorsport), um dos pilotos que mais tem se ressentido da falta de treinos constantes.
Depois de ficarem mais de um mês sem atividades entre a prova de abertura do campeonato da Fórmula Renault brasileira, como preliminar do GP Brasil de Fórmula 1, e o treino coletivo que foi realizado em São Paulo nos dias 7 e 8 de maio, agora os pilotos vão ter um intervalo de três semanas até voltarem a acelerar os seus monopostos. Para a quinta-feira que antecede o início das atividades oficiais da corrida, estão programadas duas sessões de treinos com uma hora e meia de duração cada uma. “Vai ser um treino muito produtivo. Treino tem que ter critério. Dois dias seguidos, com 12 horas de treino, é muita coisa. No final do segundo dia o piloto está cansado e não rende bem”, enaltece o experiente Luis “Dragão” Trinci, chefe da equipe Lopes Consultoria de Imóveis/Jovem Pan/Xtreme/Dragão Motorsport, lembrando que os pilotos em Interlagos andaram cerca de mil quilômetros, a uma média de 160 quilômetros horários. Na véspera da segunda etapa do torneio os pilotos terão completado um total de cinco dias de treinos coletivos, perfazendo 27 horas na pista.
TREINO COLETIVO: UM BEM OU UM MAL?
Como categoria-escola, a Fórmula Renault tem esbarrado em várias discussões sobre custos e treinos para os pilotos que estão iniciando a carreira no automobilismo. Como não existe alternativa, os novatos ficam a mercê do que é programado pelos organizadores. Ao mesmo tempo em que os pilotos querem treinar para ganhar experiência, os promotores ficam preocupados com o aumento de despesas para aqueles que não tem patrocínio. Desta forma, a saída foi a implantação de treinos coletivos. “O treino coletivo tem o lado bom e o lado ruim. O coletivo ensina o piloto a lidar com a pressão. De um lado é bom, pois na corrida tem pressão e você tem condição parecida com isso. O ruim é que o novato não aprende direito a acertar o carro, justamente porque não tem tempo e tem a pressão”, comenta Luis Trinci. “A maior dificuldade é ter que andar rápido o tempo todo. É a pressão que a gente tem do monitor de cronometragem que fica ali exposto para todo o mundo ver”, emenda Alberto Valério, 17 anos, e primeiro ano no automobilismo.
Os treinos coletivos acabam se tornando uma corrida a parte, com os pilotos querendo sempre aparecer na primeira tela do monitor, e ficar com as primeiras posições na impressão dos resultados de cada da prática. “O treino coletivo se torna uma competição. Este fator influencia, pois o piloto está sempre sob pressão. É um aprendizado. É diferente do treino isolado, que é mais tranqüilo, pois é mais didático”, observa “Dragão”. “Prefiro treino isolado, pois posso aprender com calma, e eu faço o meu horário. No entanto, fica mais caro. Tudo tem o pró e o contra”, admite o piloto da Lopes Consultoria de Imóveis/Jovem Pan/Xtreme/ Dragão Motorsport, que ainda não atingiu a marca de 1.500 quilômetros rodados com um Fórmula Renault. E Luis Trinci completa. “Um Fórmula fala com o piloto. Se você mexer meio ponto na barra estabilizadora, o carro avisa, mas só quando o piloto tem experiência para traduzir isto. Até chegar neste ponto, temos que fazer alterações drásticas, para os dois lados, para o novato entender isso. E só conseguimos isto com muito treino”.