Começa nesta sexta-feira o Campeonato Europeu de Fórmula 3, que realizará no circuito alemão de Hockenheim a primeira das dez rodadas duplas previstas para 2005. Considerado atualmente o mais competitivo e badalado torneio da modalidade em todo o mundo, o certame terá neste ano uma coleção de jovens talentos que são potencialmente aptos a chegar à Fórmula 1. Tanto que Renault, Mercedes e Toyota colocaram alguns dos principais nomes de seus programas de treinamento de pilotos neste torneio, pois ali eles encontrarão um ambiente muito similar ao da categoria principal: alta competitividade, fábricas envolvidas, possibilidade de desenvolver os carros, interação com engenheiros de fábrica experientes, tecnologia especializada e muito interesse da imprensa automobilística.
Uma dessas promessas é o brasileiro Lucas Di Grassi, um dos poucos pilotos (apenas cinco) que integram o prestigiado Renault Driver Development Program (RDD), a iniciativa da equipe de Fórmula 1 da fábrica francesa que visa levar jovens talentos para a categoria principal. Di Grassi é destaque não apenas por ter sido escolhido entre milhares de aspirantes em todo o mundo, mas também por ter dominado os treinos oficiais realizados pela categoria no circuito de Hockenheim. Competindo com um Dallara/Mercedes da equipe Manor Motorsport, Lucas ficou com o melhor tempo no segundo dia de treinos. Outro brasileiro que participa de um programa oficial de fábrica é Átila Abreu, apoiado pela Mercedes.
Segundo a organização, a temporada deste ano contará com 23 carros, todos da mesma categoria – Campeonatos de renome como o Inglês costumam ter mais de 20 carros, mas em alguns casos metade deles é de uma categoria inferior, com pilotos ainda em aprendizado e carros desatualizados. Entre os nomes promissores do grid ainda se destacam o japonês Korei Hirate, da equipe pertencente ao campeão mundial de Fórmula 1 Keke Rosberg. Aos 19 anos e atual vice-campeão italiano de Fórmula Renault, Hirate integra o programa de desenvolvimento de pilotos da Toyota e é uma espécie de queridinho do Japão, visto como sua maior aposta de ter um campeão mundial de F-1.
O programa da Toyota conta ainda com o francês Frank Perera que, ao lado do inglês Lewis Hamilton, figura como grande esperança de manter o título da categoria na Europa. Hamilton tem a carreira administrada por Ron Dennis, chefão da McLaren de F-1, e se provar o que muitos pensam dele pode integrar a ex-equipe de Ayrton Senna no futuro.
O brasileiro Átila Abreu tem como parceiro no programa da Mercedes seu maior rival no Campeonato de Fórmula BMW, o alemão Sebastian Vetel, que foi campeão da categoria – Átila foi vice. Outro nome forte apoiado pela marca alemã é o escocês Paul Di Resta, considerado por muitos como uma grande revelação britânica com capacidade de seguir os passos de David Coulthard e Jenson Button. Di Resta ganhou no ano passado o Autosport Award, premiação tradicional e prestigiosa concedida pela principal revista de automobilismo do mundo ao maior talento britânico da temporada. Com a carreira administrada pelo primo e piloto Dario Franchitti, Di Resta tem parte de sua temporada financiada pelo British Racing Drivers Club, entidade capitaneada pelo tricampeão Jackie Stewart que visa apoiar novos talentos que podem manter a tradição britânica no esporte.
Completando a lista dos pilotos com apoio de fábrica está o francês Loïc Duval, que integra o RDD ao lado de Lucas Di Grassi e fará seu segundo ano na F-3 Européia. Ainda deve-se destacar o inglês James Rossiter (terceiro colocado no Campeonato Inglês de F-3 em 2004, já em seu ano de estréia) e o argentino Steban Guerrieri, que mostrou serviço nos treinos oficiais e compete pela equipe bancada pela Midland, time que deve estrear na Fórmula 1 em 2006.
O envolvimento das fábricas não se restringe a apoiar pilotos com potencial de chegar à F-1. É necessário um grande investimento para desenvolver motores de Fórmula 3, mas isso não impediu Mercedes, Opel, Honda e Toyota de apostarem forte no Campeonato Europeu. Equipes e pilotos contam com assessoria de engenheiros das fábricas diretamente na pista e o desenvolvimento é constante. Entre os chassis, destaca-se o italiano Dallara, provavelmente a mais bem sucedida fábrica de carros de F-3 da história. Praticamente imbatível em todo o mundo, a Dallara tem neste ano a concorrência dos franceses Mygale e SLC, este último em desenvolvimento pelo piloto brasileiro Fábio Carbone, que compete pela equipe Signature.
A programação deste fim de semana em Hockenheim será assim: sexta-feira, uma sessão de treinos livres e as tomadas de tempo para a corrida do domingo; sábado, tomadas de tempo para a corrida que será realizada neste mesmo dia. Domingo, segunda corrida da programação. As duas provas terão aproximadamente 80 quilômetros de distância, em um circuito de 4,574 quilômetros.