Principal decisão da rodada dupla de encerramento do Campeonato Europeu de Fórmula 3, a disputa pelo terceiro lugar acabou tendo um final dramático no circuito alemão de Hockenheim, neste domingo, quando foi disputada a última das duas corridas que compuseram a programação. Na confusão da largada, o brasileiro Átila Abreu acabou tocando no carro do também paulista Lucas Di Grassi, que teve a suspensão traseira entortada. Lucas, que brigava com o francês Franck Perera pela terceira colocação no torneio, rodou, mas tentou continuar na prova. Na oitava volta, porém, a suspensão quebrou de vez, obrigando Di Grassi a abandonar a corrida.
As atenções então voltaram-se para o piloto francês da equipe italiana Prema Powerteam, que largara em 11º e já havia se beneficiado do abandono de Lucas e Átila. As 11 voltas finais foram de muita tensão para o brasileiro Di Grassi e sua equipe, a inglesa Manor Motorsport. “Não havia o que fazer”, lembra Lucas, que tem apoio do programa de desenvolvimento de pilotos da equipe Renault de Fórmula 1. “Fiquei torcendo, de olho no monitor de tempos. No final, o Perera estava em quinto e, comigo fora, precisava chegar em terceiro para ficar com o terceiro lugar no Campeonato. Como em corrida tudo pode acontecer, só fiquei tranqüilo quando deram a bandeirada final. Foi uma grande alegria, e um alívio também”.
A vitória na corrida coube novamente ao inglês Lewis Hamilton, frisando o inédito e surpreendente domínio imposto pela equipe francesa ASM em uma temporada do sempre competitivo Campeonato Europeu, o mais importante da atualidade: em 20 corridas, Lewis e seu parceiro Adrian Sutil (Alemanha) venceram nada menos que 17, fazendo ainda várias dobradinhas. Lewis foi campeão, com Sutil conquistando o vice e dando-se inclusive ao luxo de não disputar a última rodada dupla para participar da etapa portuguesa da A1 GP. Atrás da dupla da ASM, houve o que os especialistas da categoria classificaram de outro campeonato, com muitas disputas acirradas, alternância de posição e diversos acidentes causados justamente pelo fato de os carros andarem sempre muitos juntos.
Di Grassi chegou a Hockenheim ocupando a terceira posição. Mas na primeira metade da temporada ele esteve longe desta colocação. “Nossa equipe começou o ano animada, mas logo sentimos a enorme distância que tínhamos para outros times, especialmente a ASM e a Signature”, lembra o brasileiro. “Aos poucos, conseguimos melhorar o carro e, embora a ASM fosse um objetivo inatingível, conseguimos nos colocar como uma força entre os times que brigavam pelo terceiro lugar, uma meta que passou a ser bastante factível nas últimas duas ou três rodadas duplas”.
Lucas agora vai mergulhar em uma fase de negociações para a temporada 2006. Apesar de 2005 ter sido sua primeira temporada na F-3 Européia, ele não pretende competir novamente na categoria, condição que o colocaria como favorito – uma opção escolhida, por exemplo, pelo campeão Hamilton e o vice Sutil, que fizeram sua segunda temporada em 2005, valendo-se do bom conhecimento do carro e dos circuitos europeus. Segundo Lucas, seu caminho natural seria a GP2: “Tudo vai depender dos planos que a Renault F1 tem para mim”, diz Di Grassi, que recentemente testou o carro de Fernando Alonso para o time francês. “São eles quem manda. Eu apenas giro o volante e acelero”, brinca Lucas Di Grassi.