Uma temporada que promete

Em duas rodadas duplas realizadas até agora, o Campeonato Inglês de Fórmula 3 já realizou uma façanha invejável mesmo para a categoria que o inspira, a Fórmula 1: em todas as quatro tomadas de tempo disputadas (duas por rodada), os quinze pilotos melhor classificados estiveram separados por apenas um segundo. Muito mais do que o já notável fato de seus protagonistas andarem em um ritmo tão competitivo, chama a atenção a constante repetição deste feito. Sem dúvida, este é um dos torneios mais competitivos da longa história deste torneio, iniciada oficialmente em 1966. Em 2004, o Brasil é representado por três jovens promissores: Lucas Di Grassi, Nelsinho Piquet e Danilo Dirani. Neste fim de semana, o torneio volta à pista para a realização da terceira rodada dupla, no tradicional circuito de Croft, no norte da Inglaterra. As provas serão válidas pela quinta e sexta etapas de uma temporada de 24 corridas.

Além da excelente qualidade do grid de 2004, a Fórmula 3 Inglesa também tem recebido uma “ajuda extra” para tornar suas provas simplesmente imprevisíveis: típica desta época do ano na Inglaterra, a chuva transformou algumas provas em verdadeiras loterias. “Nestas condições, quem está na liderança tem pista limpa”, observa Lucas Di Grassi, que compete pela equipe Hitech e tem apoio da Renault. “Mas, em alguns momentos, o restante dos pilotos tem visibilidade praticamente zero”, continua o brasileiro de apenas 19 anos, dono de uma carreira repleta de títulos desde os tempos do kart.

A combinação destes fatores resultou em três vencedores diferentes nas corridas que foram realizadas até agora – duas em Donington Park e apenas uma em Silverstone, que teve uma das provas de sua rodada dupla cancelada justamente por causa da forte chuva. As vitórias foram obtidas pelos ingleses Adam Carroll e James Rossiter e pelo monegasco Clivio Piccione. Mas a liderança do torneio é do brasileiro Nelsinho Piquet. O filho do tricampeão de F-1 soma dois segundos e um terceiro lugar, totalizando 44 pontos.

Atual vice-campeão sul-americano de F-3 e novato na Inglaterra, Di Grassi levou batidas involuntárias de concorrentes em duas corridas e teve um problema mecânico (travamento da embreagem) em outra prova. Mas encara tudo isso como uma espécie de batismo de fogo na categoria: “Este campeonato é tão difícil que muita gente considera que qualquer piloto deve disputá-lo pelo menos por dois anos”, explica o brasileiro. “Na primeira temporada, o piloto aprende os circuitos e assimila diferenças técnicas em relação a outros torneios (como as características dos pneus ingleses Avon e o curtíssimo tempo de duração das provas, em torno de 25 minutos). Só no segundo ano pode-se pensar em título. Mas, sabe como é cabeça de piloto, a gente sempre quer ganhar. Ninguém entra na pista conformado em andar atrás”, completa Lucas Di Grassi.