A exatos 30 dias da abertura da temporada 2022 da FIA F3, Caio Collet, único piloto brasileiro confirmado no grid, sabe que tem pela frente um ano decisivo em sua carreira.
Após ter sido anunciado para mais um ano como integrante do programa de desenvolvimento de talentos da Alpine e de contrato renovado com a equipe MP, o paulista de 19 anos de idade tem como meta “brigar pelo top3 no campeonato e, consequentemente, disputar tanto o título de pilotos quanto o de equipes”.
Repertório não falta.
Campeão da F4 Francesa em 2018, vice-campeão da F-Renault Eurocup em 2020 e nono colocado na FIA F3 em 2021 em meio a um grid de 30 pilotos, Collet já se sente absolutamente adaptado às exigências da categoria.
Em entrevista coletiva organizada pela Renault à mídia brasileira no dia dos anúncios da renovação com Alpine e MP, Caio analisou durante mais de meia hora a temporada e os desafios que tem pela frente a partir da abertura do campeonato em 17 de março no Bahrein.
Planos para 2022 e a rivalidade com Victor Martins
“Encaro a temporada como um mata-mata. Tive um bom ano em 2021, especialmente a segunda metade. Tivemos alguns azares, mas a performance estava lá e isso foi considerado no processo de renovação. O objetivo é o mesmo para os dois: ganhar o título. Acredito que isso será possível com a MP, pois a equipe trouxe dois novos engenheiros para os seus programas de F2 e F3, então deram uma boa estruturada para 2022”
Permanência e novos desafios na Alpine Academy
“A decisão de continuar por mais um ano mostra que eles têm confiança em mim e em todo meu estafe. E mostra também que precisaremos de bons resultados para continuar dando sequência.
Esse ano o programa aumentou, inclusive com mais dias no simulador. Terei mais oportunidades para acompanhar de perto o programa da F1 inclusive. Cada passo para frente vem com mais informações, para o piloto se desenvolver e chegar sempre bem preparado nas próximas fases da carreira”
Análise da temporada 2021 e entrosamento com a MP
“Tivemos um fim de temporada muito forte. Nas últimas oito corridas, fui cinco vezes para o top5. Essa consistência entre os cinco melhores deu confiança para mim e para o time. Eles já entendem o que eu preciso e como eu gosto do carro. Isso tudo ajuda bastante, além logicamente da boa convivência. É muito positivo chegar à pista e estar no ambiente que me deixa feliz.”
Pista favorita
“No ano passado não andamos lá por causa do calendário. Silverstone é uma das minhas pistas prediletas e estou animado em correr lá”
A equipe MP em 2022
“A MP certamente vai ter totais condições de brigar pelo top3 e, consequentemente, pelos títulos, tanto de pilotos quanto de equipe. Eu vou para o segundo ano, o russo Alex Smolyar vai para seu terceiro ano na F3 e teremos ainda um companheiro com experiência em protótipos.”
Adaptação à F3
“Na F3 o piloto passa muito mais tempo fora do carro que dentro. Então o processo todo antes da etapa é uma das coisas mais importantes. Foi um aspecto em que melhorei muito durante o ano passado inclusive. É preciso saber com precisão, desde a segunda-feira da semana da corrida, aquilo que vamos fazer em cada sessão de treino. Assim tem como tirar o máximo do carro, trabalhar bem os pneus na hora da classificação e conseguir alguns diferenciais que podem te jogar para frente durante um fim de semana de corrida”
Análise de dados
“Antes do fim de semana já começamos os estudos do ano passado. Onde fomos bem, onde deu errado e especialmente por quê. Assim é possível ter uma base para assimilar o comportamento do carro nas mais diferentes condições de pressão e temperatura.
Aí tem as avaliações na pista, entre os treinos e classificação. Cada volta realizada é objeto de análise e, quanto mais o piloto vai subindo na carreira, mais sensores tem à disposição nos carros. Isso vai ajudando muito ao longo do ano e toma bastante tempo também. No ano passado por exemplo, mesmo correndo em eventos junto com a F1, eu pouco via os carros ao vivo pois estava quase sempre junto com os engenheiros decupando as informações da telemetria”
F2 e F3 nos mesmos fins de semana
“É uma novidade desta temporada e acho que será positivo. Ano passado, ainda pelo impacto da pandemia, as categorias corriam calendários separados.
Acredito que F2 e F3 nos mesmos fins de semana é algo positivo para equipes e pilotos. Os times da F2 podem ficar de olho mais atento ao que estão fazendo os pilotos da F3, não apenas na pista mas todo o trabalho fora também. E, da mesma maneira, os pilotos da F3 conseguem em certa medida acompanhar mais de perto aquilo que as equipes da F2 estão fazendo.
Além disso, F2 e F3 juntas ajudam também a estrutura de engenharia das equipes e favorecem trocas de informações entre os programas.”
Teste de F1
“Em princípio não está previsto teste de F1 no programa deste ano. Mas o chefe da Academia nos falou que, dependendo do resultado mostrado na pista, poderemos ter um teste de F1 como bônus. Será fantástico se acontecer, pois mostrará que estamos cumprindo todas as metas.”