Confira o bate-papo com Gabriel Bortoleto, o campeão da Fórmula 2

Piloto contratado para a Sauber na F1 em 2025, Gabriel Bortoleto conquistou o título da Fórmula 2 neste domingo (8) em Abu Dhabi, justamente em sua temporada de estreia na categoria, repetindo o feito que já havia conseguido na Fórmula 3 em 2023.

Com o segundo lugar em Yas Marina, Bortoleto chegou aos 214.5, terminando o campeonato com 22,5 pontos na frente de Isack Hadjar. Após o final da prova, o F1MANIA.NET pode conversar com Bortoleto e conferir a emoção do brasileiro pelo título.

Como é ser campeão da F2?

Gabriel Bortoleto – “É o melhor sentimento no mundo. Eu não consigo explicar o que estou sentindo agora, tanta adrenalina, tanta felicidade. Todo mundo que está aqui para torcer por mim, toda minha família, meus patrocinadores e todos no Brasil nos assistindo hoje, lá eram seis da manhã, e eu devolvi a eles a felicidade nas manhãs de domingo. É um sonho para mim. Poder conquistar a F2 seguidamente da F3 como novato. Para mim, é incrível. Eu não estou conseguindo raciocinar agora, acho que estou em outro planeta”.

Você estava um pouco preocupado com o Hadjar ali no final. O que aconteceu?

GB: “Para ser honesto, eu estava tão focado em vencer a corrida, que eu não entendi… nas últimas voltas perguntei para o meu engenheiro: ‘Onde está o Isack [Hadjar]?’. Eu não sei por que eu perguntei isto. Eu estava em outro nível, algo estranho acontecendo, eu não sabia se o Isack estava na corrida ou não. Eu só estava focado em conquistar a vitória, indo atrás do Joshua [Durksen]. Nós quase chegamos nele, mas parabéns Joshua pela vitória! Eu estou super feliz por conquistar o título”.

Qual a sensação de ter vencido campeonatos consecutivos e o que esperar daqui pra frente na sua carreira?

GB: “É difícil explicar agora, pois estou sentindo uma coisa tão diferente. É incrível. Eu não poderia pedir por mais. Quando você pensa na carreira dos sonhos antes de chegar na Fórmula 1, eu alcancei tudo o que sonhava. Eu venci a F3 na temporada de estreia. Eu venci a F2 na temporada de estreia. E tenho um contrato para o próximo ano (na F1). Para mim, é o melhor sentimento que existe. Estou super orgulhoso. Muito obrigado a todos que me apoiaram neste ano: Invicta, McLaren, todo mundo, cada um que estava dentro ou fora da pista me ajudando, me apoiando. Eu sou uma parte deste negócio, sabe, mas não todo. Sou uma parte desta conquista”.

“Muita gente desconfiou que eu não ia conseguir quando eu estava na FRECA. Agora ganhei a F3 e a F2 seguidas, então isto mostra que o brasileiro nunca desiste, tem muita resiliência. Isso mostra que a gente é um povo que supera qualquer barreira. Então obrigado a todo mundo que me ajuda, me apoia nas redes sociais, quando me veem pessoalmente. Este título é para vocês, mais para vocês do que para mim mesmo. Isto mostra o quanto o Brasil é forte e eu vou voltar a representar vocês na Fórmula 1!”

Você se junta a um ilustre clube de pilotos que venceram a Fórmula 3/GP3 e a Fórmula 2 em temporadas consecutivas como novato: Charles Leclerc, George Russell, Oscar Piastri e agora Gabriel Bortoleto, o que significa para você entrar nessa lista?

GB: “Eles são vencedores de corridas de Fórmula 1, então para mim é um privilégio estar perto desses nomes. Eles são pilotos pelos quais sempre me inspirei quando os via correndo na base e eles estavam ganhando tudo, dominando os campeonatos como novatos, surpreendendo suas equipes de F1, conseguindo suas vagas na F1, crescendo, vencendo corridas na F1. E essa é obviamente uma das minhas metas – representar meu país na F1 e vencer corridas e, espero, campeonatos lá um dia. Então, é incrível estar perto desses nomes e ser uma das poucas pessoas que conseguiram isso”.

Qual a sensação de levar esse título para o Brasil?

GB: “Estou muito feliz. Que sonho representar meu País. Levar dois anos consecutivos a gente para o topo do pódio. Campeões da F3 e da F2. Realmente um sonho que não tinha como terminar melhor. E agora ir para Fórmula 1 e fazer bem lá também”.

Como foi o momento em que você parou o seu carro e a comemoração com todos pelo título. A sua ficha já caiu?

GB: “Eu saí realmente comemorando muito ali do carro, mas ainda não caiu a ficha. Eu acho que eu estou com tanta adrenalina nesse momento que eu não estou entendendo tudo o que está acontecendo. Tudo o que a gente acabou de conquistar. Eu preciso dormir acima de tudo. Se eu deitar nesse chão aqui eu capoto. Eu preciso descansar porque minha cabeça está a milhão e tanta coisa acontecendo. Tanta expectativa para esse título, tanta gente me apoiando e me ajudando que eu preciso descansar um pouco e quando eu acordar eu acho que vou entender melhor o que a gente acabou de conquistar. Mas eu só tenho a agradecer porque o Brasil inteiro me apoiou nessa. Era incrível ver o apoio nas redes sociais, o tanto de gente que veio do Brasil pra acompanhar esse título de perto. Só tenho a agradecer, eu amo vocês e eu vou representar vocês bem se Deus quiser também na Fórmula 1.

Você entregou para a Invicta Racing seu primeiro Campeonato de Pilotos, como você encontrou o ambiente dentro da equipe e qual você acha que é a chave para o sucesso da Invicta nesta temporada?

GB: Bem, acho que passamos por muita coisa, tivemos muitos altos e baixos nesta temporada. E quando você tem esses baixos, quando está trabalhando tanto com a equipe, às vezes você até se cansa de ver a cara um do outro. Houve momentos como este nesta temporada que foram muito difíceis, que foram muito exigentes de ambos os lados, do meu lado também, do lado deles, mas sempre buscamos apenas um objetivo e esse era vencer este Campeonato, fazer o melhor que podíamos corrida por corrida, progredindo a cada fim de semana que tínhamos na pista e fizemos isso da melhor maneira. Também é ótimo que eu tenha conseguido dar a eles o primeiro Campeonato de Pilotos que eles já tiveram. Eles já tinham alguns Campeonatos de Equipes antes, mas finalmente eu consegui dar a eles o primeiro Campeonato de Pilotos. Foi uma grande aposta para eles porque quando me contrataram, eu nem era campeão de F3 ainda. Eu ainda estava na minha temporada de F3, liderando em Silverstone, foi uma aposta para eles naquele momento – apostar que um piloto novato poderia ganhar um campeonato, e posso dizer que entreguei o que eles me pediram. Estou muito orgulhoso disso”.

Você está deixando a F2 recebendo muito apoio de um modo geral. Além do resultado esportivo estelar, o que você vai levar contigo disso tudo?

GB: Bem, desta temporada eu posso dizer, nunca desista, continue acelerando e seja um líder, não deixe as pessoas ao seu redor te derrubarem. Você precisa que eles sejam positivos, eles precisam te puxar para cima, não para baixo, e eu acho que foi isso que eu mais aprendi esse ano porque nos meus momentos difíceis no começo da temporada, eu tinha todos na minha família, a equipe, minha namorada, que também está aqui, os patrocinadores, a Federação, todos, todos no Brasil, os fãs me apoiando, ‘não fique para baixo Gabriel, continue se esforçando. Você consegue, você pode vencer.’ E eu acho que foi isso que eu mais aprendi. Você precisa estar cercado de pessoas boas que podem te ajudar a realizar seus sonhos e espero poder trazer isso para a equipe no ano que vem e desenvolvê-los porque sabemos que essa é uma equipe que está passando por um novo projeto agora com a Audi. Então, nós precisaremos desenvolver muitas coisas e espero que eu possa ser um ótimo – eu não acho que líder seja a palavra certa porque eu sou um novato, mas junto com Nico (Hulkenberg), nós esperamos poder fazer um trabalho muito bom e alcançar muitas coisas com a Audi no futuro”.

O F1MANIA.NET acompanha o GP de Abu Dhabi ‘in loco’ com o jornalista Rodrigo França.



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