F2, F3 e F4: categorias de base preocupam em meio à crise do coronavírus

O fã de automobilismo acaba tendo sua atenção voltada especialmente para as grandes categorias. Todos acompanham com ansiedade e possibilidade de termos as corridas de volta, mesmo que seja em portões fechados. Entretanto, cabe questionar: e as categorias de base?

Em sua grande maioria, estes campeonatos estão atrelados a estes maiores, para otimizar custos e tempo. Desta forma, acabam vinculados a decisões tomadas “de cima” para ver quais são as ações a tomar.

Os calendários estão em constante avaliação. E temos situações bastante diversas. Até agora, onde parece mais provável a possibilidade de alguma atividade voltando é na China, onde a pandemia teve início. O começo da temporada da F4 está previsto para 24 de maio. No Japão, onde tivemos testes da Super Fórmula (com a participação de Sergio Sette Câmara) em março, a temporada tem previsão de começar em junho, a mesma para a F3.

A Europa segue na dúvida. Esta semana, a Inglaterra anunciou o início da temporada da F4 em julho. A F3 Regional tem prova marcada para Vallelunga (Itália) em 14 de junho, mas esta depende da retomada das atividades. A Renault Eurocup ainda não soltou seu calendário revisado, mas corridas como Silverstone (10 a 12/05), Monaco (23 a 26/05) e Paul Ricard (31 a 02/06) soam como totalmente improváveis a esta altura. Itália, França e Alemanha ainda não se posicionaram.

As F2 e F3, não se ouve nada sobre. Como são provas que estão atreladas à F1, dependem de um posicionamento do calendário da “nave-mãe” para ver o que acontece. Cabe lembrar que estiveram no Bahrein no início da crise e vários pilotos acabaram “presos” por quarentena. A F1 fala em fazer corridas em portões fechados e com pessoal reduzido. Nessa conta entra as categorias de base? É algo que não está claro até o momento.

Diante da indefinição, a vida segue: o que mais temos visto são os pilotos trabalhando nos simuladores, participando das mais diversas formas de competições, e tentando manter a atividade física, bem como trabalhar os aspectos mentais para estar preparados.

Só que há um problema grave: do que adianta pilotos estarem preparados se as equipes poderão quebrar? Se a F1 fala em redução de orçamento, apoio do governo para pagar salários e até ajuda dos organizadores com adiantamentos, o que pensar para as menores?

Para uma ideia da situação, Trevor Carlin, dono da equipe de seu sobrenome e que tem um escopo de atuação que vai da Fórmula Indy até o Europeu de Protótipos, incluindo várias categorias de base, avisa que muitos times não sobreviverão à pandemia. Ele mesmo se demonstrava como exemplo: em março, começaria a rever pagamentos e reavaliaria o seu programa para 2020.

Boa parte dos times das principais categorias de base estão na Europa e encontram-se com capacidade quase zero de trabalho graças aos fechamentos decretados pelos governos locais.  Sem corridas, muitos pagamentos não estão sendo feitos ou postergados. Por este motivo, não se pode afastar a concretização do que Carlin falou. Poderemos ver categorias com caras e times diferentes quando tudo recomeçar. Ou até mesmo categorias em situação de repensar a sua continuidade.

No caso brasileiro, isso acaba por abrir uma preocupação: 2020 tem uma linha muito promissora para alinhar e esta evolução pode ser prejudicada por conta das indefinições no cenário. E como nós fãs, só resta aguardar para ver quais são os ventos que virão à frente.

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