Pilotos alertam para favorecimento à BMW na equalização da GT3

Por André Spigariol

Após a vitória de Marcelo Hahn e Allam Khodair na primeira corrida do fim de semana decisivo do Brasileiro de GT neste sábado (15) em Interlagos (São Paulo), as três duplas melhores classificadas alertaram para o desequilíbrio em favor da BMW. Segundo os pilotos, os carros de Cacá Bueno/Cláudio Dahruj e Valdeno Brito/Constantino Jr. foram beneficiados por uma mudança de última hora na equalização dos carros. O protesto foi feito por Paulo Bonifácio e reiterado por Marcelo Hahn, Sérgio Jimenez e Cláudio Ricci.

“Vai aqui o protesto. Os carros eram FIA, e a Mercedes continua sendo FIA. Ela pesa os mesmos 1.340 kg, com os 30 kg de lastro, 1.370. A BMW não fez um trabalho direito e tomaram pau o ano inteiro”, disse Boni com veemência. “A Comissão Técnica acertadamente liberou o carro. Precisava liberar um pouco, pelos resultados. Só que [fez isso] de uma forma abrupta e fez isso em duas etapas. [A Comissão Técnica] tirou 60 kg e tirou todo o restritor do carro. Aí o carro acendeu. Nesta semana aqui, mandaram o combustível para a Europa e viram que o combustível tinha 26% de etanol. Remapearam o carro e o carro ganhou quase trinta cavalos aí”, explanou o piloto da Mercedes Benz SLS #22.

“Então nós corremos hoje sim, neste fim de semana, com um carro FIA, que é o nosso, e com um carro que não é FIA, [a BMW], um carro que tem muito mais potência e com 60 kg a menos. É disso que a gente não gosta, porque a gente vem para competir aqui de igual para igual. Trouxemos nosso carro, FIA desde o início, fizemos 17 corridas; ganhamos sete, fizemos seis segundos lugares, fizemos dois terceiros e quebramos com um quinto e um sexto. Está errado o regulamento. Eu protesto aqui e queria que vocês anotassem isso”, protestou em frente aos jornalistas, na coletiva de imprensa.

Mesmo vencendo a prova, Marcelo Hahn também manifestou insatisfação com a situação. “A gente está com muita diferença para a BMW. O Allam está pilotando muito, então acho que isso fez a diferença para a gente a não ficar para trás. As BMW estão bem superiores, acredito que a equalização não está correta. Fica aqui o meu protesto, mesmo ganhando: tá errado isso aí que está acontecendo”, enfatizou.

Para Cláudio Ricci, terceiro colocado na corrida de hoje, a BMW recebeu uma “ajudinha” da Comissão GT, órgão responsável pela equalização dos carros. “De uma certa forma, isso acabou penalizando a gente, que vem fazendo um bom trabalho, para quem não fez, com a Comissão dando uma ajudinha”, disse. O piloto gaúcho ainda ponderou: “se a gente ver os resultados da BMW, com todos os drive through que levaram no ano, desclassificação, essas coisas aí, eles podiam estar folgados, mesmo sem essa liberação que foi dada a eles”.

Na coletiva, Sérgio Jimenez disse que, caso a prova tivesse sido sobre pista seca, a BMW teria dominado. “As BMW estão muito fortes. Em termos de equalização precisaria dar uma olhada. Acho que se fosse no seco eles iam passear”.

Em entrevista exclusiva à F1Mania.net, Jimenez esclareceu o ocorrido e pediu maior união da organização do campeonato para tomar decisões e chegar a um consenso entre as equipes.

“Acho que o ano passado foi um dos melhores anos da GT exatamente por terem chegado a um consenso de equalização. Você viu o final do campeonato que foi, quando chegou até a nossa Mercedes. Foi um final de campeonato excelente pra todo mundo. Com todo mundo disputando e muito próximo. Esse ano eu acho que começou certo, muito certo, com a equalização FIA. Ninguém melhor no mundo inteiro do que a FIA para dizer como devem ser os carros. Todo mundo aceitou e estava sendo desse jeito”, contou.

“Quando chegou na etapa do Rio de Janeiro resolveram trocar isso: tirar a equialização FIA e fazer a equalização do Brasil. O problema foi que acabaram fazendo mudanças e avisando o pessoal muito em cima da hora que foram feitas essas mudanças e não comunicando ninguém. Como o Boni comentou, a BMW estava com um carro que realmente não estava bom. Eles vieram fazendo o certo: tirando peso e o restritor aumentando. Só que depois disso, eles estavam talvez trabalhando de uma forma errada. E quando receberam o mapa novo aqui em Interlagos, com um carro que é muito leve e com um restritor que é grande [que aumenta a performance] ficou desproporcional.”, explicou o piloto, que já correu em campeonatos internacionais da modalidade, como o FIA GT1

“Acho que tinha que ter sido comunicado [às equipes] e feito uma reunião antes ou, se foi feita uma reunião, ter avisado a todos nós. Pelo que a equipe me fala, nunca foi comunicada antes. Todos ficaram sabendo da mudança por meio de ‘bochicho’. Faltou mais união e todo mundo sentar para decidir as coisas”, testemunhou o companheiro de Boni.

“Acredito que o que falta é uma união para todo mundo conseguir chegar a um consenso e talvez a melhor forma seja fazer um [regulamento] FIA e, se tiver necessidade, uma modificação outra ali, por causa das nossas pistas que são um pouco diferentes das da Europa. Aí o campeonato vai ficar excelente. Não tem porque não ter um campeonato maravilhoso e ficar com essa disputa que eu acho burra. Todo mundo tem que chegar a um consenso para ter um campeonato maravilhoso”, criticou Jimenez.

A F1Mania.net procurou a assessoria de imprensa da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) e também da SRO Latin-America, promotora e organizadora do evento, que não tinha informações a respeito de uma posição oficial da entidade. A assessoria do BMW Team Brazil também foi procurada, mas não tampouco tinha informações.