De olho no futuro dentro das pistas e em fase de preparação para o Campeonato Brasileiro de Motocross que começa nos dia 6 de março, o piloto Lucas Moraes, de apenas 15 anos, está disputando o “Winter AM” na Flórida, nos Estados Unidos. A competição em pleno inverno pode ser considerada a porta de entrada para o campeonato profissional norte-americano, já que atrai a atenção dos ‘olheiros’ dos maiores patrocinadores do esporte no mundo – as fábricas de motos. Eles estão sempre atentos ao surgimento de novos talentos.
Lucas, da equipe Dunas Race, empresa organizadora do Rally dos Sertões, está correndo pela primeira vez nos Estados Unidos, mas vem fazendo sucesso e levando o nome do Brasil ao lugar mais alto do pódio no templo do motocross mundial. No final de semana passado, na cidade de Okeechobee, ele fez quatro corridas: duas na categoria 125 C, com 40 motos, e duas na categoria de 13 a 15 anos com 33 motos (onde estão os pilotos de fábrica). Enfrentando 39 adversários, Lucas ficou em segundo na primeira bateria e depois foi primeiro na outra corrida. Na soma dos resultados, o brasileiro terminou como campeão.
Na categoria de 13 a 15 anos, bastante disputada e concorrida devido ao alto nível dos pilotos, também no sábado e no domingo, Lucas Moraes fez um oitavo lugar e depois um sétimo. “O período de ansiedade por correr nos Estados Unidos já passou e agora estou mais tranqüilo. Venho conseguindo melhorar os resultados a cada corrida. Na disputa da categoria de 13 a 15 anos cheguei até brigar pela sexta posição, mas estava difícil. Os equipamentos dos adversários são superiores, como motor e suspensão”, contou Lucas Moraes, ressaltando que a pista em Okeechobee era de areia (no Brasil, a grande maioria das pistas é de terra).
Vivendo e aprendendo – Uma nova “ferramenta” tem sido usada pela equipe que acompanha Lucas Moraes nos Estados Unidos: a vassoura. O “gate”, local onde os pilotos alinham as motos para a largada, tem chão de concreto que, com a areia, fica bastante liso. “Quando uma moto sai ela espalha areia e o piso fica escorregadio, prejudicando a aderência dos pneus. A única opção é varrer o local quando chega a sua vez de largar”, afirmou Lucas. Ele continuará os treinos nesta semana e depois viaja para Gainsville, ao norte da Flórida, local da penúltima etapa do Winter AM. Lucas não vai participar da última etapa porque precisará voltar ao Brasil devido ao início das aulas.
Profissionalização – A temporada de inverno de motocross é dividida em cinco etapas, disputadas nos fins de semana, e Lucas Moraes vai participar de três delas ao todo. A estréia do jovem piloto na competição ocorreu nos dias 15 e 16, em Waldo, ao Norte de Orlando. Ele largou em duas categorias: 125cc C e 125cc de 13 a 15 anos (pilotos que já estão sendo “analisados” pelas fábricas; nos EUA a profissionalização só ocorre depois dos 16 anos).
No primeiro dia Lucas correu com outros 33 pilotos com idade até 15 anos e terminou na 13a colocação, mesmo tendo sofrido uma queda. Na outra categoria alinharam 40 pilotos e o brasileiro obteve o sexto lugar. No domingo Lucas foi desclassificado por ter saltado enquanto a bandeira amarela estava sendo agitada, e na categoria até 15 anos ficou em 11o . As provas do Winter AM são disputadas em ritmo intenso, com 26 baterias, cada uma com apenas cinco voltas, o que obriga os pilotos a acelerarem forte desde a largada até a bandeirada final.
Novidade – A competição norte-americana possui algumas características próprias e os pilotos encontram apenas o básico para poder mostrar o que sabem. Os organizadores disponibilizam a equipe médica e cronometragem, que é feita manualmente e depois digitada em computador. Pórticos e placa de propaganda não existem. Outra característica é a distribuição do resultado: cada piloto pode ter uma cópia, mas deve desembolsar US$ 1,00 pela folha.